Angola/DIPLOMACIA NA ROTA DA PAZ
6 março 2014, Jornal de
Angola
http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
Esteve no nosso país, em
visita de Estado, a Presidente da República Centro Africana (RCA), Catherine
Samba-Panza, uma presença que honra a diplomacia angolana no âmbito dos
contactos bilaterais e multilaterais para a busca de soluções para a paz e
estabilidade.
Aquele Estado-membro da
Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) vive ainda
problemas de insegurança, de instabilidade militar e preocupações humanitárias.
Os actores políticos foram bem sucedidos quando, no dia 20 de Janeiro, na
Assembleia de Transição, elegeram a actual Chefe de Estado para gerir um
período de transição que deve levar à realização de eleições gerais no começo
do próximo ano. Este passo político é importante numa altura em que a classe de
políticos é chamada a mostrar-se à altura dos desafios por que passa
aquele país do centro de África rodeado por territórios com situações
preocupantes de instabilidade. Os países africanos a nível da sub-região e
empenham-se para que a RCA conheça rapidamente a estabilidade e a
tranquilidade para caminhar para o desenvolvimento lado a lado com os seus
vizinhos. As opções para contribuir para a pacificação da República Centro
Africana variam desde o contributo com meios e homens para fortalecer a missão
internacional presente no país, passando pela formação das forças de
segurança e pela ajuda humanitária.
Angola tem procurado, no quadro das suas responsabilidades sub-regionais
assumidas com a presidência rotativa da CIRGL, fomentar as vias diplomáticas e
políticas como instrumentos privilegiados de concertação. O Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, escreveu a Catherine Samba-Panza, no âmbito
dos esforços diplomáticos como líder da Conferência Internacional dos Grandes
Lagos, com vista à busca de uma solução política para a região. É pública a
posição assumida pelas autoridades angolanas contra a ingerência nos assuntos
internos e favorável ao aprofundamento da democracia e da reconciliação interna
em cada um dos países membros da região. É encorajador o facto de a Presidente
Catherine Samba-Panza, pouco depois de ter assumido a chefia do Estado ter declarado
a sua disposição para cooperar com todas as forças, militares e políticas,
cristãs e muçulmanas, do país. Não temos dúvidas de que um processo inclusivo
em que participem todos os sectores da República Centro-Africana acaba por se
tornar num activo importante para o processo de reconciliação e pacificação do
país.
As autoridades angolanas têm procurado solidarizar-se com as suas homólogas da
República Centro Africana, disponibilizando ajuda humanitária e encorajando os
actores políticos daquele país na procura de soluções internas e consensuais.
No quadro da presidência rotativa da CIRGL, Angola tem ainda responsabilidades
acrescidas, tendo já tornado público as bases da sua estratégia para a
organização sub-regional.
No discurso proferido por ocasião da V Cimeira da Conferência Internacional da
Região dos Grandes Lagos, no dia 15 de Janeiro, o Presidente José Eduardo dos
Santos salientou que Angola, durante a presidência rotativa, vai basear-se em
“três grandes domínios de actuação: 1) No plano político, vai dar ênfase à
implementação do Pacto sobre a Paz, a Estabilidade e o Desenvolvimento da
Região dos Grandes Lagos e do Acordo Quadro para esta Região. Sem esquecer
todos os outros compromissos assumidos, assim como a colaboração para a busca
da paz e da estabilidade na República Centro Africana e no Sudão do Sul; 2) No
plano económico e social e do desenvolvimento regional, Angola envidará
esforços para promover o intercâmbio comercial entre os países, promover a
troca de experiências nos domínios administrativo, da gestão macro económica,
do combate à fome e à pobreza e às grandes endemias, do aumento do emprego e da
cooperação nos sectores da economia real com vista a apoiar a estratégia da
diversificação das nossas economias; 3) No plano de defesa e segurança, Angola
vai dar continuidade à promoção da gestão conjunta da segurança das fronteiras
comuns, da cooperação sobre questões gerais de segurança, incluindo o combate
ao tráfico de seres humanos, à imigração ilegal, à exploração ilícita e pilhagem
de recursos naturais e à proliferação ilegal de armas; a prevenção e combate às
actividades criminosas transnacionais e ao terrorismo”.
Catherine Samba-Panza veio ao nosso país, numa visita oficial de 48 horas, não
apenas para partilhar a experiência angolana na manutenção da paz e
estabilidade, mas também relançar a cooperação. Estamos lembrados de que os
dois países assinaram em 2010 um Acordo Geral de Cooperação e um Protocolo de
Consultas Políticas e Diplomáticas Regulares. Tais acordos precisam de ser
implementados e as consultas regulares entre ambos os países, membros de uma
mesma organização regional, justifica-se a todos os títulos. No fundo, a
sub-região pode encontrar os caminhos para paz, segurança, estabilidade e
desenvolvimento se cada Estado-membro cumprir as decisões e recomendações da
Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização. Auguramos que
esta visita oficial da Presidente Catherine Samba-Panza sirva para reforçar as
consultas regulares e contactos diplomáticos no sentido de fazer avançar o
processo interno de pacificação e reconciliação política na República Centro
Africana.
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