Luanda, Angola, 30 maio 2008 (PANA) - O embaixador da África do Sul em Angola, Themba Kubheka, condenou quinta-feira em Luanda a onda de violência xenófoba contra imigrantes africanos no seu país e pediu desculpas a África e ao mundo pela situação.
"Peço desculpas a África, ao mundo e, especialmente, ao povo angolano, pela triste situação dos estrangeiros no país e garanto que o nosso Governo está a fazer tudo para que este fenómeno não se repita", disse o diplomata em conferência de imprensa.
Kubheka, citado pela Agência Angolana de Notícias (ANGOP), esclareceu que nenhum cidadão angolano figura entre as 52 vítimas mortais reportadas oficialmente, adiantando que tem mantido contactos telefónicos com o embaixador de Angola na África do Sul, Miguel Gaspar Neto.
Manifestou-se consternado pelas vítimas mortais da violência que, segundo ele, foi fomentada e praticada por marginais, precisando que cerca de 1.300 pessoas foram detidas por estes actos.
Considerou que as agressões xenófobas decorrem de disputas por empregos e da falta de estabilidade económica nos países vizinhos, o que tem resultado num grande fluxo de imigrantes de outras partes da região para a África do Sul, dispostos a trabalhar e receber salários baixos.
"É doloroso o que está a acontecer, porque eu sou do ANC (partido no poder na África do Sul), cujos membros estiveram, durante muito tempo, exilados em países vizinhos durante a luta contra o regime do apartheid e a África do Sul só conseguiu conquistar a paz devido ao apoio logístico, político e militar dos mesmos”, asseverou.
Adiantou que a África do Sul deixa bem clara a sua posição inspirada pelos conceitos “Africano Ubuntu (zulu) solidariedade com os outros”, “somos povos por causa dos outros povos”, ou “sou o que sou, por causa do que nós somos” e "os nossos irmãos devem ser protegidos e não marginalizados".
Frisou que esta visão está a ser implementada por cidadãos e empresas sul-africanas, através de campanhas de solidariedade organizadas pela companhia aérea sul-africana (South African Airways) e por outras organizações, para angariar fundos com vista a apoiar as vítimas das violências e os seus familiares.
Quanto à relação entre Angola e a África do Sul, considerou excelentes, mas reconheceu a necessidade de se aumentar o intercâmbio cultural, comercial e turístico na região para que haja equilíbrio económico entre os países vizinhos.
Agradeceu aos órgãos de comunicação social pela cobertura aberta da situação no seu país, referindo que a mesma servirá de lição e ajudará outros países a evitarem que situações do género voltem a acontecer.
O diplomata sul-africano acrescentou que o Governo do seu país está a criar condições para combater a xenofobia, através de campanhas de sensibilização a serem disseminadas em todos os idiomas do país, junto das comunidades, de escolas, de igrejas e nos locais de trabalho.
As violências xenófobas iniciadas a 11 de Maio atingiram sobretudo cidadãos zimbabweanos e moçambicanos.
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