por Craig Murray*
Cerca de um mês atrás
perguntei a um antigo colega no British Foreign and Commonwealth Office o que
Hague [1] considerava como o fim do jogo no impasse quanto ao
asilo de Julian Assange e quais eram as margens de manobra em termos de
negociações. O meu amigo foi desdenhoso – a política era simplesmente esperar
pela eleição presidencial no Equador, em Fevereiro. Os Estados Unidos e seus
aliados estão confiantes em que Correa perderá e meu amigo e eu, tendo ambos
sido diplomatas sénior durante muitos anos, entendemos o que os Estados Unidos
estariam a fazer para assegurar esse resultado. Com Correa substituído por um
presidente pró EUA, o asilo de Assange será retirado, a Polícia Metropolitana
será convidada a entrar na Embaixada do Equador para removê-lo e Assange será
enviado imediatamente para a Suécia de onde poderia ser extraditado para os
Estados Unidos a fim de enfrentar acusações de espionagem e ajuda ao
terrorismo.
Fico impressionado com a ingenuidade daqueles que perguntam porque os Estados Unidos não poderiam simplesmente pedir a extradição de Assange do Reino Unido. A resposta é simples – o governo de coligação. Acordos de extradição são tratados internacionais de governo a governo e a decisão sobre a sua aplicação é em última análise política e governamental – eis porque foi Teresa May [ministra do Interior da Grã-Bretanha] e não um juiz tomou as decisões finais e muito diferentes sobre [a extradição de] Babar Ahmad e [a não extradição de] Gary Mackinnon.
Apoiantes da CIA no Reino Unido têm argumentado enfaticamente que seria impossível à Suécia dar a garantia de que Assange não seria extraditado para os Estados Unidos, pelo que ele estaria preparado para retornar à Suécia para acabar com a tentativa patética de um golpe tramado aqui. De facto, como acordos de extradição são governamentais e não instrumentos judiciais, seria perfeitamente possível ao governo sueco dar aquela garantia. Aqueles que argumentam de outra forma, como Gavin Essler e Joan Smith aqui na Grã-Bretanha, não estão a ser verdadeiros – suspeito que a própria veemência deles indica que sabem disso.
A maior parte dos deputados liberais-democratas ficam felizes ao endossar a noção de que Assange deveria ser devolvido à Suécia para enfrentar acusações sexuais. Contudo, mesmo os reiteradamente humilhados deputados liberais-democratas revoltar-se-iam com a ideia de que Assange deveria ser enviado para enfrentar prisão perpétua em solitária nos Estados Unidos pelo trabalho da Wikileaks. Eis porque os Estados Unidos afastaram o pedido de extradição do Reino Unido, para evitar a perturbação que isto provocaria a Cameron. Não estou a especular, houve intercâmbios diplomáticos directos de nível muito alto acerca deste ponto entre Washington e Londres.
Confiavam em que o problema Correa logo estaria ultrapassado, mas depois disso o Departamento de Estado ficou chocado com o retorno de Hugo Chavez. Tal como Correa, altos diplomatas dos EUA convenceram-se – e convenceram La Clinton – de que Chavez ia perder. O furor com o retorno de Chavez levou a diktat de que o mesmo erro não devia ser cometido no Equador.
US$ 87 MILHÕES
As operações da CIA dentro do Equador são em todo caso muito menos perturbadas do que na Venezuela. Soube que o orçamento dos EUA, utilizando principalmente fundos da CIA, destinado a influenciar as eleições equatoriana, a partir do resultado venezuelano foram quase triplicados até atingirem 87 milhões de dólares. Uma quantia que acabará nos cofres da campanha de oposição e será utilizada para financiar, subornar ou chantagear os media e oficiais. Aguardem um certo número de escândalos mediáticos e denúncias de corrupção contra o governo de Correa nas próximas semanas.
