Pelo menos 140 oficiais superiores e
subalternos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) concluíram, na
passa sexta-feira, cursos de capacitação em diversas áreas do saber militar e
civil.
Trata-se de especializações em áreas de Alto
Comando; Estado-maior Conjunto, Adequação de Quadros, para além de alguns terem
participado numa capacitação por terem sido promovidos a oficiais.
Os cursos, cujo encerramento foi dirigido
pelo Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e
Segurança, Armando Guebuza, tiveram lugar no Instituto Superior de Estudos de
Defesa “Tenente-General Armando Emílio Guebuza” (ISUDEF), localizado no posto
administrativo da Machava, província de Maputo.
Tratou-se, efectivamente, de uma cerimónia
carregada de solenidade e emoção, onde, para além do Chefe do Estado, contou
com a presença do titular da pasta da Defesa Nacional, Agostinho Mondlane, e de
responsáveis militares e da Polícia da República de Moçambique a vários níveis.
Na ocasião, o Comandante do Instituto,
Major-General Daniel Frazão Chale, disse que a instituição que dirige tem cultivado,
nos seus alunos, os valores do patriotismo, da honra, ética, liderança,
inovação e rigor.
“Neste final de 2014, e quando o mundo
continua a ser marcado pela instabilidade, pela era da informação e pelas
ameaças globais, Moçambique enfrenta acrescidos desafios, em especial do foro
da instabilidade, do desenvolvimento socioeconómico e financeiro que directa ou
indirectamente estão relacionados com a segurança e bem-estar dos seus
cidadãos”, afirmou Chale.
O comandante do instituto referiu ainda que é
neste ambiente interno e externo que a preparação dos oficiais das FADM
torna-se ainda desafiante, no sentido de formar oficiais com “saber e
carácter”.
“Como escola de comandantes e como instituto
do Ensino Superior Público Universitário Militar, o ISUDEF sustenta esse saber
e carácter no dia-a-dia, na excelência do seu ensino, na formação, na
qualificação, na investigação, na capacidade de mobilizar o conhecimento, no
“saber pensar” e na interiorização dos valores e condutas distintivos da
instituição militar”, disse.
A fonte, aproveitando-se do encerramento dos
cursos ministrados este ano pela sua instituição, fez “um balanço sintético”
das actividades desenvolvidas neste ano, tendo destacado os quatro cursos
encerrados sexta-feira, e o facto de em 2014 terem sido iniciados outros sete
cursos, todos de nível de mestrado, a saber: História Militar de Moçambique;
Luta de Libertação Nacional na África Austral; Direito e Segurança; Paz, Guerra
e Desenvolvimento Económico; Relações Internacionais (RI), Negócios, Liderança
Internacional; e RI, Negócios, Empreendedorismo e Inovações Internacionais.
PR enaltece papel das FADM
O Presidente Armando Guebuza congratulou-se
com o facto de as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estarem a saber colocar-se
ao nível dos desafios que a política nacional para o sector lhes coloca: a
prontidão combativa, o aumento do caudal de formação, a diferentes níveis e
áreas de formação, o reequipamento dos seus ramos e a reabilitação de
infra-estruturas.
Segundo Guebuza, as FDS têm sabido aliar,
criativamente, o sentido restrito e o sentido lato do conceito de defesa e
segurança através, por exemplo, da logística de produção, de relações
civis-militares e com a sua participação em missões humanitárias e de apoio à
paz.
Numa breve dissertação sobre estes dois
conceitos de defesa e segurança, o Chefe do Estado começou por considerar
aquele acto de encerramento uma importante ocasião para partilha de reflexões,
desafios superados e perspectivas para o sector.
Assim, referiu que a Política Nacional de
Defesa e Segurança, aprovada pela Lei 17/97, de 1 de Outubro, no contexto do
artigo 59 da Constituição da República, visa “defender a Independência
Nacional, preservar a soberania e integridade do país, e garantir o
funcionamento normal das instituições e a segurança dos cidadãos”.
Segundo Guebuza, que também é
Comandante-em-Chefe das Forças de Defesa e Segurança, este postulado demonstra
como o conceito de defesa e segurança vai para além do aparato organizacional
das FDS.
“Com efeito, não é apenas no quadro
legislativo que se tem este entendimento mas também a nível teórico, como nesta
instituição de ensino militar e a nível político, como temos demonstrado desde
que decidimos que Moçambique é nosso e a nós cabia a sua libertação e hoje cabe
o seu desenvolvimento”, disse.
