2 de Novembro de 2014, Rádio Moçambique http://www.rm.co.mz
O governo moçambicano está satisfeito com um acordo
alcançado entre duas companhias estrangeiras para a construção conjunta de
complexos de liquefacção de gás no norte do país, disseram fontes da indústria
de exploração de gás. O acordo preliminar foi alcançado entre a companhia
americana Anadarko e a italiana ENI.
Fontes da indústria de gás disseram que o acordo de
colaboração é algo de invulgar na indústria de exploração de gás mas que ao
assinarem o acordo, a Anadarko e a ENI respondiam a pressões do governo
moçambicano que quer impedir que na exploração do gás se repita o que aconteceu
na exploração do carvão na província de Tete com as a companhias a
desenvolverem separadamente as suas próprias infra-estruturas.
Segundo um comunicado da
Anadarko esta companhia e a ENI
concordaram em “coordenar o desenvolvimento de reservatórios de gás natural
comuns na zona offshore 1 operada pela Anadarko e a zona offshore 4 operada
pela ENI”.
As duas companhias, disse o comunicado, vão levar a cabo
“actividades separadas mas coordenadas de desenvolvimento off shore” e ao mesmo
tempo – e aqui a importância do comunicado – “vão planear e construir em
conjunto complexos de liquefacção" na província de Cabo Delgado”.
Aliás foram já dados a conhecer concursos para o desenho
e construção desses complexos.
Projecto de liquefacçao de gás
Inicialmente prevê-se a construção de dois complexos com
a capacidade de produção anual cada um de cinco milhões de toneladas de gás
liquefeito. Cada complexo, ou “train” na língua inglesa, custa entre quatro a
cinco mil milhões de dólares.
Contudo o plano total para o desenvolvimento do gás do
norte de Moçambique prevê a construção 10 desses complexos o que tornará a zona
no segundo maior complexo de liquefacção de gás do mundo a seguir ao Qatar. Os
investimentos para isso deverão portanto totalizar cerca de 50 mil milhões de
dólares.
Os depósitos de gás são tão abundantes que a Anadarko
disse que a companhia está agora a considerar “Joint Ventures” para financiar
até um terço dos seus interesses em Moçambique. Uma “Joint Venture” iria ajudar
a Anadarko com os custos de desenvolver as reservas enormes ao largo de
Moçambique e reduzir também os seus riscos.
Analistas afirmam que a Anadarko não deverá ter problemas
em atrair outras companhias e alguns desses analistas afirmam que a SHELL
poderá estar interessada.
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Moçambique vai fornecer gás natural à China
A China, que tem actualmente em Angola um dos seus principais
fornecedores de petróleo, está-se a posicionar para no futuro ter Moçambique
como uma importante fonte de fornecimento de gás natural.
Para assegurar financiamento para o grande investimento necessário
à extracção e exportação de gás natural, a petrolífera norte-americana Anadarko
Petroleum está já no mercado a negociar contratos de longo prazo, tendo um dos
cinco primeiros a ser fechado sido, de acordo com a agência financeira Reuters,
com a China National Offshore Oil Corp.
A petrolífera estatal CNOOC negociou a compra anual de entre 2
milhões e 2,5 milhões de toneladas de gás, um quarto da capacidade de produção
da primeira unidade de liquidificação associada à Área 1 da bacia do Rovuma,
cuja exploração é liderada pela Anadarko.
O interesse de petrolíferas chinesas no gás natural de Moçambique
tinha já resultado na compra pela Sinopec à petrolífera italiana ENI de uma
participação de 20% na Área 4, vizinha da explorada pela Anadarko, por 4,2 mil
milhões de dólares.
O negócio é uma forma de mobilizar meios de investimento e também
elevar a apetência da China pela produção do gás natural.
Fonte ligada à Área 1 disse à Reuters que os termos do acordo com a
CNOOC estavam delineados há algum tempo e que apenas se aguardava por uma
“decisão final de investimento em relação ao projecto”.
Mercado de gás natural com as maiores taxas de crescimento em todo
o mundo, a China tem vindo a assegurar contratos também nos Estados Unidos e
pode agora assumir um papel de destaque em Moçambique.
A folha de informação Africa Monitor afirmou que o presidente da
Anadarko Petroleum, Al Walker, anunciou formalmente às autoridades, numa viagem
a Maputo há alguns meses, que estavam garantidos compradores, todos asiáticos,
para 2/3 da produção da unidade de liquidificação em construção.
Entre os outros acordos preliminares agora firmados estão um pelos
Emirados Árabes Unidos, sendo todos os restantes asiáticos: a indonésia
Pertamina, a tailandesa PTT, Japão e Índia.
A primeira unidade de liquidificação na Área 1 da bacia do Rovuma
terá uma capacidade de produção de perto de 10 milhões de toneladas anuais, a
partir de 2021, representando um investimento de 23 mil milhões de dólares.
O Standard Bank informou que a exportação de gás natural renderá 67
mil milhões de dólares a Moçambique e que, com seis unidades de liquidificação
em funcionamento, o rendimento atingirá 212 mil milhões de dólares.
A Anadarko Petroleum tem como parceiros na Área 1 a Mitsui, Oil
India Limited, Bharat PetroResources, PTT e a petrolífera estatal moçambicana
ENH.
Recentemente, o governo de Moçambique elevou de 170 biliões para
200 biliões de pés cúbicos as previsões sobre a quantidade de gás natural
existente na bacia do Rovuma.
Sobre o desenvolvimento dos projectos de hidrocarbonetos do Rovuma,
a ministra dos Recursos Naturais, Esperança Bias, apontou um investimento
mínimo de cinco mil milhões de dólares para o seu início, mas que “irá subir
com as projectadas fábricas [de liquidificação de gás natural] de Palma.”
(Macauhub/CN/MZ)
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