Maputo, 26 maio 2008 (Lusa) - O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, disse nesta segunda-feira que “o governo moçambicano está trabalhando com as autoridades sul-africanas para que se volte à normalidade” após a onda de xenofobia na África do Sul.
Um balanço divulgado nesta segunda-feira pelo diretor-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), João Ribeiro, indica que 27.234 moçambicanos retornaram ao país de origem após escapar da violência xenófoba na África do Sul. Até domingo, as autoridades contabilizavam 26.434 retornados.
O número de moçambicanos mortos continua sendo oito, contabilizados entre as mais de 50 vítimas mortais da perseguição contra imigrantes na África do Sul.
Nesta segunda-feira, após visitar o centro de acolhimento provisório criado por Maputo para abrigar os moçambicanos que escaparam dos ataques, Armando Guebuza afirmou que “a batalha, agora, é trabalhar para a reposição da normalidade”.
“Para isso, estamos trabalhando com o governo da África do Sul”, destacou Guebuza, que reiterou a “amizade entre o povo moçambicano e sul-africano e entre os dois Estados”.
O chefe de Estado moçambicano insistiu no apelo para que se evitem ações de vingança contra os supostos autores dos ataques, lembrando que “a violência só vai gerar outra violência”.
Segundo Armando Guebuza, “os problemas que estão acontecendo na África do Sul foram criados pelos inimigos da unidade entre os Estados da África Austral, mas não serão bem sucedidos”.
"Esta situação, criada pelos inimigos da unidade e da amizade com a África do Sul, só vai tornar as nossas relações mais sólidas. A África do Sul é e continuará sendo um país amigo”, reiterou Armando Guebuza.
Aos moçambicanos abrigados nas tendas montadas no centro de trânsito de Beluluane, a cerca de 12 quilômetros da capital do país, Guebuza deixou palavras de encorajamento e pediu compreensão diante da “difícil situação".
“Aconteça o que acontecer, vocês têm a vossa pátria, que vai receber-vos sempre. A África do Sul é um país amigo […], bandidos existem em todo o lado”, enfatizou o chefe de Estado moçambicano.
Até a manhã desta segunda, o centro de acolhimento de Beluluane abrigava 153 pessoas, que aguardavam viagem para suas províncias de origem.
A maior parte dos alojados se mostra reticente em relação a um possível regresso à África do Sul por medo da violência contra os estrangeiros.
"Não gostaria de voltar à África do Sul, porque posso voltar a perder muitos bens, como desta vez, mas vai depender da possibilidade de arranjar um emprego cá em Moçambique”, disse à Agência Lusa Celso Samuel, 23 anos, que conseguiu escapar da onda de ataques.
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