domingo, 25 de setembro de 2016

Vaticano/Papa Francisco: "Jornalismo não pode virar uma arma de destruição"

23 setembro 2016, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

O papa Francisco reuniu-se com jornalistas e disse como um bom jornalista tem que fazer seu ofício. Com alguns conselhos, o Pontífice quase criou um pequeno documento de ética para a profissão na reunião com o Conselho Italiano da Ordem dos Jornalistas, que aconteceu na sala Clementina com o presidente do órgão, Enzo Iacopino, e com o responsável pela Secretaria Vaticana de Comunicação, o monsenhor Dario Edoardo Viganò.

Entre as recomendações fundamentais de Mario Bergoglio para quem "faz a informação" estão as de "amar a verdade", "viver com profissionalismo", e "respeitar a dignidade humana". Assim, o jornalismo não será transformado em uma "arma de destruição" de pessoas e de povos e
"não alimentará o medo em relação aos imigrantes". 

Depois que Viganò e Iacopino fizeram suas primeiras considerações, o Papa revelou como os jornalistas, "quando têm profissionalismo", são "uma coluna importante, um elemento fundamental para a vitalidade de uma sociedade livre e plural" e têm uma "grande responsabilidade".
 

Sobre o fato de que os jornalistas devem "amar a verdade", Francisco explicou que "a questão é ser honesto consigo mesmo e com os outros". "Essa relação é o 'coração' de toda comunicação.
 

Isso é mais verdadeiro para quem faz da comunicação o seu próprio ofício e nenhuma relação pode se reger e durar no tempo se está apoiada na desonestidade", disse o religioso.
 

E com o fluxo ininterrupto de fatos 24 horas por dia, "não é sempre fácil chegar na verdade" e que "na vida nem tudo é branco ou preto e por isso no jornalismo é preciso saber discernir os tons de cinza", disse o Pontífice. "Mas esse é o trabalho difícil e necessário de um jornalista: o de chegar o mais perto possível da verdade dos fatos e nunca dizer ou escrever uma coisa que, em consciência, se sabe que não é verdadeira", afirmou Francisco. Já sobre "viver com profissionalismo", o conceito foi ligado por Bergoglio à "necessidade de não se submeter a interesses escusos, seja econômicos ou políticos". "O trabalho do jornalismo, ousarei dizer a sua vocação, é, através da atenção e do carinho pela pesquisa da verdade, fazer crescer a dimensão social do homem, favorecer a construção de uma verdadeira cidadania", explicou o Papa.
 

Para Francisco, trabalhar com profissionalismo significa "ter no coração um dos pilares da estrutura de uma sociedade democrática. O religioso também lembrou que "no curso da história, as ditaduras, de qualquer orientação política, sempre procuraram não apenas tomar conta dos meios de comunicação, mas também impor novas regras à profissão dos jornalistas".
 

E sobre "respeitar a dignidade humana", esse conceito é importante porque se trata "da vidas pessoas" e, se uma delas for difamada, ela pode ser "destruída para sempre", disse Bergoglio. "A crítica é legítima, e direi mais, necessária, como uma denúncia ao mal", no entanto, "o jornalismo não pode se transformar em uma arma de destruição de pessoas e até de povos", explicou o argentino.
 

Para Francisco, o jornalismo também não "deve alimentar o medo diante às mudanças ou aos fenômenos como as migrações forçadas geradas pela guerra ou pela fome". E por fim, o Papa afirmou que a profissão "é um instrumento de construção, um fator de bem comum, um acelerador de processos de reconciliação".
 



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