4 maio 2015, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)
A China, além de estar a consolidar a sua posição como grande comprador
do petróleo angolano e de se assumir como mercado de destino do gás natural de
Moçambique, está a surgir como financiador cada vez mais importante de ambos os
países.
Os dados oficiais mais recentes das exportações petrolíferas angolanas,
recentemente divulgados, indicam que a China comprou mais de
116 milhões de
barris de petróleo no ano passado, quatro vezes mais do que o segundo maior
consumidor, a Índia.
A Economist Intelligence Unit afirma que estes dados mostram a
“importância da relação com a China”, até por se tratar de um fornecimento
energético e por isso estratégico, a par de uma perda de importância das trocas
com os Estados Unidos, que compraram apenas 7 milhões de barris a Angola em
2014.
Os dados, indica a EIU, evidenciam também a “mudança para os mercados
asiáticos” como clientes de Angola.
Numa altura em que as autoridades angolanas se debatem com falta de
receitas devido à persistente baixa do preço do petróleo, que causou um rombo
de 14 mil milhões de dólares no Orçamento de Estado, os parceiros emergentes, e
em particular a China, assumem também cada vez mais importância enquanto
financiadores.
O mesmo foi evidenciado pelo ministro da Economia, Abraão Gourgel, em
entrevista recente ao Financial Times, em que apontou a China como um dos
parceiros preferenciais para novas linhas de financiamento, depois de a
Sonangol ter recentemente obtido um crédito de 2 mil milhões de dólares da
banca chinesa.
“Os principais objectivos da política externa de Angola serão a
consolidação das relações com parceiros estratégicos chave”, como Portugal e a
China, e “a diversificação do acesso ao financiamento internacional”, afirma a
EIU num dos mais recentes relatórios sobre a economia angolana.
“Angola vai continuar a aumentar as linhas de crédito e financiamento
disponibilizadas pelos seus parceiros, sobretudo China e Brasil”, a par de
tentar concretizar a emissão de dívida através de euro-obrigações (entre mil
milhões e dois mil milhões de dólares, adianta a mesma fonte.
O Financial Times noticiou recentemente que Angola iria obter um crédito
de 500 milhões de dólares do Banco Mundial, pela primeira vez, e que tem estado
a resistir à possibilidade de pedir financiamento ao Fundo Monetário
Internacional.
Enquanto ministro das Finanças, o actual governador do Banco Nacional de
Angola, José Pedro Morais, notabilizou-se por resistir ao envolvimento com o
FMI, preferindo estabelecer linhas de crédito de milhares de milhões de dólares
com a China e o Brasil, garantidas por exportações petrolíferas, que foram
aplicadas em projectos de infra-estruturas.
Dadas as actuais dificuldades da economia brasileira, a probabilidade de
o apoio vir daquele país é mais remota, pelo que a importância de Pequim como
fonte de financiamento é ainda maior.
Também no caso de Moçambique, os analistas esperam um reforço dos laços
com países emergentes, e em particular da China como fonte de liquidez.
“O investimento do Brasil, Índia, Austrália e China vai fortalecer os
laços com estes países”, e no caso chinês emerge também “um grande financiador
para o Estado moçambicano”, refere a EIU num dos seus mais recentes relatórios
sobre a economia moçambicana.
“As grandes reservas de gás vão atrair mais investidores estrangeiros,
especialmente entre os países asiáticos importadores de gás em grande escala”,
adiantam.
(Macauhub/AO/BR/CN/MZ)
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