quarta-feira, 6 de maio de 2015

China ganha importância como comprador e financiador de Angola e de Moçambique

4 maio 2015, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)

A China, além de estar a consolidar a sua posição como grande comprador do petróleo angolano e de se assumir como mercado de destino do gás natural de Moçambique, está a surgir como financiador cada vez mais importante de ambos os países.

Os dados oficiais mais recentes das exportações petrolíferas angolanas, recentemente divulgados, indicam que a China comprou mais de
116 milhões de barris de petróleo no ano passado, quatro vezes mais do que o segundo maior consumidor, a Índia.

A Economist Intelligence Unit afirma que estes dados mostram a “importância da relação com a China”, até por se tratar de um fornecimento energético e por isso estratégico, a par de uma perda de importância das trocas com os Estados Unidos, que compraram apenas 7 milhões de barris a Angola em 2014.

Os dados, indica a EIU, evidenciam também a “mudança para os mercados asiáticos” como clientes de Angola.

Numa altura em que as autoridades angolanas se debatem com falta de receitas devido à persistente baixa do preço do petróleo, que causou um rombo de 14 mil milhões de dólares no Orçamento de Estado, os parceiros emergentes, e em particular a China, assumem também cada vez mais importância enquanto financiadores.

O mesmo foi evidenciado pelo ministro da Economia, Abraão Gourgel, em entrevista recente ao Financial Times, em que apontou a China como um dos parceiros preferenciais para novas linhas de financiamento, depois de a Sonangol ter recentemente obtido um crédito de 2 mil milhões de dólares da banca chinesa.

“Os principais objectivos da política externa de Angola serão a consolidação das relações com parceiros estratégicos chave”, como Portugal e a China, e “a diversificação do acesso ao financiamento internacional”, afirma a EIU num dos mais recentes relatórios sobre a economia angolana.

“Angola vai continuar a aumentar as linhas de crédito e financiamento disponibilizadas pelos seus parceiros, sobretudo China e Brasil”, a par de tentar concretizar a emissão de dívida através de euro-obrigações (entre mil milhões e dois mil milhões de dólares, adianta a mesma fonte.

O Financial Times noticiou recentemente que Angola iria obter um crédito de 500 milhões de dólares do Banco Mundial, pela primeira vez, e que tem estado a resistir à possibilidade de pedir financiamento ao Fundo Monetário Internacional.

Enquanto ministro das Finanças, o actual governador do Banco Nacional de Angola, José Pedro Morais, notabilizou-se por resistir ao envolvimento com o FMI, preferindo estabelecer linhas de crédito de milhares de milhões de dólares com a China e o Brasil, garantidas por exportações petrolíferas, que foram aplicadas em projectos de infra-estruturas.

Dadas as actuais dificuldades da economia brasileira, a probabilidade de o apoio vir daquele país é mais remota, pelo que a importância de Pequim como fonte de financiamento é ainda maior.

Também no caso de Moçambique, os analistas esperam um reforço dos laços com países emergentes, e em particular da China como fonte de liquidez.

“O investimento do Brasil, Índia, Austrália e China vai fortalecer os laços com estes países”, e no caso chinês emerge também “um grande financiador para o Estado moçambicano”, refere a EIU num dos seus mais recentes relatórios sobre a economia moçambicana.

“As grandes reservas de gás vão atrair mais investidores estrangeiros, especialmente entre os países asiáticos importadores de gás em grande escala”, adiantam.

(Macauhub/AO/BR/CN/MZ) 


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