Luanda, Angola, 24 novembro 2008 – A nomeação de Assunção dos Anjos, ex-embaixador angolano em Lisboa, para o cargo de Ministro das Relações Exteriores de Angola é vista como uma medida de estreitamento da relação com Portugal e, através deste país, com a Europa.
Anjos estabeleceu em Portugal um círculo de relações e influências considerado vasto e já antes tinha sido embaixador em Madrid e Paris, mantendo igualmente contactos importantes na Grã-Bretanha e Bélgica, segundo refere a newsletter Africa Monitor.
Conhecido pela afabilidade e boas maneiras, o sucessor de João Miranda é também considerado da máxima confiança do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e “homem certo” para a actual fase das relações luso-angolanas, em que relações económicas estreitas “vinculam” Lisboa e Luanda.
Através da petrolífera estatal Sonangol, o capital angolano tem vindo a afluir a empresas portuguesas importantes, no sector financeiro (Millennium Bcp, maior banco privado, com forte implantação internacional) e energético (Galp Energia, ligada à refinação e comércio de combustíveis e também à exploração de petróleo em Angola e Brasil, onde está presente no promissor “pré-sal” da Bacia de Santos).
Após as eleições, fecharam-se os dossiers da chamada “angolanização” da banca de capital português em Angola, com a entrada da Sonangol e Banco Privado Atlântico no Millennium Angola e da Unitel no Banco Fomento Angola, no grupo BPI – ambos com participações directas e indirectas pouco inferiores a 50 por cento.
Paralelamente, Angola tem vindo a assumir-se como principal destino das exportações portuguesas fora da União Europeia, ultrapassando mesmo os Estados Unidos da América, logo decisiva para o crescimento económico e é também cada vez mais importante como fonte das importações petrolíferas portuguesas.
É com este crescimento de interesses económicos mútuos que Angola pretende fomentar influências que permitam fazer de Lisboa e das relações de proximidade com as autoridades portuguesas uma plataforma para promover na Europa uma imagem do país mais positiva do que a actual, segundo o Africa Monitor.
O presidente angolano, José Eduardo dos Santos, tem-se assumido ele próprio como defensor da projecção de Angola à escala internacional, sendo para tal decisiva a sua afirmação em áreas-chave do mundo.
Até agora, essa afirmação tem sido mais visível em África, e em particular na intervenção militar e diplomática na vizinha República Democrática do Congo, mas também no processo político no Zimbabué.
Tem vindo também a apostar na afirmação dos interesses angolanos na estratégica região do Golfo da Guiné, para o que tem feito de São Tomé e Príncipe uma base económica e política.
O espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa será outro dos cenários privilegiados para a acção diplomática angolana, seguindo-se a um reforço dos interesses económicos e políticos na Guiné-Bissau e em Cabo Verde.
Em 2010, em Luanda, receberá a presidência da CPLP das mãos de Portugal. (macauhub)
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