Falam os cursantes
EM mensagens separadas, apresentadas na
ocasião, os recém-formados afirmaram-se munidos de conhecimentos indispensáveis
para a planificação e aproveitamento estratégico-operacional de forças militares
e em operações conjuntas.
Segundo afirmaram, aprenderam que, para a
realização das suas actividades, exigem-se elevados padrões de comportamento e
competência, que se traduzem na rapidez de pensamento e flexibilidade na acção
para o cumprimento, com êxito, das suas obrigações.
Enalteceram a decisão do Estado moçambicano
de prover o país de um ISUDEF, pois este estabelecimento educacional permite
elevar o seu nível de saber fazer e melhorar a sua capacidade.
“A nossa formação, neste instituto, não se limitou
apenas às actividades lectivas de ciência e arte militares. Constituiu, também,
um momento de mútuo conhecimento entre moçambicanos oriundos de diferentes
pontos do nosso país, aprofundando a unidade nacional e o patriotismo, valores
que nos caracterizam e nos unem”, lê-se na mensagem dos oficiais finalistas do
1.º Curso de Mestrado em Ciências Militares.
Aliás, a opinião do colectivo foi corroborada
por alguns refém-formados contactados pela nossa Reportagem, como é o caso de
Arnaldo Pedro Manuel, Tenente-Coronel, da Força Aérea, que participou no curso
sobre Comando Conjunto.
Depois de fazer um balanço positivo da sua
capacitação, Arnaldo Manuel afirmou que tendo um curso superior era importante
uniformizar procedimentos entanto que profissional das Forças Armadas, assim
como uniformizar os procedimentos a nível do Continente Africano.
“Por outro lado, estou seguro que a partir
deste curso fico à disposição do Estado-maior General para o cumprimento de
qualquer missão que me for incumbida”, sublinhou o nosso interlocutor.
De acordo com aquele oficial superior das
FADM constituem desafios para si e para a instituição que representa trabalhar
para a consolidação da paz e da unidade nacional. “Pessoalmente, o desafio que
tenho pela frente é estudar para atingir o grau de doutor na área (jurista) que
desde pequeno abracei como militar e contribuir para que o país continue e
reforce o facto de estar a ter gente capaz, que sabe fazer e gente que sabe
estar”.
“Sinto que para a corporação, o grande objectivo
é ajudar a consolidar a paz e estabilidade no país. É que as Forças Armadas,
antes de tudo, devem ser consideradas como um embrião em que todas as etnias
deste Moçambique se unem e forjam a unidade nacional. Encontramos a
solidificação da unidade nacional nas FADM”, frisou.
Por sua vez, Violenta Mainala, enfermeira
especialista em administração e gestão de enfermagem e licenciada em recursos
humanos, afirmou que o curso de Mestrado em Ciências Militares foi muito
importante porque, primeiro, é o primeiro do género em Moçambique, e serviu
para aumentar os seus conhecimentos na área militar.
“Sou especialista na área de saúde mas
precisava de adquirir mais conhecimentos na componente militar por ser militar.
Neste contexto, o curso que acabei de realizar foi uma mais-valia para a minha
carreira”, disse para depois acrescentar que “o que me marcou foi a doutrina da
NATO porque no passado tínhamos a doutrina de Varsóvia. Com este curso sinto-me
capaz de trabalhar em outros países que usam a mesma doutrina e capaz de
intervir no âmbito internacional”.
Esta tenente-coronel assegurou que vai
aplicar os conhecimentos que adquiriu em cada passo do seu trabalho.
Sobre os desafios das FADM, a fonte foi
peremptória ao afirmar que estas têm o papel de reforçar, cada vez mais, a
unidade nacional, pois elas devem continuar a ser o espelho da união entre os
moçambicanos.
Para o Tenente-Coronel Moisés Alberto,
assistente do chefe de Estado-maior General, a formação que acabava de concluir
foi muito importante, não só do ponto de vista militar, como também académico.
“O curso compreendeu uma grelha de conteúdos
que abrangia matérias relacionadas com a área marcadamente militar mas também
tínhamos matérias de outras componentes como direito administrativo, direito
castrense, entre outros”, afirmou o oficial que é licenciado em ensino de
português.
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