11 setembro 2016, Jornal Domingo
http://www.jornaldomingo.co.mz
(Moçambique)
Quinze
homens armados da Renamo assaltaram, na madrugada de sexta-feira, a sede do
posto administrativo de Sabeta, no distrito de Tambara, província de Manica,
onde protagonizaram actos de vandalismo na maternidade do hospital local.
Dados em
nosso poder indicam que o grupo quebrou vidros das janelas daquela unidade
sanitária, destruiu armários, cadeiras e secretárias, e roubou medicamento e
equipamento médico, com
destaque para antibióticos, paracetamol, material para
pequena cirurgia, estetoscópios e destruiu processos médicos.
O
administrador do distrito de Tambara, Maurício Masharubu, conta que o assalto
aconteceu por volta das quatro horas da manhã e foi levado a cabo por 15
homens, dos quais quatro portavam armas de tipo AKM. “Eles
dirigiram-se à maternidade e, felizmente, as duas parturientes que lá se
encontravam fugiram a tempo”.
David
Martinho, director do Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social, conta
que apesar do pânico gerado no momento do assalto, ninguém se feriu e o pessoal
médico daquele hospital já retomou a sua rotina, pese embora ainda paire um
clima de medo.
“Estamos
a trabalhar, mas com os olhos postos na área circundante porque estes ataques
não oferecem tranquilidade a ninguém. Naquela madrugada, a maior parte da
população refugiou-se numa ilha localizada nas margens do rio Zambeze e aos
poucos começa a regressar”, disse David Martinho.
A par da
vandalização da maternidade, os 15 homens da Renamo deslocaram-se à residência
do chefe do posto onde também quebraram vidros, mas não conseguiram arrombar as
portas e janelas. Acto contínuo, deslocaram-se à secretaria do posto e aqui destruíram
os arquivos e mobiliário.
Segundo
Maurício Masharubu, esta acção foi antecedida de rumores sobre um eventual
ataque, o que permitiu que grande parte da população estivesse de sobreaviso e
pudesse fugir a tempo.
Aliás, foi
com base nessa informação que as autoridades distritais mobilizaram as Forças
de Defesa e Segurança que se deslocaram da sede do distrito até àquele posto
administrativo naquela manhã de sexta-feira.
“Viemos
nos juntar à força local. Perseguimos o grupo e conseguimos chegar a um grupo
de cabanas deles que tinham sido erguidas a cerca de cinco quilómetros da sede
do posto, onde encontrámos duas armas de fogo de fabrico caseiro, oito catanas
e cinco facas”, disse Maurício Mashaburu.
Há
indicações de que a vida em Sabeta tende a regressar à normalidade, pois as FDS
estão a reforçar as suas posições em todo o distrito e não só, e as operações
de perseguição àquele grupo continuam.
Texto de Jorge Rungo
jorge.rungo@snoticicas.co.mz
jorge.rungo@snoticicas.co.mz
-----------------
Recomendamos
11 setembro 2016, Jornal Domingo
http://www.jornaldomingo.co.mz
(Moçambique)
As reuniões
da Comissão Mista constituída para preparar o encontro entre o Presidente da
República e o líder da Renamo, com vista à busca da paz, poderão ser retomadas
amanhã, segunda-feira, após um interregno de pouco mais de quinze dias. Na mira
está o segundo ponto da agenda acordada pelas partes, cuja abordagem e debate
poderão estabelecer os termos e condições para cessação das hostilidades
militares no país.
No final da
última ronda negocial, mediadores internacionais deixaram um “TPC” para as
equipas do Governo e da Renamo sobre a necessidade de uma trégua, matéria que,
à partida, denunciou nítidas divergências no concernente ao posicionamento das
forças governamentais que apertam o cerco ao líder do maior partido da oposição
na Serra da Gorongosa.
A Renamo
condicionava, até então, o cessar-fogo a um alívio no cerco, propondo a
retirada das Forças de Defesa e Segurança, alegando que a integridade do seu
líder estava a ser posta em causa.
