quarta-feira, 5 de março de 2014

OS ESTADOS UNIDOS CONTRA O MUNDO

27 fevereiro 2014, Carta Maior http://www.cartamaior.com.br (Brasil)

Os Estados Unidos não intervêm apenas no seu próprio quintal, mas também do outro lado mundo, na Ucrânia.

Margaret Kimberley, Black Agenda Report

O imperialismo mundial caiu em desuso nas últimas décadas. Se está parecendo um pouco retrô, é porque não existem americanos suficientes comprometidos a contar a verdade sobre seus governos.

Durante a Guerra Fria, nos disseram que o comunismo aumentou sua influência como em um efeito dominó, derrubando nações uma por uma e as empurrando para as órbitas de Moscou ou Pequim. No século 21 há uma nova teoria, que coloca todas as partes do mundo na mira dos EUA.

Barack Obama teve sucesso ao expandir a influência yankee de um jeito que George W. Bush e Dick Cheney apenas sonharam. O projeto neo-conservador para um novo século americano se consolidou sob o governo de um presidente democrático, que agora tem muitas cartas na manga. Ele e o resto dos líderos do OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) começaram seu rastro de destruição com a Líbia, dilacerando o país em dois sob o pretexto de
o estar salvando.

Usando mentiras e servos na mídia corporativa, eles construíram um conto de tirania e de um povo desejando proteção. Esse sucesso maléfico encorajou-os a ir mais adiante e decidiram que a Síria seria a próxim peça do dominó.

O plano não saiu como Obama e seu time de assassinos incorporados esperavam. Quando o parlamento britânico recusou novas aventuras militares, Obama foi deixado sem o que dizer em televisão nacional. Foi forçado a retirar a decisão que tinha tomado dias antes.

A retirada semi-cômica foi somente temporária, pois o monstro tem que ser alimentado a todo custo. O sistema não pode mais se sustentar e, por isso, a força brutal é a única saída. O imperialismo não está fora de moda. Essa força cruel ainda vive e muito bem.
Geoger W. Bush não mediu esforços para derrubar a democraticamente eleita revolução Bolivariana na Venezuela quando armou com a oposição um golpe contra o falecido Hugo Chávez. Obama é claramente mais comprometido com a violência do que seu antecessor e ainda ajudou atiçando a direita venezuelana que quer se livrar de Nicolas Maduro. Maduro está enfraquecido com os protestos e está sendo forçado a dialogar com uma oposição que não ficará satisfeita até sua morte.

O povo venezuelano votou por sua revolução. Os EUA, um país que insiste em dizer que é democrático, distorceu o desejo claro da Venezuela inúmeras vezes. Mas essa é a essência do império de fato, não é?

Enquanto as forças armadas contra a Síria foram temporariamente bloqueadas, o Ocidente, as monarquias do golfo Persa, Israel e jihadistas não desistiram de tentar tombar o governo de Bashar al-Assad. Essa guerra selvagem alimentada pela necessidade de uma nova peça no dominó do império, deixou milhões de Sírios sem casa, transformando-os em refugiados famintos.

Os Estados Unidos não intervêm apenas no seu próprio quintal, mas também do outro lado mundo, na Ucrânia. O descontentamento popular contra o presidente do país se tornou um ótimo motivo para levar a Ucrânia à esfera de influência econômica ocidental, que conta com as amarras da austeridade. A Ucrânia pode escolher entre falir ou ter sua fiança paga – esta última acompanhada de uma morte lenta.

Enquanto as conspirações estavam em andamento, o presidente Obama alertou Vladimir Putin com ameaças de sanções. As cenas dos protestos violentos na Ucrânia formaram um quadro casual para os EUA que, logo clamaram a sua ‘responsabilidade de proteção’ que nunca protege ninguém que realmente precisa e que já trouxe muito sofrimento ao redor do mundo. Toda invasão, ocupação e rompimento pode ser colocado na conta dos EUA e seus aliados. O Iraque foi literalmente destruído, e o Irã foi destruído economicamente. A Líbia foi dominada e a Síria está à beira do abismo.

Os Estados Unidos deixam claro que querem ter sua influência no mundo. Agora, se a Rússia tenta usar a sua, é caricaturada como uma ditadura cruel controlada por um tirano. Também não importa quantas eleições Chávez e Maduro ganharam, são chamados de ditadores por ‘sabichões’ norte-americanos.

Uma superpotência pode promover conflitos onde e quando quiser. Venezuelanos devem ceder ou encarar a probabilidade de mais violência. A Ucrânia deve concordar em se aliar a políticas econômicas que já se provaram desastrosas. Os EUA deixam suas digitais nesses e em muitos outros lugares e essa é a essência do imperialismo. É tudo sobre controle com a força mais bruta disponível.

Tradução de Isabela Palhares

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