Maputo, 14 maio 2008 - A eliminação da situação de pobreza absoluta e das desigualdades entre as zonas rurais e urbanas exige estratégias que permitam um desenvolvimento equilibrado e partilhado dos recursos existentes no Continente Africano. Não obstante a pobreza em África ser mais visível nas zonas rurais, este fenómeno começa também a ser preocupante em áreas urbanas, onde vivem actualmente cerca de 360 milhões de pessoas do continente (cerca de 40 por cento da população).
Falando ontem, em Maputo, na abertura de uma mesa-redonda ministerial dedicada ao tema “Impulsionando o Crescimento Partilhado: Urbanização, Desigualdades e Pobreza em África”, no âmbito da reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a Primeira-Ministra, Luísa Diogo, disse também que um crescimento económico dos países africanos que leve à erradicação da pobreza exige estratégias que atribuam prioridade ao financiamento de infra-estruturas como estradas, pontes, energia eléctrica e telecomunicações, que possam contribuir para melhorar a ligação entre o campo e a cidade.
Ao promover a mesa-redonda ministerial, o BAD pretende, igualmente, obter consensos sobre medidas para o continente fazer face aos desafios decorrentes das subidas dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares, esta última originada pelo aumento do preço dos cereais, fenómenos que causaram manifestações populares de protesto em várias cidades de alguns países.
Por seu turno, o presidente do BAD, Donald Kaberuka, alertou os fazedores de políticas em África para que continuem a centrar o seu desafio no combate à pobreza rural, sem, contudo, se esquecer da pobreza nas zonas urbanas, notória no sector informal. “Já lá vão os tempos em que a migração interna era um processo temporário e sazonal. Actualmente, os pobres urbanos vieram para ficar e o seu número irá aumentar e não diminuir”, disse Kaberuka.
Em declarações a jornalistas, o administrador do Banco de Moçambique, António Pinto de Abreu, disse que para combater a pobreza rural e urbana, a liberalização económica que a generalidade dos países africanos está a implementar é fundamental, embora não seja suficiente para garantir o desenvolvimento. “Muitos países que partiram de bases da sua economia bastante reduzidas conseguiram espevitar o crescimento económico com estes programas de liberalização. É verdade que o PIB reage, mas para que haja percepção deste crescimento real por parte da maioria das populações é necessário assegurar que haja uma correcta redistribuição de recursos resultantes desse crescimento”, disse Abreu.
A reunião anual do Conselho de Governadores do BAD arranca formalmente hoje, numa cerimónia que será presidida pelo Presidente Armando Guebuza. Para participar no evento, chegou igualmente ontem à capital do país o Presidente do Congo, Denis Sassou N’Guesso. (Notícias)
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