sexta-feira, 1 de maio de 2015

Brasil/Massacre da polícia: quase 200 professores feridos em protesto por direitos

30 abril 2015, ADITAL Agência Frei Tito para a America Latina http://www.adital.com.br (Brasil)

Marcela Belchior


Uma reação repressora do Estado, por meio da violência de policiais militares, ao legítimo direito de greve e de protesto de professores estaduais do Estado do Paraná, sul do Brasil, deixou quase 200 pessoas feridas, sendo em torno de 20 policiais e 180 docentes, oito deles em estado grave e todos servidores da Administração Pública. Eles protestavam havia dois dias nas ruas da capital, Curitiba, contra uma série de medidas de arrocho que a Assembleia Legislativa vem aprovando. O caso foi considerado um verdadeiro massacre à democracia e aos direitos humanos.


Os professores estaduais marchavam ao lado de outros servidores, agentes penitenciários, estudantes e as mais variadas entidades de defesa de classes. Além dos golpes com cassetetes aplicados pelos 1.500 agentes policiais, por quase duas horas, os protestantes também levaram tiros com balas de borracha, mordidas de cães policiais e sentiram os efeitos das
bombas de gás lacrimogêneo e de sprays de pimenta. Os manifestantes se protegiam como podiam, já que a única arma era a ação política, com gritos e palavras de ordem.

Enquanto isso, deputados estaduais votavam, no plenário do Parlamento, um pacote de medidas encaminhado pelo governador Beto Richa (Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB), que exclui, por exemplo, 33 mil aposentados com mais de 73 anos de idade do Fundo Financeiro mantido pelo Tesouro Estadual. A justificativa do governo é melhorar as finanças do Estado.

Próximo ao local do conflito, parte do prédio da Prefeitura de Curitiba, comandada por Gustavo Fruet (Partido Democrático Trabalhista - PDT), atual desafeto do governador Richa, teve o expediente interrompido e acabou sendo utilizado para o atendimento emergencial das vítimas. O coletivo Jornalistas Livres narra que testemunhas entre os manifestantes relataram terem visto um helicóptero com policiais atirando bombas em voos rasantes. "No que seria o primeiro ataque aéreo feito contra em território nacional”.

O pacote já havia sido posto em votação, em fevereiro deste ano, mas sua aprovação foi dissipada pela presença de 20 mil manifestantes e um mês de greve dos professores. Os docentes compõem a maior categoria de servidores do Estado do Paraná, com 50 mil profissionais.

Além da modificação que atinge os aposentados, a lei recém-aprovada pelos parlamentares retira outros direitos do funcionalismo público, com o corte de licenças de parte dos professores, o livre uso de recursos dos fundos estaduais, o aumento da alíquota do ICMS (Imposto sob Circulação de Mercadorias e Serviços) de mais de 90 mil produtos. Os parlamentares aprovaram ainda mudanças no setor de previdência dos servidores, obrigando-os a pagar um índice extra, caso queiram manter seus salários integrais acima dos 4,6 mil reais.

Veja imagens da agressão do Estado aos professores em Curitiba:
span style="font-weight: bold;">140 mil em greve em São Paulo

Em São Paulo, já são 140 mil professores que aderiram à greve iniciada em 13 de março deste ano e que abrange todos os 645 municípios paulistas. Os mais recentes protestos públicos da categoria, frequentemente boicotados pela cobertura da mídia comercial nacional, chegaram a reunir 50 mil manifestantes.

Os professores reivindicam aumento salarial de 75,33% e destacam que, para 2015, o reajuste salarial foi de 0%. Além disso, requerem redução do número de alunos por sala de aula (para o máximo de 25 estudantes), argumentando que uma turma de 40 ou 50 estudantes em sala representa uma superlotação que dificulta o desenvolvimento do trabalho do professor e o processo de aprendizado do estudante.

Apoio aos grevistas
É possível apoiar os professores de São Paulo através do Fundo de Greve. Doações podem ser feitas por meio de depósito no Banco Santander, Agência 3373, Conta 13-000916-213-000916-213-000916-213-000916-2. Ações como rifas, festas, encontros, almoços e outras atividades também deverão ser feitas, sendo importante a adesão de entidades de classe, organizações sociais e sindicais e outros setores de organização da população. Os recursos deverão fomentar a greve da categoria.

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