Luanda, 15 maio 2008 - Seis milhões de crianças entraram nas escolas em Angola em 2005, número que mostra um grande crescimento do sector educativo, apesar das dificuldades, disse hoje em Braga um especialista do país em educação.
"Em 2002 havia, apenas, um total de 1,2 milhões de jovens no sistema escolar e, agora, há cinco vezes mais", sublinhou, Narciso Santos, frisando que, esse crescimento exige melhoria da qualidade o que só pode ser feito com formação de professores.
O investigador falava a propósito da conferência "Angola: Ensino, Investigação e Desenvolvimento (EIDAO 08)" que, hoje se iniciou na Universidade do Minho juntando académicos, investigadores, homens de cultura e agentes económicos, sociais e políticos dos dois países.
A iniciativa, que decorre até 17 de Maio, centra-se nas áreas da "Educação, Cultura e Desenvolvimento", "Desenvolvimento Urbano, Rural e Meio Ambiente", "Recursos Naturais, Desenvolvimento Sustentado e Alterações Climáticas", "Tecnologia e Economia Sustentada", "Sociedade Civil, Estado e Democracia", e "Sistemas de Saúde e Segurança Social".
Narciso dos Santos lembrou que "Angola é, na actualidade, um país de grandes oportunidades", o que "desafia o país a enfrentar os desafios da educação, nos vários subsistemas de ensino, e em particular, no ensino superior".
Vítor Kajibanga, da Universidade Agostinho Neto, de Luanda, considerou que a crise estrutural e conjuntural do ensino superior em África está intimamente ligada às crises de pertinência, qualidade, gestão e financiamento do ensino superior.
Reflectiu sobre a "importância das liberdades académicas no desenvolvimento da ideia de universidade e na promoção da democracia participativa e criativa".
Sublinhou o papel das instituições de ensino superior na promoção da educação para a cultura da paz, no respeito pelos direitos humanos, na democracia, na tolerância, no desenvolvimento humano sustentado e na dimensão cultural do desenvolvimento".
De seguida, e falando num painel sobre Educação, Cultura e Desenvolvimento, o universitário angolano Eugénio Silva, que lecciona na universidade minhota, defendeu que só com formação de professores e com articulação dos diferentes subsistemas - do básico ao superior - se pode dar um salto na qualidade do ensino.
Considerou, no entanto, que "é necessário dar condições de trabalho aos professores, o que ainda não acontece, para que possam desenvolver o seu trabalho "sem estarem dependentes" de outras formas de subsistência.
Os organizadores da conferência internacional sobre Angola consideram que o país tem condições para ter uma educação de qualidade dentro de 10 a 12 anos.
A conferência, que é presidida pelo professor angolano Joaquim Macedo, é "um fórum de discussão e de reflexão sobre o desenvolvimento de Angola e de debate dos mecanismos de cooperação para o desenvolvimento".
Na abertura esteve presente a cônsul-geral de Angola no Porto, Maria de Jesus Pereira.
No manifesto sobre a iniciativa, os organizadores - académicos angolanos e portugueses -, lembram que "o calar das armas e a paz tão ansiosamente desejada" proporcionram o "desenvolvimento de iniciativas, tanto ao nível institucional quanto ao da sociedade civil".
Afirmam que o sistema educativo "tem marcado passos decisivos, quer por via do aumento da cobertura do sistema, quer da oferta educativa, de modo a responder às exigências de uma população excepcionalmente jovem e de uma economia carente de recursos humanos qualificados".
"Ainda assim, - avisam - Angola está longe de alcançar as metas de Desenvolvimento do Milénio. Por isso, a literacia básica, a escolarização da população e a formação média e superior dos recursos humanos continuarão a ser decisivas para a própria independência nacional".
Assinalam que "a cultura, nas suas várias dimensões (línguas, artes e outras manifestações culturais) revela a necessidade de estudo, aprofundamento e questionamento estratégico, tendo em vista o reforço da identidade nacional".
Os promotores consideram, ainda, que o desenvolvimento e o planeamento urbano são eixos centrais do desenvolvimento angolano.
"Sendo um país hipercentrado em Luanda, torna-se imperiosa uma distribuição populacional e urbana equilibradas, atenta aos problemas ambientais e à sua preservação, visando o usufruto de uma vida com qualidade em todo o território e exponenciando o seu desenvolvimento", defendem.
Referem que "o desenvolvimento sustentado passa, igualmente, pelo "empoderamento" dos angolanos e a sua capacitação na utilização de técnicas susceptíveis de serem aplicadas na exploração de outros recursos naturais, no respeito estrito pelo ambiente".
"A diversificação da produção e o aproveitamento da extensa costa marítima angolana são factores com forte impacto sobre a economia e o desenvolvimento do país", observam.
Realçam que, "como nação em construção e desenvolvimento, Angola tem vindo a impor-se na África Austral e no mundo como um actor geoestratégico essencial, constituindo-se, nalguns casos, como uma referência para o desenvolvimento de toda a sua região de influência".
No que toca ao sistema de saúde, sublinham que "a necessidade de qualificar a vida dos cidadãos do ponto de vista sanitário, combatendo as grandes endemias, reduzindo as taxas de prevalência do VIH/SIDA, e enriquecendo os programas de combate à pobreza extrema".
Só assim - recordam - "será possível elevar a actual esperança de vida para níveis compatíveis com as necessidades do reforço intergeracional e da coesão nacional".(Notícias Lusófonas)
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sábado, 17 de maio de 2008
Angola/Seis milhões de alunos nas escolas em 2005 mostra força do ensino
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