quinta-feira, 20 de março de 2014

Área da defesa: Moçambique e Brasil reforçam cooperação

Moçambique

Moçambique e o Brasil passaram ontem em revista a cooperação existente no domínio da defesa e manifestaram o desejo de ampliá-la, dando novo impulso aos domínios de formação e fornecimento de equipamentos.
Com efeito, os ministros da Defesa de Moçambique, Agostinho Mondlane, e do Estado da Defesa do Brasil, Celso Amorim, reuniram-se ontem em Maputo, tendo reconhecido a necessidade de se dar passos concretos para uma cooperação efectiva, explorando as potencialidades existentes em cada país.
Assim, foram identificadas diversas áreas de cooperação entre os dois países no âmbito da defesa, dentre as quais a formação virada para as operações de apoio à paz, realização de exercícios militares conjuntos entre as respectivas forças armadas, formação de pilotos moçambicanos em academias militares brasileiras, troca de experiência entre cadetes da Academia Militar Samora Machel, em Nampula, e cadetes das academias brasileiras e
participação de instrutores brasileiros no Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente General Armando Guebuza.
A cooperação deverá abranger também a área de gestão de recursos humanos, apoio ao grupo de escolas da Marinha de Guerra de Moçambique, oferta de três aeronaves Tucano para a Força Aérea de Moçambique e acreditação de Adido Militar do país no Brasil.
As partes trocaram impressões sobre o quadro estratégico global e sublinharam a importância do desenvolvimento de capacidades de defesa da soberania, tendo em conta a descoberta e exploração de recursos naturais.
Falando à imprensa, momentos após as conversações entre as duas delegações, o Ministro da Defesa Nacional, Agostinho Mondlane, disse terem sido aperfeiçoados determinados instrumentos e mecanismos de cooperação na área da defesa entre os dois países, para que ela seja cada vez mais eficiente e eficaz no interesse de ambas as partes.
Por seu turno, o Ministro do Estado de Defesa do Brasil, Celso Amorim, que no âmbito da visita que realiza ao país foi recebido pelo Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, disse terem sido tratados vários aspectos da cooperação já existente.
“Existem hoje 16 oficiais ou sub-oficiais moçambicanos a serem treinados no Brasil nas academias do Exército, na escola naval, em cursos de aviadores, de sargentos, que são muito úteis, porque são cursos de especialistas em que as pessoas aprendem não só para as forças armadas, mas para toda a vida”, afirmou.
Celso Amorim disse terem sido discutidas outras várias hipóteses de cooperação entre os dois países. Anunciou uma oferta brasileira em contribuição para a estrutura naval moçambicana, revelando que neste quadro deverão se deslocar ao país nos primeiros dias do mês de Abril uma missão que irá examinar algumas bases navais.
“Prometemos, e vamos cumprir, a doação de três aviões Tucano, de treinamento, brasileiros”, disse, acrescentando que a parte que tem que ser realizada dentro do Executivo brasileiro para a concretização da oferta já está concluída, estando neste momento dependente da aprovação do Congresso daquele país.
Segundo o Ministro de Estado da Defesa do Brasil, a cooperação militar entre os dois países também pode-se estender para o domínio de fornecimento de equipamentos, sempre em condições acessíveis para Moçambique, a exemplo de simulador de manobras navais, aviões super-Tucano, uma outra geração de aeronaves, entre outros.
“As possibilidades são enormes. As necessidades de protecção e da defesa dos recursos naturais em Moçambique são muito grandes. Os países hoje vivem todos eles uma grande escassez de recursos naturais. Necessitam de água, necessitam de alimentos, de energia, necessitam de matérias-primas minerais. Em todas essas áreas Moçambique também é muito rico. O que é que o Brasil quer? Brasil não quer uma presença hegemónica, nem poderia e nem Moçambique aceitaria. O que nós queremos é contribuir para que Moçambique possa ter uma variedade de actores e que possa fazer as suas melhores escolhas de maneira mais independente e capaz de prover a sua própria defesa”, afirmou.


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