Você quer luzes sobre o significado da China como grande parceira, e não
as sombras que encontra na cobertura das corporações de mídia?
O mundialmente aclamado livro “Winner Take All” (O Vencedor fica com
Tudo), da economista zambiana Dambisa Moyo, é um ótimo caminho.
(A editora Objetiva adquiriu os direitos. Se não lançou ainda, deveria.)
O livro de Dambisa ajuda a entender
os movimentos chineses
Li o livro em 2012, quando foi lançado, e reli agora por conta dos
novos investimentos da China no Brasil.
Numa linguagem simples, jornalística, Dambisa dá ao leitor aquilo de que
ele precisa.
Mostra, em primeiro lugar, a lógica da
estratégia chinesa. Quando e por
que a China se lançou vorazmente à compra de recursos mundo afora, sobretudo
nos países mais pobres.
E conta também como os países em que a China mais investiu inicialmente,
na África, enxergam, passados anos, o papel chinês.
Pesquisas feitas por respeitados institutos como o americano Pew
demonstram que os africanos gostamdos parceiros
chineses.
Veem neles um sócio melhor e mais confiável do que os americanos.
Os chineses desenvolvem parcerias que Dambisa qualifica de
“simbióticas”. É o tipo de sociedade em que as duas partes precisam muito uma da outra.
Para a China, é vital se abastecer de recursos naturais que tendem a ser
perigosamente escassos no futuro.
E para os países que oferecem tais recursos à China falta dinheiro para
explorar adequadamente suas riquezas.
Ganha um, ganha o outro, ganham todos.
Adicionalmente, a China investe na infraestrutura dos países dos quais
compra recursos minerais, para facilitar o escoamento da mercadoria.
É exatamente isso que se viu, agora, nos acordos fechados com o Brasil.
Dambisa sublinha bem a diferença entre o estilo chinês e o estilo
ocidental de colocar dinheiro em nações em desenvolvimento.
Os ocidentais se intrometem e impõem condições muitas vezes terríveis.
(Os brasileiros têm memória das exigências do FMI, por exemplo.)
A China, não. Tudo que ela deseja está estampado nos negócios que fecha.
A política fica inteiramente de fora: cada sócio que cuide de suas coisas.
Nos países africanos, a China foi adiante como sócia. Para ganhar
corações e mentes, perdoou dívidas (o que o Brasil também fez, sob críticas
ferozes dos conservadores) e construiu na África escolas, hospitais e coisas do
gênero.
Este, enfim, é o jeito chinês de se relacionar com o mundo.
“Os chineses aparentemente aprenderam com os erros ocidentais e dão a
seus anfitriões exatamente aquilo que eles querem – dinheiro, estradas,
ferrovias – em troca de acesso a recursos naturais”, escreveu Dambisa em seu
livro. “Todos os envolvidos triunfam.”
Por tudo isso, é muito bom ver o Brasil fechar negócios bilionários com a China – a despeito
das vociferações dos desinformados ou mal-intencionados.
E muito bom não para Dilma ou o PT apenas —
mas para o Brasil.
Sobre o Autor: O jornalista
Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises
Diário do Centro do Mundo.
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