28 junho 2008
“Nem perguntei (a Rogério Lobato) se ele vai voltar ou não porque ele, que já não é recluso, faz a vida onde ele quiser”, respondeu hoje Mari Alkatiri a uma questão da agência Lusa sobre os planos imediatos do ex-ministro do Interior.
“Mas acho que ele, como patriota que é, vai regressar sim senhor”, declarou o ex-primeiro-ministro.
Mari Alkatiri, que chefiou o I Governo Constitucional em que a pasta do Interior era ocupada por Rogério Lobato, regressou hoje de uma viagem de quase cinco semanas a Moçambique, Angola, Portugal e Estados Unidos da América.
Na escala de um dia em Bali, Indonésia, obrigatória para todos os passageiros com destino a Díli, Mari Alkatiri encontrou-se sexta-feira com o seu ex-ministro do Interior.
Rogério Lobato foi condenado em Março de 2007 a sete anos e meio de prisão mas ausentou-se para tratamento médico na Malásia em Agosto, até que, há duas semanas, um indulto presidencial o colocou em liberdade condicional.
O ex-ministro encontra-se desde então em férias em Bali, onde esta semana recebeu também a visita do bispo de Baucau, Basílio do Nascimento.
Numa conferência de imprensa que começou e terminou em comício, na sede do Comité Central da Fretilin, Mari Alkatiri exigiu e prometeu legislativas antecipadas, criticou o Governo e acusou a existência em Timor-Leste de “um novo Calígula”.
Mari Alkatiri acusou também o governo do primeiro-ministro Xanana Gusmão de viver “uma orgia de poder”.
“O país está a ser governado por um governo ilegítimo, ilegal e que, acima de tudo, não tem capacidade de governar”, acusou Mari Alkatiri, explicando a “situação” que transmitiu aos seus interlocutores no estrangeiro.
“O Governo já estava a gastar, num ano, (o equivalente a )quatro ou cinco anos do meu orçamento, quando eu era primeiro-ministro”, acrescentou Mari Alkatiri, referindo os valores do Orçamento Geral do Estado de 2008 e o Orçamento Rectificativo, que, segundo o líder da Fretilin, somam quase 800 milhões de dólares (507,9 milhões de euros).
“Xanana Gusmão que pense um bocadinho. Não há outro caminho se não eleições antecipadas. E vão mesmo acontecer, não tenho dúvidas nenhumas”, afirmou Mari Alkatiri.
Ao lado do secretário-geral da Fretilin estava o presidente do partido, Francisco Guterres “Lu Olo”, e os presidentes da Associação Social Democrática Timorense (ASDT), Francisco Xavier do Amaral, e do partido KOTA, Manuel Tilman, e o vice-presidente do Partido Popular Timorense (PPT, que forma com o KOTA a Aliança Democrática-AD), Francisco Pinto.
Francisco Xavier do Amaral, primeiro chefe de Estado timorense em 1975, afirmou que “a ASDT está com a Fretilin” e, numa longa intervenção, explicou que espera ainda uma “alteração de caminho nos próximos meses” do Governo da Aliança para Maioria Parlamentar (AMP, de que a ASDT faz parte).
Para Mari Alkatiri, a presença dos quatro partidos na conferência de imprensa “não é uma plataforma (eleitoral). Acho preferível definir isto como o trampolim que vai dar o salto”.
O líder da Fretilin aplaudiu a decisão de José Ramos-Horta em não se candidatar a um cargo das Nações Unidas, em Genebra, e de continuar na chefia do Estado.
“O nosso país ainda é frágil. Paz e estabilidade ainda são frágeis”, afirmou Mari Alkatiri.
“O Presidente é a única figura que, apesar de se ter candidatado contra o nosso candidato, ganhou. Ele merece o nosso apoio para ajudarmos a estabilizar o país, porque o Governo não reconhecemos. Parlamento, naturalmente reconhecemos”, explicou o secretário-geral da Fretilin.
“Tendo sido convidado, recusou. Então, está de parabéns”, concluiu Mari Alkatiri. (Notícias Lusófonas)
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