quinta-feira, 12 de junho de 2008

Presença crescente da China na África de língua portuguesa terá para Portugal benefícios indirectos - investigador

Cidade do Cabo, África do Sul, 12 junho 2008 - A presença crescente da China na África de língua portuguesa trará benefícios para Portugal, mas apenas de forma indirecta, por via da capacidade acrescida que aqueles países terão para consumir e investir, afirmou quarta-feira na Cidade do Cabo um investigador português.

Luís Brites Pereira, economista e director do Centro para a Globalização e Governação da Universidade Nova de Lisboa, orador principal no debate sobre "O papel da China no financiamento do desenvolvimento de África" realizado no âmbito da conferência do Banco Mundial sobre desenvolvimento, a decorrer na Cidade do Cabo, África do Sul, os chineses "actuam por interesses bilaterais, país a país".

"O benefício (para Portugal) é mais indirecto do que directo. Quando os países de língua portuguesa estão bem vão querer comprar coisas, investir, e isso também é bom para Portugal (…) Penso que os chineses não precisam de facilitadores. Eles têm o dinheiro, têm as necessidades e a capacidade de ir à procura e montar os negócios. Nesse aspecto não têm precisado de Portugal e podem lidar directamente com os países que lhes interessam", considerou.

O investigador, que está a orientar o primeiro estudo sobre os resultados práticos da utilização de Macau como plataforma para os investimentos chineses na África lusófona, sublinhou: "Não me surpreenderia se esse estudo viesse a revelar que (os chineses) ultrapassam ou não dão o devido papel a esse fórum de Macau".

O investigador português, autor de um estudo sobre as motivações do investimento chinês em África a ser apresentado quinta-feira na Cidade do Cabo, identificou, no entanto, o "padrão" da estratégia de Pequim no continente.
(macauhub)

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