2 julho 2011/Resistir.info EDITORIAL http://www.resistir.info
O debate do programa do governo na AR, no dia 30, constituiu um penoso espectáculo de inconsciência colectiva. Um dos problemas mais cruciais da economia portuguesa – o consumo desbragado de petróleo – não foi sequer aflorado por qualquer dos intervenientes. E nem, tão pouco, pelo Presidente da República no seu discurso de posse do actual governo.
A palavra sustentabilidade consta no discurso de muitos políticos. Mas é insustentável que Portugal – com um dos piores rácios energia/PIB da Europa – continue a importar 15 milhões de toneladas de petróleo bruto por ano. O programa do governo fala vagamente nisso, mas a solução que propõe é absurda e ruinosa: recorrer ao biodiesel, o qual além de mais caro não pode representar senão uma fracção mínima do consumo petrolífero do país.
Quem tem consciência do Pico Petrolífero sabe que o declínio da produção mundial está a começar e que aumentos de preços são altamente prováveis a curto prazo (mais pormenores aqui e aqui ). Assim, reduzir drasticamente e com a máxima urgência o consumo de petróleo deveria ser um verdadeiro desígnio nacional . Tal desígnio deveria unir governo e oposições. Considerando que 53% do petróleo importado destina-se ao sector dos transportes, fica perfeitamente claro que é preciso actuar junto aos 5,7 milhões de veículos que circulam em Portugal. E considerando ainda que o único combustível que pode substituir os refinados de petróleo na escala necessária é o gás natural , há que promover com urgência a transformação do parque automóvel português para este combustível (nomeadamente o transporte público de passageiros e mercadorias).
Fica aqui esta primeira sugestão construtiva ao novo governo. Segunda sugestão: não alterar a taxa de IVA aplicada ao gás natural. Um eventual aumento do IVA sobre o gás natural equivaleria a enviar ao país uma mensagem no sentido oposto ao que é necessário: a de consumir ainda mais produtos petrolíferos.
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