O Governo
já foi claro em torno desta inquietação da Renamo. As Forças de Defesa e
Segurança cumprem, em todo o território nacional, uma missão de estado
consagrada pela Constituição da República. As mesmas, nas posições que
actualmente ocupam, incluindo na Gorongosa, estão em missão de protecção das
populações, dos seus bens, chamando a si o dever de assegurar a livre
circulação dos moçambicanos, num clima de paz, harmonia e segurança.
Este é o
clima que sustenta o braço-de-ferro, clima que instigou os mediadores a
deixarem o “TPC” com as partes tudo na perspectiva de se encontrar um
meio-termo no diferendo.
Os
mediadores pretendem, perante este quadro, manter um encontro urgente com
Afonso Dhlakama, na Gorongosa, sendo importante que a trégua seja mesmo
acordada.
O Governo
defende que a suspensão das hostilidades é, por si só, uma garantia de
segurança para o estabelecimento de um corredor desmilitarizado pelo qual os
mediadores internacionais poderão se movimentar, o que não implica,
necessariamente, o recuo das suas tropas no terreno.
De notar
que até a interrupção das conversações aventava-se a criação de uma espécie de
“Working Group” com a missão de definir tecnicamente o molde operacional de tal
corredor desmilitarizado na Gorongosa.
O “Working
Group” poderá propor à Comissão Mista um calendário de etapas a seguir para o
estabelecimento de termos e condições que visam um cessar-fogo permanente.
Trata-se,
segundo observadores, de uma matéria que carece ainda de acordo no quadro da
própria Comissão Mista, prevalecendo a expectativa de aparecer uma Renamo
predisposta a fazer cedências como o Governo fez, responsavelmente, quando da
abordagem do primeiro ponto da agenda.
Trata-se
nada mais, nada menos, de um compromisso expectável de um compromisso que
promoveria uma Renamo com renovos, com sentido de Estado e alinhada a um
processo em que sobressai o respeito pela Lei, pelas regras estabelecidas,
renunciando a violência, e abraçando o civismo, a tolerância, exemplares
evidências de maturidade democrática.
Por
enquanto, tudo não passa disso mesmo: expectativa. Porque, na contramão, a
Renamo continuou, neste interregno das conversações, a revelar a sua atitude
belicista, promovendo ataques contra civis, saqueando os seus bens, actos que
curiosamente são repetidos sempre que os mediadores estão na porta do regresso
ao país.
O partido
de Dhlakama, com esta atitude, mostra uma vontade de governar à força nas seis
províncias onde alega ter vencido no último pleito eleitoral, em contraste com
a estabilidade democrática, que reside menos no reconhecimento da vitória do
que na aceitação da derrota.
Ao longo da
semana que hoje inicia, a Comissão Mista vai procurar inteirar-se dos avanços
verificados em torno de pacotes legislativos exigidos precisamente pela Renamo,
cuja (re) elaboração está a cargo de uma subcomissão constituída no dia 17 de
Agosto de 2016 para trabalhar nos seguintes itens: revisão pontual da
Constituição da República; revisão da lei dos órgãos locais do Estado e seu
regulamento; aprovação da lei dos órgãos de governação provincial; aprovação da
lei de finanças provinciais; revisão da lei de bases da organização e
funcionamento da Administração Pública, e o reexame do modelo de autarcização
de todos os distritos.
Trata-se de
um pacote legislativo que deve ser remetido à apreciação na próxima sessão da
Assembleia da República.
Governo faz
substituições na sua equipa
A equipa do
Governo na Comissão Mista de preparação do encontro entre o Chefe de Estado
moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sofreu
mexidas.
Saíram
António Hama Thai e Edmundo Galiza Matos Júnior, tendo o estadista moçambicano
promovido a entrada de António Boene e Eduardo Chiziane.
Nyusi
aposta, desta forma, em juristas de créditos firmados, facto que já espelha a
vontade do Executivo em conduzir o processo com eficácia técnica e evidente
aprumo legal.
A Renamo
não alterou a sua equipa negocial.
Texto de Bento
Venâncio
bento.venancio@snoticicas.co.mz
bento.venancio@snoticicas.co.mz
Nenhum comentário:
Postar um comentário