quinta-feira, 12 de junho de 2008

África do Sul/violência: Maputo quer emprego para vítimas de xenofobia

Maputo, 12 junho 2008 - A Primeira-ministra de Moçambique, Luísa Diogo, apontou como prioridade a criação de emprego para os moçambicanos obrigados a fugir da África do Sul, devido à violência xenófoba, "para que não se sintam tentados a voltar para lá".

"A grande solução neste momento é criar emprego, para que os moçambicanos vítimas de xenofobia na África do Sul não se sintam tentados a voltar", afirmou Luísa Diogo em declarações à imprensa quarta-feira em Maputo, após um encontro com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga.

Segundo dados oficiais, 17 moçambicanos morreram e mais de 30 mil voltaram ao país, na sequência de ataques contra estrangeiros na África do Sul, que resultaram em mais de 60 mortos e levaram à fuga de milhares de estrangeiros, para centros de refugiados internos e países vizinhos.

Alertando para a necessidade de não prejudicar os moçambicanos que nunca emigraram ou que já se encontravam no país antes da violência xenófoba na África do Sul, a Primeira-ministra moçambicana defendeu a rápida integração das vítimas de xenofobia nas acções de desenvolvimento económico no país.

"Não defendemos que se criem iniciativas económicas em que participem apenas os moçambicanos regressados da África do Sul, porque isso seria discriminação em relação aos outros compatriotas, mas temos de compreender que as vítimas de xenofobia na África do Sul perderam tudo", enfatizou Luísa Diogo.

"É importante que os moçambicanos que pretendem ficar no seu país aqui trabalhem, sem se pensar em desencorajar os que estão lá fora e querem continuar no estrangeiro", realçou Diogo, fazendo depois uma comparação com Portugal, "que conta com mais de cinco milhões de portugueses no estrangeiro".

A Primeira-ministra de Moçambique reiterou que o seu Governo não está a analisar qualquer exigência de compensação à África do Sul pelas mortes de moçambicanos e prejuízos materiais na sequência da violência xenófoba.

"O nosso trabalho com o Governo da África do Sul é no sentido de que os moçambicanos que ainda lá se encontram e que desejam ficar o façam em segurança", afirmou Luísa Diogo, elogiando depois "a preocupação" manifestada pelas autoridades sul-africanas em relação ao problema. (AngolaPress)

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