23 de agosto de 2019, 11:13 h Brasil 247 (Brasil)
Repúdio ao governo Bolsonaro espalha-se pelo
mundo: começam a circular nas redes sociais convocações para um boicote a
produtos do Brasil por causa do desmatamento na Amazônia. A hashtag
#BoycottBrazil se espalha no Twitter. Alemanha e Noruega suspenderam repasses
de quase R$ 300 milhões para projetos de conservação da floresta. Mídia
estrangeira cobra sanções ao Brasil. França está abandonando acordo entre União
Europeia e Mercosul
VIDEO
247 - Começam a circular nas redes
sociais convocações para um boicote a produtos do Brasil por causa do aumento
do desmatamento na Amazônia. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) havia alertado que a destruição em junho cresceu 88% e em julho 278% na
comparação com iguais períodos de 2018. A hashtag #BoycottBrazil começa a
se
espalhar. Usuários do Twitter escrevem coisas do tipo (em inglês).
"Não
vou comprar nada do Brasil até que essa loucura acabe. #boicoteoBrasil nem vou assistir a vídeos do
Ronaldo no YouTube (I am not going to buy anything from #brazil until this
madness stops. #boycottbrazil I´m not even going to watch youtube videos
of@Ronaldo)", diz o texto. Os relatos das redes sociais foram
publicados na coluna
de Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo.
Por causa
do desmatamento, a Alemanha anunciou a suspensão de quase R$ 155 milhões
destinados a projetos de preservação ambiental da Amazônia e a Noruega anunciou
o bloqueio de cerca de R$ 133 milhões, destinados ao Fundo Amazônia. A França
anunciou nesta sexta (23) que está abandonando acordo entre União Europeia e
Mercosul devido à devastação (aqui).
Asa
Cusack, editor-chefe do blog de América Latina e Caribe da London School of
Economics, alertou para a devastação sem precedentes no Brasil.
"#BoicoteoBrasil
é uma reação natural, justificável e totalmente previsível do
#RezePelaAmazônia. Se decolar, e eu espero que decole, poderia criar sérios
problemas para #Bolsonaro e seus fãs míopes na elite do agronegócio
(#BoycottBrazil is a natural, justifiable, and totally predictable reaction to
#PrayForTheAmazon. If it takes
off, as I hope it will, it could create some serious problems for #Bolsonaro
and his short-sighted fans amongst the agro-elite)", afirmou.
Outros
são ainda mais específicos: "#BoicoteOBrasil eles elegeram esse tirano, e
a indústria de carne bovina deles é a principal causa de tudo isso. Vamos
atingi-los onde dói —recusem-se a comprar qualquer produto brasileiro: café
brasileiro, carne brasileira, soja brasileira".
A
devastação vem causando perplexidade no exterior. No começo deste mês, o jornal
alemão Zeit
alertou em sua versão online que Bolsonaro "é um denunciante da mudança
climática e duvida que represente uma ameaça à humanidade".
"Recentemente,
ele eliminou quase completamente o orçamento de proteção climática. Bolsonaro
também é amigo da indústria agrícola. Consequentemente, ele não tentou
justificar o aumento do desmatamento desde que assumiu o poder em 1º de
janeiro", disse.
A revista
Der Spiegel cobrou sanções do Brasil. "A Europa não deve ficar de
braços cruzados enquanto um preconceituoso cético da ciência, movido pelo ódio,
sacrifica vastas áreas de floresta para pecuaristas e plantações de soja”,
disse a revista.
A
possibilidade de boicote não é à toa, como atestou o presidente da Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, CEO da Agropalma. "Vai
custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de alguns mercados
internacionais", disse ele à reportagem
ao jornal Valor Econômico.
Questionado
se "é questão de tempo que parem de comprar do Brasil", ele foi
direto ao ponto: "É questão de tempo".
O
agronegócio movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano e contribui com mais de 20%
do PIB.
Fora do
Brasil, o ator estadunidense Leonardo
DiCaprio, por exemplo, criticou a devastação do bioma. "Aterrorizante
pensar que a Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, criando 20% do
oxigênio da Terra, basicamente os pulmões do mundo, tem pegado fogo e queimado
nos últimos 16 dias consecutivamente, literalmente sem cobertura da mídia! Por
quê?", questionou ele no Instagram.
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