3 março 2014, Macauhub
http://www.macauhub.com.mo (China)
A nova vaga de
investimento chinês em África é cada vez mais de natureza privada e não
efectuado por empresas estatais como na fase inicial e, além da indústria
extractiva visa a produção local, de acordo com um estudo da Universidade de
Stellenbosch.
Num trabalho publicado
no relatório anual do Centro de Estudos Chineses da universidade sul-africana,
os investigadores Daouda Cissé e Yejoo Kim afirmam que a necessidade de
matérias-primas por parte da China vai manter a África com “importância
significativa na agenda chinesa de investimentos no exterior”, com os agentes
privados a terem um papel crescente.
“A procura de
oportunidades de
negócio no estrangeiro, relacionada com o acesso a mercados em
crescimento e teste das capacidades das empresas operarem num ambiente
estrangeiro leva as empresas privadas chinesas a operar em África”, afirmam.
Por outro lado,
sublinham, estas empresas têm menos acesso a financiamento, em comparação com
empresas estatais ou grandes multinacionais, deparando-se ainda com aumentos
nos custos de trabalho e produção.
A deslocação de
produção “oferece oportunidades para o sector industrial em África”, afirmam os
autores, citando exemplos na Etiópia e África do Sul, fenómeno que pode
permitir a estes países “diversificar as suas exportações, ainda fortemente
baseadas em matérias-primas.”
Moçambique deverá
tornar-se em breve um produtor e exportador de automóveis este ano com o
investimento da China Tong Jian Investment, que está também a atrair outras
empresas do sector a instalarem-se no país.
A construção da
fábrica, avaliada em 200 milhões de dólares, surge em cumprimento de um acordo
assinado em 2010 que prevê que o empreendimento garanta, numa primeira fase, a
produção de cerca de 10 mil viaturas por ano, 30% das quais para o mercado
nacional e o remanescente para exportação.
Localizada na zona da
Machava, nas antigas oficinas da estatal Portos e Caminhos de Ferro de
Moçambique, a unidade vai produzir camiões, autocarros e viaturas ligeiras de
marca Matchedje, de acordo com a imprensa moçambicana.
No artigo para a Universidade
de Stellenbosch, os dois investigadores salientam o crescente número de grupos
privados e de pequenas e médias empresas da China a actuar em África.
Este é o caso de Cabo
Verde, onde recentemente o governo deu a conhecer o interesse chinês na privatização
da companhia de aviação Transportes Aéreos de Cabo Verde.
Em Janeiro, a
publicação electrónica Cargo News noticiou que a empresa chinesa China Road
& Bridge Corporation (CRBC) vai construir um porto de águas profundas e um
terminal de cruzeiros e reparar os estaleiros da Cabnave na ilha cabo-verdiana
de São Vicente.
Também nas últimas
semanas, o governo de Cabo Verde deu o seu apoio “inquestionável” ao projecto
de investimento turístico que um empresário de Macau pretende erigir no ilhéu
de Santa Maria, diante da Praia.
Seja de onde for o
investimento, afirmam os dois investigadores, apenas se “bem gerido, com
regulação e execução em países africanos adequada e regularmente ajustada, pode
assegurar criação de emprego e transferência de tecnologia e conhecimentos”.
(macauhub)
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