20 novembro
2014, Jornal Noticiashttp://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)
Os cientistas e pesquisadores podem
prestar o seu contributo para a manutenção da paz nos países do mundo através
da identificação e promoção de formas de diálogo como o mecanismo ideal para
solucionar os diferendos que causam instabilidades.
Esta posição foi defendida ontem pelo
investigador Armindo Ngunga, director do Centro dos Estudos Africanos (CEA) da
Universidade Eduardo Mondlane (UEM), na abertura da III conferência
internacional do CEA subordinada ao tema “Dinâmicas Sociais em África: rupturas
e continuidades”.
Armindo Ngunga referiu que para tal, os
cientistas e investigadores precisam encontrar os melhores caminhos para que os
fazedores de políticas e os governantes encontrem vantagens ao resolver os
diferendos pela via do diálogo.
O pesquisador apontou como exemplo as
independências africanas, nalguns países conquistadas por via de conversações
dirigidas por alguns académicos que lideravam os movimentos contra a
colonização.
“São alguns dos benefícios que colhemos
nos últimos 50 anos como resultado da intervenção da ciência”, disse Armindo
Ngunga, esclarecendo que são estes casos que a III conferência internacional do
CEA pretende trazer a reflexão.
“Queremos reflectir sobre a história de
vida, aquilo que os pesquisadores fizeram em África e Moçambique em particular
nos últimos 50 anos. Nesse período registamos muitos avanços e retrocessos para
os quais vamos procurar soluções”, afirmou.
Entre os avanços registados no período m
alusão o director da CEA apontou as independências dos países africanos, as
democracias e o multipartidarismo, as liberdades dos cidadãos que contribuíram
para o actual estágio de vida.
Referiu-se aos golpes de estado no período
pós independência, as guerras de desestabilização e as ameaças que pairam sobre
os países africanos como alguns dos retrocessos que o continente está a
registar.
“É nestas situações em que nos propusemos
a reflectir e buscar propostas de solução de forma a garantir a estabilidade e
a paz que os cidadãos precisam para se desenvolver”, referiu.
Falando na abertura da conferência, o
reitor da UEM, Orlando Quilambo, reafirmou que aquela instituição está a
trabalhar para se tornar num centro, por excelência, de investigação, com
alicerces na produção e disseminação de conhecimentos científico-tecnológico
orientado para a solução dos problemas da sociedade.
Quilambo refere que a realização desta
conferência mostra a persistência do CEA em colocar-se no patamar das
instituições de investigação, pois o trajecto iniciado vai mostrando que esta
iniciativa veio para ficar.
Assim, segundo Quilambo, a diversidade
temática desta conferência tem em vista e permite discutir de forma holística e
interdisciplinar os temas apresentados e criar plataformas sustentáveis de
solução dos problemas que o futuro augura.
A III conferência internacional do CEA
será constituída pela apresentação de temas específicos e debates paralelos
sobre matérias ligadas as dinâmicas sociais de África. Entre os oradores
destacam-se o jurista sul-africano Albie Sachs, que ontem proferiu uma palestra
subordinada ao tema “Uma visão emancipatória do estado de direito” e a
investigadora guineense Patrícia Gomes que vai apresentar o tema “De
combatentes a cidadãs: vozes femininas e processos históricos nos PALOP. Exemplo
da Guiné-Bissau”.
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