Lisboa, 12 maio 2008 (Lusa) - O primeiro-ministro português, José Sócrates, inicia na terça-feira uma visita oficial de três dias à Venezuela, na qual se encontrará com o presidente Hugo Chávez e com a comunidade portuguesa que vive no país. Sócrates também presenciará a assinatura de vários acordos comerciais.
Acompanhado por cerca de 80 empresários, na sua maioria de pequenas e médias empresas portuguesas, José Sócrates assina, logo no primeiro dia de visita, um dos mais importantes acordos comerciais firmados entre Portugal e Venezuela.
O acordo permitirá a Portugal pagar um terço do total de importações de petróleo venezuelano (10 mil de 30 mil barris diários) com produtos portugueses, em especial farmacêuticos, agrícolas, tecnológicos e materiais de construção.
As transações serão feitas por meio de um fundo aberto no banco Caixa Geral de Depósitos: enquanto a petrolífera Galp deposita o valor pago pelo petróleo, os exportadores portugueses recebem o dinheiro de suas vendas para o mercado venezuelano.
Segundo uma fonte do governo português, a criação deste mecanismo bancário para as transações comerciais dará aos exportadores portugueses "uma garantia sólida de pagamento" e, simultaneamente, a parte venezuelana "resolverá um dos seus principais problemas relativos ao acesso a divisas".
José Sócrates faz na quarta-feira uma viagem à Faixa Petrolífera do Orinoco e, na quinta-feira, o premiê vai assistir a assinatura de um acordo para a reconversão do Porto de La Guaira - infraestrutura considerada essencial para o abastecimento de Caracas.
Na Faixa Petrolífera do Orinoco, a Galp deve assinar cerca de cinco acordos com a petrolífera venezuelana PDVSA, destinados à importação de petróleo proveniente da Venezuela, em valor estimado entre US$ 400 e 500 milhões.
Já a reestruturação do Porto de La Guaira será feita por um consórcio liderado pela construtora portuguesa Teixeira Duarte, que envolverá também o Grupo Lena, a Mota Engil e a Consulmar.
As autoridades venezuelanas pretendem que a obra, avaliada em US$ 500 milhões, fique pronta até 2012.
Com o afluxo de petroleiros venezuelanos à costa portuguesa, a empresa Lisnave planeja fazer em seus estaleiros o conserto e a manutenção de pelos menos quatro embarcações venezuelanas por ano, serviço avaliado em cerca de 8 milhões de euros anuais.
Já os Estaleiros de Viana do Castelo são candidatos a construírem quatro navios para a Venezuela, que devem custar 200 milhões de euros.
Segurança
Outro dos principais objetivos da visita de José Sócrates, de acordo com Lisboa, "é transmitir uma mensagem de confiança e de incentivo à comunidade portuguesa na Venezuela".
Uma fonte do Executivo disse que serão enviadas notas às autoridades de Caracas para que a comunidade portuguesa "tenha maior proteção contra a criminalidade" e "estabilidade política".
A comunidade portuguesa na Venezuela, com cerca de 600 mil pessoas, é considerada forte em termos econômicos, sobretudo nas áreas de distribuição e alimentação.
Logo no primeiro dia de visita à Venezuela, o primeiro-ministro visita o Centro Português de Caracas, onde abrirá a sétima edição do "Encontro de gerações".
Para quarta-feira, está prevista uma recepção à comunidade portuguesa no Parque Del Este, local em que a fadista Mariza fará um show no mesmo dia.
Além de 80 empresários portugueses, acompanham José Sócrates os ministros das Relações Exteriores, Luís Amado; da Economia e Inovação, Manuel Pinho; das Obras Públicas, Mário Lino; além dos secretários das Comunidades, António Braga; do Comércio e Serviços, Fernando Serrasqueiro; e do Turismo, Bernardo Trindade.
Também participa o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Basílio Horta.
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segunda-feira, 12 de maio de 2008
Negócios pautam visita de premiê português à Venezuela
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