30 abril 2015, ADITAL Agência Frei Tito para a America Latina http://www.adital.com.br (Brasil)
Marcela Belchior
Uma reação repressora do Estado, por meio da violência
de policiais militares, ao legítimo direito de greve e de protesto de
professores estaduais do Estado do Paraná, sul do Brasil, deixou quase 200
pessoas feridas, sendo em torno de 20 policiais e 180 docentes, oito deles em
estado grave e todos servidores da Administração Pública. Eles protestavam havia
dois dias nas ruas da capital, Curitiba, contra uma série de medidas de arrocho
que a Assembleia Legislativa vem aprovando. O caso foi considerado um
verdadeiro massacre à democracia e aos direitos humanos.
Os professores estaduais marchavam ao lado
de outros servidores, agentes penitenciários, estudantes e as mais variadas
entidades de defesa de classes. Além dos golpes com cassetetes aplicados pelos
1.500 agentes policiais, por quase duas horas, os protestantes também levaram
tiros com balas de borracha, mordidas de cães policiais e sentiram os efeitos
das
bombas de gás lacrimogêneo e de sprays de pimenta. Os manifestantes se protegiam
como podiam, já que a única arma era a ação política, com gritos e palavras de
ordem.
Enquanto isso, deputados estaduais
votavam, no plenário do Parlamento, um pacote de medidas encaminhado pelo
governador Beto Richa (Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB), que
exclui, por exemplo, 33 mil aposentados com mais de 73 anos de idade do Fundo
Financeiro mantido pelo Tesouro Estadual. A justificativa do governo é melhorar
as finanças do Estado.
Próximo ao local do conflito, parte do
prédio da Prefeitura de Curitiba, comandada por Gustavo Fruet (Partido
Democrático Trabalhista - PDT), atual desafeto do governador Richa, teve o
expediente interrompido e acabou sendo utilizado para o atendimento emergencial
das vítimas. O coletivo Jornalistas Livres narra que testemunhas entre os
manifestantes relataram terem visto um helicóptero com policiais atirando
bombas em voos rasantes. "No que seria o primeiro ataque aéreo feito
contra em território nacional”.
O pacote já havia sido posto em votação,
em fevereiro deste ano, mas sua aprovação foi dissipada pela presença de 20 mil
manifestantes e um mês de greve dos professores. Os docentes compõem a maior
categoria de servidores do Estado do Paraná, com 50 mil profissionais.
Além da modificação que atinge os aposentados,
a lei recém-aprovada pelos parlamentares retira outros direitos do
funcionalismo público, com o corte de licenças de parte dos professores, o
livre uso de recursos dos fundos estaduais, o aumento da alíquota do ICMS
(Imposto sob Circulação de Mercadorias e Serviços) de mais de 90 mil produtos.
Os parlamentares aprovaram ainda mudanças no setor de previdência dos
servidores, obrigando-os a pagar um índice extra, caso queiram manter seus
salários integrais acima dos 4,6 mil reais.
Veja imagens da agressão do Estado aos
professores em Curitiba:
span style="font-weight:
bold;">140 mil em greve em São Paulo
Em São Paulo, já são 140 mil professores
que aderiram à greve iniciada em 13 de março deste ano e que abrange todos os
645 municípios paulistas. Os mais recentes protestos públicos da categoria,
frequentemente boicotados pela cobertura da mídia comercial nacional, chegaram
a reunir 50 mil manifestantes.
Os professores reivindicam aumento
salarial de 75,33% e destacam que, para 2015, o reajuste salarial foi de 0%.
Além disso, requerem redução do número de alunos por sala de aula (para o
máximo de 25 estudantes), argumentando que uma turma de 40 ou 50 estudantes em
sala representa uma superlotação que dificulta o desenvolvimento do trabalho do
professor e o processo de aprendizado do estudante.
Apoio aos grevistas
É possível apoiar os professores de São
Paulo através do Fundo de Greve. Doações podem ser feitas por meio de depósito
no Banco Santander, Agência 3373, Conta 13-000916-213-000916-213-000916-213-000916-2. Ações como rifas, festas, encontros,
almoços e outras atividades também deverão ser feitas, sendo importante a
adesão de entidades de classe, organizações sociais e sindicais e outros
setores de organização da população. Os recursos deverão fomentar a greve da
categoria.
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