segunda-feira, 24 de março de 2014

Angola/Heróis da África Austral

24 março 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Bernardino Manje, Cuito Cuanavale

O ministro da Defesa Nacional, Cândido Pereira Van-Dúnem, prestou ontem homenagem a todos os combatentes das então Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) que participaram na Batalha do Cuito Cuanavale, em particular aqueles que perderam a vida na célebre epopeia, decorrida entre 15 Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988.

A homenagem consistiu na deposição de uma coroa de flores no Triângulo do Tumpo, local onde há 26 anos as FAPLA travaram encarniçados combates contra o exército regular do regime racista sul-africano, que pretendia invadir o território angolano.

Durante o acto, que serviu para assinalar o 26º aniversário da Batalha do Cuito Cuanavale, Cândido Pereira Van-Dúnem agradeceu o apoio dado pelos internacionalistas cubanos e os instrutores russos.
 
“A superioridade empreendida pelo exército sul-africano, com o uso de artilharia de longo alcance e da aviação sofisticada, dificultava qualquer espécie de manobra por parte das FAPLA, o que obrigou, posteriormente, o envolvimento de forças cubanas, que se situavam nas cercanias da cidade de Menongue, para se juntarem às ex-FAPLA que, de forma brilhante e com uma grande performance, já travavam duras acções ofensivas contra o invasor”,
lembrou. O ministro, que representou no acto o Presidente da República, realçou que um dos factores que fez com que as FAPLA vencessem a batalha, mesmo com a superioridade das forças sul-africanas em termos bélicos, foi “a força de vontade e a entrega do grande capital humano, alicerçado com um incomensurável sentimento patriótico e de missão”.

A Batalha do Cuito Cuanavale, disse, tem um grande significado para aqueles angolanos que, pela causa justa do seu povo, entregaram as suas vidas, o seu sangue ou suor, para que a história do povo ganhasse um rumo promissor para todos, designadamente a consolidação da democracia, o desenvolvimento socio-económico e a felicidade do povo.

O ministro salientou que falar da Batalha do Cuito Cuanavale não é mais do que falar da resistência do povo angolano e dos nacionalistas e patriotas que verteram suor e lágrimas para preservar o Estado democrático e de direito, consagrado pela Independência Nacional.

“Falar da Batalha do Cuito Cuanavale não é nada mais do que falar da gesta de companheiros corajosos que, sem olhar a sacrifícios nem medir consequências, deram uma contribuição sem paralelo para que o exército racista da África do Sul e seus aliados fossem derrotados”, disse.Cândido Pereira Van-Dúnem admitiu que a Batalha do Cuito Cuanavale e todas as outras que se desenvolveram na província do Cuando Cubango foram de tal envergadura, que destruíram infra-estruturas como escolas, hospitais, estabelecimentos comerciais, edifícios administrativos e casas das populações. Afirmou, no entanto, que este é o momento é de reconstrução. “Hoje os tempos são outros e em quase todas as localidades já existem infra-estruturas modernas ou reconstruídas, como é o caso do Aeroporto 23 de Março, restaurado e modernizado, a administração e o palácio municipal, tal como o centro de formação profissional”, referiu.

Apontou, ainda, o memorial aos heróis da Batalha do Cuito Cuanavale, as principais artérias da sede municipal asfaltadas, a agência do Banco de Poupança e Crédito e outros empreendimentos, como infra-estruturas que surgiram num ambiente de paz e com o esforço do Executivo para o desenvolvimento da província. “Por isso, não foi em vão o sacrifício feito por heróis conhecidos e anónimos do Cuito Cuanavale e de outras batalhas que Angola viveu ao longo das últimas três décadas”, concluiu.

Ministro da Defesa

Antes do acto, o ministro da Defesa Nacional e a delegação que o acompanhava ofereceram um donativo composto por bens de primeira necessidade aos habitantes de Samaria, arredores do Triângulo do Tumpo, onde se travaram violentos combates.


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