Os navios de grande calado, com capacidade acima de 60 mil toneladas brutas de arqueação, podem, a partir desta semana, demandar o porto da Beira sem qualquer tipo de restrições, com a conclusão da dragagem de emergência que nos últimos tempos vinha sendo executada naquela infra-estrutura ferro-portuária.
30 julho 2011/Notícias
O acto acontece, exactamente, 28 anos depois de uma completa paralisação da acostagem de embarcações de grande tonelagem devido ao elevado nível de assoreamento do canal de acesso àquela infra-estrutura.
Falando numa cerimónia promovida a este propósito, na capital provincial de Sofala, o Presidente do Conselho de Administração da Empresa Pública dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, Rosário Mualeia, indicou que a conclusão deste projecto fundamental foi possível por força dos indispensáveis financiamentos do Governo, via Banco Europeu de Investimentos, incluindo a Holanda, na base do Fundo ORET, e de recursos próprios do CFM, na ordem de 43 milhões de euros aplicados.
Basicamente, tratou-se da dragagem do canal de acesso, cais e bacia de manobras do porto da Beira, bem como a repulsão de areias para o aterro hidráulico do futuro Terminal de Carvão.
No entanto, a nível do porto da Beira era urgente e inadiável aprofundar os canais de acesso para que pudessem entrar, neste local, navios de grande calado em condições de absoluta segurança.
Na sua avaliação, Mualeia disse ainda que este projecto estratégico foi executado com alta eficácia e eficiência, tendo iniciado a 1 de Julho corrente e terminado com sucesso no passado dia 10 do mês em curso, cerca de três meses antes do prazo contratualmente previsto, cujas obras foram executadas pela construtora holandesa denominada Van Oord Dredging and Marine Contractors.
Com a realização do projecto de dragagem, numa extensão de 27,5 quilómetros, foi possível restabelecer as profundidades de 11 metros e largura de 230, que correspondem às dimensões projectadas para o canal de acesso ao porto da Beira.
Foram dragados 9320 mil metros cúbicos de sedimentos, dos quais 5880 mil metros cúbicos de lodo e 3440 mil de areias, incluindo três milhões de metros cúbicos de areias repulsadas para o aterro hidráulico do futuro Terminal de Carvão.
Para complementar os trabalhos de dragagem e garantir a sua eficiente manutenção, o CFM obteve, este ano, através da DANIDA, um financiamento avaliado em cerca de 40 milhões de euros para a aquisição de uma nova draga e melhoramento do serviço marítimo do porto da Beira, o que, certamente, irá aperfeiçoar significativamente a sua competitividade em relação a outros portos da região.
Desta forma, segundo a Vice-Ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Rebelo, o país acaba de concretizar, a nível nacional, um sonho de ver o porto da Beira dotado de capacidade para receber navios de grande tonelagem, respondendo assim aos desafios logísticos colocados para o manuseamento do carvão de Moatize, a ser escoado através da linha de Sena.
Para a embaixadora da Holanda acreditada em Maputo, Frédériq de Man, a cooperação entre os Países Baixos e o porto da Beira data desde os anos 80, em que foi providenciada assistência técnica e financeira, não só para a dragagem de aprofundamento, mas também para a reabilitação da draga Rovuma, formação do pessoal em matéria de dragagem, reabilitação do equipamento para manuseamento de carvão nos cais 2 e 5 e das áreas adjacentes aos respectivos terminais.
Por seu turno, a Secretária Permanente, em Sofala, Elisa Somane, descreveu o acto como abertura de novos horizontes na utilização do porto da Beira para o movimento de mercadorias de e para os países do “hiterland” como Zâmbia, Zimbabwe, Malawi, RD Congo, entre outros.
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