Lisboa, Portugal, 11 julho 2011 – Angola está a colher “imensos benefícios” da sua cooperação com a China sem que tenha tido necessidade de abdicar da sua autonomia a nível económico, político e cultural, segundo o Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS).
No recente artigo “Angola e China: Construindo amizade através de infra-estruturas”, publicado no boletim “Viewpoints” do IPRIS, o analista Vasco Martins defende que, apesar das críticas, “o envolvimento da China em Angola favoreceu largamente a população e o governo em geral”.
Aponta para o facto de, na primeira fase de financiamento chinês à reconstrução, 423 milhões de dólares terem sido aplicados na Saúde e Educação, contrastando com 243 milhões para Energia e Água, “onde estão os interesses da China”.
“Só estes números apontam para os imensos benefícios que os angolanos em geral estão a experimentar lidando directamente com a China, assim passando ao lado das condições internacionais para financiamento e desafiando a visão dos realistas de que Angola se torna num estado cliente”, afirma.
Segundo dados oficiais angolanos, os projectos de Obras Públicas, Educação e Transportes foram os mais beneficiados pelos acordos de concessão de crédito entre o Banco de Exportações-Importações (Eximbank) da China e Angola, que já superaram 4,6 mil milhões de dólares.
O apoio resulta dos acordos assinados entre o Eximbank e o Ministério das Finanças de Angola, inicialmente em Março de 2004, no valor de 2 mil milhões de dólares.
Foi posteriormente alargado em 500 milhões de dólares em Julho de 2007, através de uma linha de crédito para projectos complementares, e em 2 mil milhões de dólares em Setembro do mesmo ano.
A selecção dos projectos parte do lado angolano, que através de departamentos ministeriais identifica e leva à consideração do Ministério do Comércio da China a proposta.
Vasco Martins, sublinha que os apoios de Pequim foram concedidos quando o Fundo Monetário Internacional exigia condições a Luanda e as potências ocidentais consideravam “demasiado arriscado” emprestar dinheiro ao país.
“Numa altura em que as instituições financeiras internacionais estavam relutantes em disponibilizar a Angola o financiamento necessário, o sistema chinês fez uso do seu natural pragmatismo para gerar negócios rentáveis e assegurar o acesso a reservas petrolíferas”, afirma.
Anos depois, o “sucesso dos investimentos chineses” permitiu captar investimento de outros países e hoje Angola “sente-se confortável cooperando politicamente com a China, sem medo de associação ou subordinação.
O analista do IPRIS sublinha que, a nível cultural, “é mais fácil aos investidores portugueses e brasileiros ter acesso facilitado a negócios com o governo”, e que a elite angolana é “demasiado ciosa de quaisquer tentativas de controlar o país ou torná-lo num estado cliente”.
“No final, talvez não seja um casamento, mas realmente uma amizade muito frutífera”, afirma.
A capital de Angola, Luanda, acolhe dias 20 e 21 de Julho o 2º encontro de empresários para a cooperação económica e comercial entre os países de língua portuguesa e a China, estando Macau epresente com uma delegação que integra membros do governo e empresários. (macauhub)
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