segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Moçambique/Diferentes áreas do saber: FADM especializa oficiais

24 Novembro 2014, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

Pelo menos 140 oficiais superiores e subalternos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) concluíram, na passa sexta-feira, cursos de capacitação em diversas áreas do saber militar e civil.

Trata-se de especializações em áreas de Alto Comando; Estado-maior Conjunto, Adequação de Quadros, para além de alguns terem participado numa capacitação por terem sido promovidos a oficiais.

Os cursos, cujo encerramento foi dirigido pelo Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, Armando Guebuza, tiveram lugar no Instituto Superior de Estudos de Defesa “Tenente-General Armando Emílio Guebuza” (ISUDEF), localizado no posto administrativo da Machava, província de Maputo.
  
Tratou-se, efectivamente, de uma cerimónia carregada de solenidade e emoção, onde, para além do Chefe do Estado, contou com a presença do titular da pasta da Defesa Nacional, Agostinho Mondlane, e de responsáveis militares e da Polícia da República de Moçambique a vários níveis.
Na ocasião, o Comandante do Instituto, Major-General Daniel Frazão Chale, disse que a instituição que dirige tem cultivado, nos seus alunos, os valores do patriotismo, da honra, ética, liderança, inovação e rigor.

“Neste final de 2014, e quando o mundo continua a ser marcado pela instabilidade, pela era da informação e pelas ameaças globais, Moçambique enfrenta acrescidos desafios, em especial do foro da instabilidade, do desenvolvimento socioeconómico e financeiro que directa ou indirectamente estão relacionados com a segurança e bem-estar dos seus cidadãos”, afirmou Chale.

O comandante do instituto referiu ainda que é neste ambiente interno e externo que a preparação dos oficiais das FADM torna-se ainda desafiante, no sentido de formar oficiais com “saber e carácter”.

“Como escola de comandantes e como instituto do Ensino Superior Público Universitário Militar, o ISUDEF sustenta esse saber e carácter no dia-a-dia, na excelência do seu ensino, na formação, na qualificação, na investigação, na capacidade de mobilizar o conhecimento, no “saber pensar” e na interiorização dos valores e condutas distintivos da instituição militar”, disse.

A fonte, aproveitando-se do encerramento dos cursos ministrados este ano pela sua instituição, fez “um balanço sintético” das actividades desenvolvidas neste ano, tendo destacado os quatro cursos encerrados sexta-feira, e o facto de em 2014 terem sido iniciados outros sete cursos, todos de nível de mestrado, a saber: História Militar de Moçambique; Luta de Libertação Nacional na África Austral; Direito e Segurança; Paz, Guerra e Desenvolvimento Económico; Relações Internacionais (RI), Negócios, Liderança Internacional; e RI, Negócios, Empreendedorismo e Inovações Internacionais.

PR enaltece papel das FADM
O Presidente Armando Guebuza congratulou-se com o facto de as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estarem a saber colocar-se ao nível dos desafios que a política nacional para o sector lhes coloca: a prontidão combativa, o aumento do caudal de formação, a diferentes níveis e áreas de formação, o reequipamento dos seus ramos e a reabilitação de infra-estruturas.

Segundo Guebuza, as FDS têm sabido aliar, criativamente, o sentido restrito e o sentido lato do conceito de defesa e segurança através, por exemplo, da logística de produção, de relações civis-militares e com a sua participação em missões humanitárias e de apoio à paz.

Numa breve dissertação sobre estes dois conceitos de defesa e segurança, o Chefe do Estado começou por considerar aquele acto de encerramento uma importante ocasião para partilha de reflexões, desafios superados e perspectivas para o sector.

Assim, referiu que a Política Nacional de Defesa e Segurança, aprovada pela Lei 17/97, de 1 de Outubro, no contexto do artigo 59 da Constituição da República, visa “defender a Independência Nacional, preservar a soberania e integridade do país, e garantir o funcionamento normal das instituições e a segurança dos cidadãos”.

Segundo Guebuza, que também é Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, este postulado demonstra como o conceito de defesa e segurança vai para além do aparato organizacional das FDS.

