27 08 2019, Tlaxcala (México)
http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=26833
Tlaxcala,
a rede internacional de tradutores pela diversidade linguística
Dilma
Rousseff
A
devastação da floresta amazônica é uma face assustadora da destruição da
soberania nacional. É um crime de lesa-pátria cometido pelo governo Bolsonaro.
A derrubada de árvores e as queimadas, sob a inoperância tolerante do
governo, representam uma agressão à soberania nacional tão grave como a
venda de empresas públicas estratégicas brasileiras como a Petrobrás, prevista
para ocorrer até 2022. A catástrofe ambiental e as privatizações são perigosas,
porque algumas decisões econômicas podem ser revistas e revogadas, mas a
extinção da maior floresta tropical do mundo e a venda da sétima empresa de
petróleo do planeta são irreversíveis.
Não é
coincidência que, num mesmo dia, o governo neofascista tenha acusado
organizações sociais que defendem a Amazônia de autoras dos incêndios
florestais e anunciado a privatização de 17 empresas públicas, acenando ainda
com a venda da Petrobras, a maior empresa brasileira. Trata-se de um projeto de
destruição do Brasil – tanto de suas empresas quanto de suas riquezas naturais.
A defesa
da Amazônia ganhou caráter de urgência, questão imediata a ser
enfrentada já,
antes que seja tarde demais. Em um ano, foram registrados mais de 72 mil focos
de incêndio na região ambientalmente mais rica do Brasil. Só esta semana, houve
68 grandes focos de incêndios em áreas indígenas e unidades de preservação,
verificados por imagens de satélite – um aumento de 70% desde o ano passado.
Não é por
acaso que grandes incêndios ocorram em áreas indígenas e de proteção ambiental.
Também não é sem motivo que os incêndios atinjam as áreas de maior registro de
desmatamento. Isto é efeito da política ambiental desastrosa do governo que
acabou com a fiscalização e das manifestações de Bolsonaro contra a existência
de reservas indígenas, de tolerância à grilagem e defesa da exploração mineral
das terras que deveriam ser protegidas. Bolsonaro é exemplo de destruição e
morte. Quando fala suas barbaridades sobre meio ambiente, autoriza a sua
destruição por grileiros, invasores, contrabandistas e toda espécie de
criminosos aproveitadores.
As insanidades
pronunciadas por Bolsonaro, dia sim, dia também, estão levando o Brasil a
perder mais do que os R$ 283 bilhões do Fundo Amazônia, que a Noruega e a
Alemanha suspenderam por não confiar no governo. O Brasil perde credibilidade
perante a comunidade internacional, perde riqueza ambiental para sua população
e o mundo, assim como perde empresas estatais para investidores estrangeiros e
perderá, sem dúvida, fatias relevantes de mercado para seus produtos de
exportação.
Bolsonaro
mente quando diz que o governo dele está fazendo sua parte em defesa do meio
ambiente. Ele se apropria de dados antigos e de resultados que não são seus. O
desmatamento aumentou 278% do ano passado até julho deste ano. Já havia
crescido durante o governo que assumiu em 2016 por meio de um golpe de estado
que me tirou do cargo para o qual havia sido eleita, sem que tivesse cometido
qualquer crime. E se tornou praticamente incontrolável desde a posse de
Bolsonaro.
Não era
assim quando o Brasil tinha governos progressistas e populares. O governo Lula
e o meu governo reduziram o desmatamento da Amazônia em 82%. Nosso esforço foi
reconhecido pela ONU, em 2014, como um exemplo a ser seguido pelo mundo. “As
mudanças na Amazônia brasileira na década passada e sua contribuição para retardar
o aquecimento global não têm precedentes”, dizia o relatório das Nações Unidas.
A defesa
da Amazônia é questão fundamental. Neste momento, o coração do planeta queima e
sangra, precisa ser protegido de seus inimigos, entre os quais está, por mais
espantoso que pareça, o atual governo brasileiro. Por isto, temos de ir às ruas
para as manifestações marcadas para amanhã à tarde em São Paulo, Rio de
Janeiro, Brasília e outras cidades do Brasil e do mundo.
Defender
a Amazônia é defender a soberania nacional.
Lutar
pela soberania é lutar pela Amazônia.
Fonte: http://dilma.com.br/soberania-queima-junto-com-amazonia-e-venda-da-petrobras/
Data de publicação do artigo original: 22/08/2019
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