17 março 2014,
Rádio Moçambique http://www.rm.co.mz
(Moçambique)
A futura ACWA Power Moatize Termoeléctrica (APMT), em
Tete, será um dos maiores investimentos da história de Moçambique, mas também
apenas o início de uma vaga de novas centrais eléctricas alimentadas a carvão.
A ACWA Power Moatize Termoeléctrica é um consórcio que
reúne o grupo brasileiro Vale, a Mitsui do Japão, a ACWA Power da Arábia
Saudita, além dos accionistas domésticos Electricidade de Moçambique (5%) e
Whatana (8%), sociedade de investimento liderada por Graça Machel.
“Este projecto com um custo estimado em mil milhões de
dólares representará
um marco importante no processamento doméstico de carvão
moçambicano, até agora destinado apenas à exportação”, sublinha a Economist
Intelligence Unit no seu mais recente relatório sobre Moçambique.
Embora não justifique por si só uma revisão das
actuais previsões de crescimento económico moçambicanas, a energia
termoeléctrica “poderá impulsionar significativamente o PIB e as exportações a
longo prazo”, adianta.
A EIU prevê um crescimento forte para a economia
moçambicana entre 2014 e 2018, impulsionado pelos investimentos na extracção de
recursos naturais.
Com contrato de concessão de 25 anos aprovado pelo
governo moçambicano no final de Fevereiro, a central aproveitará carvão
“desperdiçado” pela Vale, a maior empresa mineira presente em Moatize (centro),
onde estão localizadas das maiores jazidas mundiais.
Na primeira fase, a central irá produzir 300
megawatts, dos quais a Vale irá consumir cerca de 200 a 250 MW, sendo a
restante electricidade adicionada à rede da Electricidade de Moçambique e, numa
segunda fase, a capacidade pode ser aumentada para 600 megawatts.
Moçambique prevê produzir cerca de cinco milhões de
toneladas de carvão térmico até finais de 2014, contra perto de 1,5 milhões de
toneladas em 2013.
Actualmente, Moçambique já é um dos principais
produtores de energia da região.
Após a aprovação do contracto, o ministro da Energia,
Salvador Namburete, sublinhou que o projecto permite aumentar a disponibilidade
de energia no país – actualmente na ordem de cerca de 2 mil MW, a maior parte
produzida pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
A EIU sublinha que a produção de energia em Moçambique
poderá sofrer uma grande transformação nos próximos anos, dado que “todas as
empresas mineiras de carvão actualmente a operar em Moçambique estão também a
considerar projectos termoeléctricos”, num total de 5 mil megawatts de
capacidade de geração adicional.
A Ncondezi Energy, por exemplo, anunciou no início de
Março que recebeu quatro ofertas para a construção de uma central eléctrica
alimentada a carvão de 300 megawatts, também na província de Tete, mas
igualmente a indiana Jindal Steel tem referido idênticos planos.
“Mesmo se não avançarem todos (os projectos
alimentados a carvão em estudo) o carvão pode contribuir para eliminar o défice
de abastecimento interno, reforçando ao mesmo tempo a posição de Moçambique
como exportador regional de energia”, sublinha a EIU.
O potencial para Moçambique alargar o seu mercado
energético é tanto maior quanto a África Austral, e em particular a África do
Sul, tem enfrentado nos últimos anos uma crise energética. (rm/macauhub)
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