28
novembro 2014, ADITAL Agência Frei Tito para
a America Latina http://www.adital.com.br (Brasil)
Marcela Belchior
Adital
Movimentos sociais cobram manutenção do programa de esquerda que ajudaram a eleger em outubro. Foto: Reprodução.
A base de apoio que ajudou a reeleger a presidente da
República Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores - PT) no último dia 26 de
outubro agora intensifica a pressão para evitar que a mandatária recue do
projeto de governo na formação da equipe ministerial. Para isso, movimentos
sociais, militantes e intelectuais lançam o manifesto "Em defesa do
programa vitorioso nas urnas”, que circula na Internet e alerta para a
subordinação da gestão às forças conservadoras do país.
Segundo o documento, os rumores de
indicação do
diretor do Bradesco Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda e da ruralista
Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura sinalizam para uma regressão da
agenda que saiu vitoriosa nas urnas. "Ambos são conhecidos pela solução
conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos
latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e
comunidades indígenas”, destaca o manifesto.
De acordo com o texto, divulgado como petição pública,
reunindo adesões em todo o Brasil, as propostas de governo foram anunciadas
claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos
dos trabalhadores e não para a regressão social. Entretanto, não é o que se
observa nos primeiros contornos da nova gestão, que parece priorizar parcerias
político-eleitorais com os chamados partidos de elite. "A sociedade civil
não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar
ativamente da definição dos rumos do governo que elegeu”, critica.
O manifesto relembra quais forças estão em jogo:
"A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo
turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção
subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos
latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à
resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos
sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de
salários, gastos sociais e direitos adquiridos”, assinala.
"A proposta vitoriosa unificou partidos e
movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à
soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e
inclusão social”, contrapõe o manifesto.
De acordo com o texto, a presidenta Dilma "ganhou
mais uma chance” ao ser reeleita e deve dialogar com as forças que a elegeram.
"A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque
cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais,
sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar,
corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita”,
afirma.
"A oposição não deu tréguas depois das eleições,
buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso
papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos
apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa”, atenta
o manifesto.
Signatários
O documento não declara autoria específica, mas indica
61 signatários, entre entidades e grupos, como o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra (MST), o Fora do Eixo, o Mídia Ninja, o Levante Popular da
Juventude e a Rede Ecumênica da Juventude (Reju). Além disso, assinam o
manifesto o teólogo Leonardo Boff, o membro da coordenação nacional do
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Cervinski, o economista
Luiz Gonzaga Belluzzo (Universidade de São Paulo - USP) e o ex-porta-voz da
Presidência da República André Singer.
Em entrevista à Adital, Altamiro Borges, presidente do
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que também aderiu ao
manifesto, destaca que mesmo os movimentos sociais que fazem críticas ao
primeiro mandato de Dilma encamparam mobilização pela reeleição da presidenta.
Agora, se busca uma maior interlocução entre o Palácio do Planalto e a
sociedade. "Os movimentos sociais querem interferir com mais força nos
rumos do governo”, aponta.
Segundo ele, mesmo derrotadas nas urnas, as forças
conservadoras querem impor sua política ao país, pressionando o governo federal
de maneira violenta. Isso, destaca Borges, resvala diretamente no desequilíbrio
da economia. Além disso, ele destaca a composição conservadora do Congresso
Nacional, que desfavorece o projeto social defendido pelos setores de esquerda.
Então, sem eco social, a balança pode acabar, de fato,
pesando para o lado dos donos do capital privado. "Pressionando pelo
cumprimento de compromissos de campanha como a reforma política e a regulação
econômica da mídia, nós jogamos com maior participação popular”, avalia.
Para assinar
Até o último dia 27 de novembro, o documento já reunia
pelo menos 4.500 assinaturas. Para ler o manifesto na íntegra e aderir ao
abaixo-assinado, clique aqui. http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR77149
Leia também
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Brasil/EM DEFESA DO PROGRAMA VITORIOSO NAS URNAS
Para: Ao Povo Brasileiro
A campanha presidencial confrontou dois projetos para o país no segundo turno. À direita, alinhou-se o conjunto de forças favorável à inserção subordinada do país na rede global das grandes corporações, à expansão dos latifúndios sobre a pequena propriedade, florestas e áreas indígenas e à resolução de nosso problema fiscal não com crescimento econômico e impostos sobre os ricos, mas com o mergulho na recessão para facilitar o corte de salários, gastos sociais e direitos adquiridos.
A proposta vitoriosa unificou partidos e movimentos sociais favoráveis à participação popular nas decisões políticas, à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico com redistribuição de renda e inclusão social.
