sábado, 29 de novembro de 2014

Brasil/Em defesa do programa vitorioso nas urnas: mesmo derrotados, conservadores querem impor sua política

28 novembro 2014, ADITAL Agência Frei Tito para a America Latina http://www.adital.com.br (Brasil)

Marcela Belchior
Adital



Movimentos sociais cobram manutenção do programa de esquerda que ajudaram a eleger em outubro. Foto: Reprodução.

A base de apoio que ajudou a reeleger a presidente da República Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores - PT) no último dia 26 de outubro agora intensifica a pressão para evitar que a mandatária recue do projeto de governo na formação da equipe ministerial. Para isso, movimentos sociais, militantes e intelectuais lançam o manifesto "Em defesa do programa vitorioso nas urnas”, que circula na Internet e alerta para a subordinação da gestão às forças conservadoras do país.

Segundo o documento, os rumores de
indicação do diretor do Bradesco Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e da ruralista Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura sinalizam para uma regressão da agenda que saiu vitoriosa nas urnas. "Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas”, destaca o manifesto.

De acordo com o texto, divulgado como petição pública, reunindo adesões em todo o Brasil, as propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. Entretanto, não é o que se observa nos primeiros contornos da nova gestão, que parece priorizar parcerias político-eleitorais com os chamados partidos de elite. "A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente da definição dos rumos do governo que elegeu”, critica.

O manifesto relembra quais forças estão em jogo: "A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos”, assinala.

"A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social”, contrapõe o manifesto.

De acordo com o texto, a presidenta Dilma "ganhou mais uma chance” ao ser reeleita e deve dialogar com as forças que a elegeram. "A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”, afirma. 
"A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa”, atenta o manifesto.

Signatários 
O documento não declara autoria específica, mas indica 61 signatários, entre entidades e grupos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Fora do Eixo, o Mídia Ninja, o Levante Popular da Juventude e a Rede Ecumênica da Juventude (Reju). Além disso, assinam o manifesto o teólogo Leonardo Boff, o membro da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Cervinski, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo (Universidade de São Paulo - USP) e o ex-porta-voz da Presidência da República André Singer.

Em entrevista à Adital, Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que também aderiu ao manifesto, destaca que mesmo os movimentos sociais que fazem críticas ao primeiro mandato de Dilma encamparam mobilização pela reeleição da presidenta. Agora, se busca uma maior interlocução entre o Palácio do Planalto e a sociedade. "Os movimentos sociais querem interferir com mais força nos rumos do governo”, aponta.

Segundo ele, mesmo derrotadas nas urnas, as forças conservadoras querem impor sua política ao país, pressionando o governo federal de maneira violenta. Isso, destaca Borges, resvala diretamente no desequilíbrio da economia. Além disso, ele destaca a composição conservadora do Congresso Nacional, que desfavorece o projeto social defendido pelos setores de esquerda. 

Então, sem eco social, a balança pode acabar, de fato, pesando para o lado dos donos do capital privado. "Pressionando pelo cumprimento de compromissos de campanha como a reforma política e a regulação econômica da mídia, nós jogamos com maior participação popular”, avalia.

Para assinar 
Até o último dia 27 de novembro, o documento já reunia pelo menos 4.500 assinaturas. Para ler o manifesto na íntegra e aderir ao abaixo-assinado, clique aqui. http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR77149

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Brasil/EM DEFESA DO PROGRAMA VITORIOSO NAS URNAS

 

Para: Ao Povo Brasileiro


A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos. 

A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social. 

A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita. 

A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa. 

No terceiro turno que está em jogo, a presidenta eleita parece levar mais em conta as forças cujo representante derrotou do que dialogar com as forças que a elegeram. 

Os rumores de indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para o Ministério sinalizam uma regressão da agenda vitoriosa nas urnas. Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas. 

As propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente na definição dos rumos do governo que elegeu. 

LUIZ GONZAGA BELLUZZO – FACAMP/UNICAMP 
JOÃO PEDRO STÉDILE – MST 
LAURA TAVARES SOARES – UFRJ 
LEONARDO BOFF - Teólogo 
JOAQUIM ERNESTO PALHARES – Jornalista 
LAURINDO LEAL “LALO” FILHO – USP 
PEDRO PAULO ZAHLUTH BASTOS - UNICAMP 
ANDRE SINGER – USP 
JOSÉ ARBEX JR - PUC/SP 
IVANA JINKINGS – Diretora Editorial 
IGOR FELIPPE – Jornalista 
PAULO SALVADOR – Jornalista 
ALTAMIRO BORGES - Militante Político 
ROSA MARIA MARQUES - PUC-SP 
VALTER POMAR - Militante do PT 
MST – Movimento Dos Trabalhadores Sem Terra 
FORA DO EIXO 
MÍDIA NINJA 
REDE ECUMENICA DA JUVENTUDE - REJU 
CENTRO DE MÍDIA ALTERNATIVA BARÃO DE ITARARÉ 
GILBERTO CERVINSKI - MAB - Movimento Dos Atingidos Por Barragens 
WLADIMIR POMAR – Analista político e escritor 
ANDREA LOPARIC – FFLCH-USP 
BRENO ALTMAN – Jornalista 
ALFREDO SAAD-FILHO - SOAS - UNIVERSIDADE DE LONDRES 
MARIA DE LOURDES MOLLO - UNB 
NIEMEYER ALMEIDA FILHO - UFU 
CARLOS PINKUSFELD - UFRJ 
MARCELO PRONI - UNICAMP 
PEDRO ESTEVAM SERRANO – PUC/SP 
PEDRO ESTEVAM DA ROCHA POMAR – Jornalista 
GENTIL CORAZZA - UFRGS 
RUBENS SAWAYA - PUC-SP 
PEDRO ROSSI - UNICAMP 
CONCEIÇÃO OLIVEIRA – Educadofra e blogueira 
LUIZ CARLOS DE FREITAS – UNICAMP 
LUCIO FLÁVIO RODRIGUES DE ALMEIDA – PUC-SP 
CAIO NAVARRO DE TOLEDO – UNICAMP 
MARIA A. MORAES SILVA – UFCAR E UNESP 
JOYCE SOUZA - Jornalista 
EDUARDO FERNANDES DE ARAUJO – UFPA 
LUIZ CARLOS PINHEIRO MACHADO - UFRGS – UFSC - UFFS 
ANA LAURA DOS REIS CORREA – UNB 
MONICA GROSSI – UF de Juiz de Fora 
DANIEL ARAUJO VALENÇA – UFERSA 
MARCIO SOTELO FELIPPE - Advogado 
DEBORA F. LERRER – CPDA/UFRRJ 
HORACIO MARTINS DE CARVALHO – Militante Social 
GERALDO PRADO – UFRJ 
ANTONIO MACIEL BOTELHO MACHADO – 
JUAREZ TAVARES - UERJ 
CLARISSE MEIRELES – Jornalista 
HELOISA FERNANDES - Socióloga/SP 
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES – UNICAMP 
HELOISA MARQUES GIMENEZ – UNB 
FLAVIO WOLF AGUIAR – USP 
FERNANDO MATTOS - UFF 
BRUNO DE CONTI - UNICAMP 
JOSÉ EDUARDO ROSELINO - UFSCAR 
ARIOVALDO DOS SANTOS - FEA/USP 
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE


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