“Com efeito, não é apenas no quadro legislativo que se tem este entendimento mas também a nível teórico, como nesta instituição de ensino militar e a nível político, como temos demonstrado desde que decidimos que Moçambique é nosso e a nós cabia a sua libertação e hoje cabe o seu desenvolvimento”, disse.

Falam os cursantes
EM mensagens separadas, apresentadas na ocasião, os recém-formados afirmaram-se munidos de conhecimentos indispensáveis para a planificação e aproveitamento estratégico-operacional de forças militares e em operações conjuntas.

Segundo afirmaram, aprenderam que, para a realização das suas actividades, exigem-se elevados padrões de comportamento e competência, que se traduzem na rapidez de pensamento e flexibilidade na acção para o cumprimento, com êxito, das suas obrigações. 
Enalteceram a decisão do Estado moçambicano de prover o país de um ISUDEF, pois este estabelecimento educacional permite elevar o seu nível de saber fazer e melhorar a sua capacidade.

“A nossa formação, neste instituto, não se limitou apenas às actividades lectivas de ciência e arte militares. Constituiu, também, um momento de mútuo conhecimento entre moçambicanos oriundos de diferentes pontos do nosso país, aprofundando a unidade nacional e o patriotismo, valores que nos caracterizam e nos unem”, lê-se na mensagem dos oficiais finalistas do 1.º Curso de Mestrado em Ciências Militares.

Aliás, a opinião do colectivo foi corroborada por alguns refém-formados contactados pela nossa Reportagem, como é o caso de Arnaldo Pedro Manuel, Tenente-Coronel, da Força Aérea, que participou no curso sobre Comando Conjunto.

Depois de fazer um balanço positivo da sua capacitação, Arnaldo Manuel afirmou que tendo um curso superior era importante uniformizar procedimentos entanto que profissional das Forças Armadas, assim como uniformizar os procedimentos a nível do Continente Africano.

“Por outro lado, estou seguro que a partir deste curso fico à disposição do Estado-maior General para o cumprimento de qualquer missão que me for incumbida”, sublinhou o nosso interlocutor.

De acordo com aquele oficial superior das FADM constituem desafios para si e para a instituição que representa trabalhar para a consolidação da paz e da unidade nacional. “Pessoalmente, o desafio que tenho pela frente é estudar para atingir o grau de doutor na área (jurista) que desde pequeno abracei como militar e contribuir para que o país continue e reforce o facto de estar a ter gente capaz, que sabe fazer e gente que sabe estar”.

“Sinto que para a corporação, o grande objectivo é ajudar a consolidar a paz e estabilidade no país. É que as Forças Armadas, antes de tudo, devem ser consideradas como um embrião em que todas as etnias deste Moçambique se unem e forjam a unidade nacional. Encontramos a solidificação da unidade nacional nas FADM”, frisou.
Por sua vez, Violenta Mainala, enfermeira especialista em administração e gestão de enfermagem e licenciada em recursos humanos, afirmou que o curso de Mestrado em Ciências Militares foi muito importante porque, primeiro, é o primeiro do género em Moçambique, e serviu para aumentar os seus conhecimentos na área militar.

“Sou especialista na área de saúde mas precisava de adquirir mais conhecimentos na componente militar por ser militar. Neste contexto, o curso que acabei de realizar foi uma mais-valia para a minha carreira”, disse para depois acrescentar que “o que me marcou foi a doutrina da NATO porque no passado tínhamos a doutrina de Varsóvia. Com este curso sinto-me capaz de trabalhar em outros países que usam a mesma doutrina e capaz de intervir no âmbito internacional”.

Esta tenente-coronel assegurou que vai aplicar os conhecimentos que adquiriu em cada passo do seu trabalho.

Sobre os desafios das FADM, a fonte foi peremptória ao afirmar que estas têm o papel de reforçar, cada vez mais, a unidade nacional, pois elas devem continuar a ser o espelho da união entre os moçambicanos.

Para o Tenente-Coronel Moisés Alberto, assistente do chefe de Estado-maior General, a formação que acabava de concluir foi muito importante, não só do ponto de vista militar, como também académico.

“O curso compreendeu uma grelha de conteúdos que abrangia matérias relacionadas com a área marcadamente militar mas também tínhamos matérias de outras componentes como direito administrativo, direito castrense, entre outros”, afirmou o oficial que é licenciado em ensino de português.

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