A presidenta Dilma Rousseff ganhou mais uma chance nas urnas não porque cortejou as forças do rentismo e do atraso e sim porque movimentos sociais, sindicatos e milhares de militantes voluntários foram capazes de mostrar, corretamente, a ameaça de regressão com a vitória da oposição de direita.
A oposição não deu tréguas depois das eleições, buscando realizar um terceiro turno em que seu programa saísse vitorioso. Nosso papel histórico continua sendo o de derrotar esse programa, mas não queremos apenas eleger nossos representantes políticos por medo da alternativa.
No terceiro turno que está em jogo, a presidenta eleita parece levar mais em conta as forças cujo representante derrotou do que dialogar com as forças que a elegeram.
Os rumores de indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para o Ministério sinalizam uma regressão da agenda vitoriosa nas urnas. Ambos são conhecidos pela solução conservadora e excludente do problema fiscal e pela defesa sistemática dos latifundiários contra o meio ambiente e os direitos de trabalhadores e comunidades indígenas.
As propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social. A sociedade civil não pode ser surpreendida depois das eleições e tem o direito de participar ativamente na definição dos rumos do governo que elegeu.
LUIZ GONZAGA BELLUZZO – FACAMP/UNICAMP
JOÃO PEDRO STÉDILE – MST
LAURA TAVARES SOARES – UFRJ
LEONARDO BOFF - Teólogo
JOAQUIM ERNESTO PALHARES – Jornalista
LAURINDO LEAL “LALO” FILHO – USP
PEDRO PAULO ZAHLUTH BASTOS - UNICAMP
ANDRE SINGER – USP
JOSÉ ARBEX JR - PUC/SP
IVANA JINKINGS – Diretora Editorial
IGOR FELIPPE – Jornalista
PAULO SALVADOR – Jornalista
ALTAMIRO BORGES - Militante Político
ROSA MARIA MARQUES - PUC-SP
VALTER POMAR - Militante do PT
MST – Movimento Dos Trabalhadores Sem Terra
FORA DO EIXO
MÍDIA NINJA
REDE ECUMENICA DA JUVENTUDE - REJU
CENTRO DE MÍDIA ALTERNATIVA BARÃO DE ITARARÉ
GILBERTO CERVINSKI - MAB - Movimento Dos Atingidos Por Barragens
WLADIMIR POMAR – Analista político e escritor
ANDREA LOPARIC – FFLCH-USP
BRENO ALTMAN – Jornalista
ALFREDO SAAD-FILHO - SOAS - UNIVERSIDADE DE LONDRES
MARIA DE LOURDES MOLLO - UNB
NIEMEYER ALMEIDA FILHO - UFU
CARLOS PINKUSFELD - UFRJ
MARCELO PRONI - UNICAMP
PEDRO ESTEVAM SERRANO – PUC/SP
PEDRO ESTEVAM DA ROCHA POMAR – Jornalista
GENTIL CORAZZA - UFRGS
RUBENS SAWAYA - PUC-SP
PEDRO ROSSI - UNICAMP
CONCEIÇÃO OLIVEIRA – Educadofra e blogueira
LUIZ CARLOS DE FREITAS – UNICAMP
LUCIO FLÁVIO RODRIGUES DE ALMEIDA – PUC-SP
CAIO NAVARRO DE TOLEDO – UNICAMP
MARIA A. MORAES SILVA – UFCAR E UNESP
JOYCE SOUZA - Jornalista
EDUARDO FERNANDES DE ARAUJO – UFPA
LUIZ CARLOS PINHEIRO MACHADO - UFRGS – UFSC - UFFS
ANA LAURA DOS REIS CORREA – UNB
MONICA GROSSI – UF de Juiz de Fora
DANIEL ARAUJO VALENÇA – UFERSA
MARCIO SOTELO FELIPPE - Advogado
DEBORA F. LERRER – CPDA/UFRRJ
HORACIO MARTINS DE CARVALHO – Militante Social
GERALDO PRADO – UFRJ
ANTONIO MACIEL BOTELHO MACHADO –
JUAREZ TAVARES - UERJ
CLARISSE MEIRELES – Jornalista
HELOISA FERNANDES - Socióloga/SP
ARLETE MOYSÉS RODRIGUES – UNICAMP
HELOISA MARQUES GIMENEZ – UNB
FLAVIO WOLF AGUIAR – USP
FERNANDO MATTOS - UFF
BRUNO DE CONTI - UNICAMP
JOSÉ EDUARDO ROSELINO - UFSCAR
ARIOVALDO DOS SANTOS - FEA/USP
LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE
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