quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Acordos empresariais nos portos e pescas realizam parceria entre China e Cabo Verde

Praia, Cabo Verde, 21 janeiro 2008 - Um conjunto de parcerias entre empresas chinesas e cabo-verdianas, mais recentemente nas actividades portuária e piscatória, está a realizar o aguardado fortalecimento das ligações económicas bilaterais com a criação de zonas económicas especiais no arquipélago.
A quantidade e diversidade de projectos de empresas chinesas previstos no arquipélago levava na semana passada o principal jornal económico cabo-verdiano, O Cifrão, num artigo sobre as perspectivas económicas para 2008, a titular em letras garrafais que o novo ano é marcado por uma "Nova Vaga Chinesa".
"A concretizarem-se, estes projectos farão da China um dos mais importantes parceiros de Cabo Verde neste início do século XXI", escrevia o influente jornal cabo-verdiano.
O destaque vai para a China Ocean Shiping Companies Group (Cosco), uma das maiores empresas de transbordo do mundo, que está a trabalhar numa parceria com a Enapor, a empresa gestora dos aeroportos cabo-verdianos que tem em curso um importante programa de investimentos para modernizar e aumentar a capacidade das infra-estruturas.
A imprensa cabo-verdiana dá ainda conta de negociações entre as empresas cabo-verdianas Interbase e Cabnave e uma empresa pesqueira chinesa não-identificada.
O anúncio da aproximação entre empresas marítimas vai ao encontro do objectivo traçado pelas autoridades dos dois países, nomeadamente para a ilha de São Vicente, onde está o maior e melhor apetrechado porto marítimo do arquipélago, que possui instalações de frio que permitem a conservação de pescado, para depois ser reexportado.
"Esta cooperação entre os dois países está a intensificar-se cada dia e entre os projectos em carteira está a construção de zonas económicas especiais, no que estamos a trabalhar, concretamente a embaixada e o Ministério da Economia. Estamos a trabalhar para converter São Vicente numa zona económica especial, mas num primeiro passo vamos realizar o projecto de construção de centro de abastecimento de pesca", afirmava recentemente o embaixador da China em Cabo Verde, Wu Yuanshuan.
As pescas e transbordo têm sido uma das áreas em que Cabo Verde mais tem manifestado interesse de aprofundar cooperação com a China, juntamente com a criação de zonas francas (industrial e comercial) e turismo.
O plano de negócios da Enapor prevê aumentar a carga movimentada nos portos do arquipélago em 68 por cento até 2015.

O porto da Praia, que apresenta sinais de congestionamento, vai receber um investimento de perto de 53 milhões de dólares, um projecto que prevê a construção de um terminal de cargas, numa área de 14 hectares próxima das instalações das empresas de combustíveis Shell e Enacol, na Achada Grande, além de uma estrada de acesso e um quebra-mar.
Actualmente, o porto que serve a capital cabo-verdiana conta apenas com dois cais, um cais de apoio utilizado para cabotagem, quatro armazéns e uma entrada de reduzida capacidade.
A segunda fase de modernização do porto “capital”, na ilha de Santiago, prevê a instalação de um parque de contentores e a duplicação do comprimento do principal cais.
Também prevista está a modernização do porto da Palmeira, na ilha do Sal e dos portos de Vale dos Cavaleiros (Fogo) e Furna (Brava), que vão ser alargados e receber rampas “roll-on roll-off”, para facilitar o embarque e desembarque de mercadorias.
Também há projectos para a criação de um porto polivalente em Sal Rei (Boa Vista) e para a ampliação de Porto Novo (Santo Antão), onde serão investidos perto de 40 milhões de dólares, numa primeira fase.
Mas a "Nova Vaga Chinesa", escreve a imprensa cabo-verdiana, estende-se ainda aos equipamentos, novas tecnologias de comunicação, electricidade e também aos materiais de construção, esperando-se para este ano o início da construção da primeira cimenteira do arquipélago, na ilha de Santiago, a cargo da China Building Material Industrial Corporation for Foreign Econo-Technical Cooperation (CMBC).
O objectivo desta unidade de 55 milhões de dólares, qualificada de "estratégica" pelo governo cabo-verdiano, é abastecer o mercado interno, numa altura em que são diversas as infra-estruturas a serem implementadas no terreno, mas também a exportação para os mercados da África Ocidental.
A aguardar desenvolvimentos estão outros dois projectos industriais, o de uma unidade de cerâmica na Boa Vista e de uma unidade de pesca industrial em São Miguel, no interior de Santiago.
A cooperação com a China estende-se também às obras públicas, área em que dá os primeiros passos o projecto do Estádio Nacional de Cabo Verde, com capacidade para 20 mil pessoas, depois de concluída a primeira barragem do arquipélago, no Poilão (Santa Cruz).
Um importante impulso às relações económicas bilaterais foi dada no final do ano passado, com o reconhecimento de Cabo Verde pela China como destino privilegiado para os turistas chineses, que vem facilitar viagens de homens de negócios chineses.
Aquando da sua visita a Macau em Dezembro, o ministro cabo-verdiano da Economia, Crescimento e Competitividade, José Brito, deixou ainda o convite ao aprofundamento das relações comerciais, afirmando que Cabo Verde pretende ser uma plataforma para ajudar a China a conquistar mercados.
"A China tem também como estratégia a conquista dos mercados e não é segredo para ninguém que está interessada nos mercados africano, europeu e americano", e "Cabo Verde está no meio dos três continentes, podendo oferecer à China uma base comercial e económica para ajudar o país a conquistar melhor este espaço", afirmou o governante cabo-verdiano, depois de recebido pelo Chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho.
Brito referia que as trocas comerciais entre os dois países estão hoje estimadas em 10 milhões de dólares, mas que na realidade são bastante superiores, já que Cabo Verde compra muitos produtos chineses através de países europeus, situação que poderá ser agora invertida através da importação directa.
A China e Cabo Verde estabeleceram relações diplomáticas em 25 de Abril de 1976 e, desde então, Cabo Verde tem recebido da China cooperação económica e técnica, como a construção do edifício do governo, da biblioteca nacional, do parlamento, entre outros projectos. (macauhub)

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