Não tenho muitas referências acerca da política equatoriana e realmente não sei qual a probabilidade de Correa ser reeleito. Ignoro igualmente se qualquer dos partidos da oposição é decente e não nas mãos dos EUA. Mas sei que os EUA empenham-se muito em que Correa perca, estavam muito confiantes na sua derrota e agora já não estão. Do seu ponto de vista, o perigo é que ao elevar a aposta os seus esforços tornar-se-ão tão óbvios que o tiro sairá pela culatra devido a uma reacção nacionalista. A minha fonte estado-unidense, contudo, assegura que a administração Obama não utilizará realmente os fundos para incitar a outra tentativa de golpe militar contra Correa. Isso aparentemente foi descartado. Assange a ser expulso para os braços da CIA por uma ditadura militar recém instalada pode ser difícil de vender mesmo para os nossos pavorosos media de referência.
Fico impressionado com a ingenuidade daqueles que perguntam porque os Estados Unidos não poderiam simplesmente pedir a extradição de Assange do Reino Unido. A resposta é simples – o governo de coligação. Acordos de extradição são tratados internacionais de governo a governo e a decisão sobre a sua aplicação é em última análise política e governamental – eis porque foi Teresa May [ministra do Interior da Grã-Bretanha] e não um juiz tomou as decisões finais e muito diferentes sobre [a extradição de] Babar Ahmad e [a não extradição de] Gary Mackinnon.
Apoiantes da CIA no Reino Unido têm argumentado enfaticamente que seria impossível à Suécia dar a garantia de que Assange não seria extraditado para os Estados Unidos, pelo que ele estaria preparado para retornar à Suécia para acabar com a tentativa patética de um golpe tramado aqui. De facto, como acordos de extradição são governamentais e não instrumentos judiciais, seria perfeitamente possível ao governo sueco dar aquela garantia. Aqueles que argumentam de outra forma, como Gavin Essler e Joan Smith aqui na Grã-Bretanha, não estão a ser verdadeiros – suspeito que a própria veemência deles indica que sabem disso.
A maior parte dos deputados liberais-democratas ficam felizes ao endossar a noção de que Assange deveria ser devolvido à Suécia para enfrentar acusações sexuais. Contudo, mesmo os reiteradamente humilhados deputados liberais-democratas revoltar-se-iam com a ideia de que Assange deveria ser enviado para enfrentar prisão perpétua em solitária nos Estados Unidos pelo trabalho da Wikileaks. Eis porque os Estados Unidos afastaram o pedido de extradição do Reino Unido, para evitar a perturbação que isto provocaria a Cameron. Não estou a especular, houve intercâmbios diplomáticos directos de nível muito alto acerca deste ponto entre Washington e Londres.
Confiavam em que o problema Correa logo estaria ultrapassado, mas depois disso o Departamento de Estado ficou chocado com o retorno de Hugo Chavez. Tal como Correa, altos diplomatas dos EUA convenceram-se – e convenceram La Clinton – de que Chavez ia perder. O furor com o retorno de Chavez levou a diktat de que o mesmo erro não devia ser cometido no Equador.
US$ 87 MILHÕES
As operações da CIA dentro do Equador são em todo caso muito menos perturbadas do que na Venezuela. Soube que o orçamento dos EUA, utilizando principalmente fundos da CIA, destinado a influenciar as eleições equatoriana, a partir do resultado venezuelano foram quase triplicados até atingirem 87 milhões de dólares. Uma quantia que acabará nos cofres da campanha de oposição e será utilizada para financiar, subornar ou chantagear os media e oficiais. Aguardem um certo número de escândalos mediáticos e denúncias de corrupção contra o governo de Correa nas próximas semanas.
Não tenho muitas referências acerca da política equatoriana e realmente não sei qual a probabilidade de Correa ser reeleito. Ignoro igualmente se qualquer dos partidos da oposição é decente e não nas mãos dos EUA. Mas sei que os EUA empenham-se muito em que Correa perca, estavam muito confiantes na sua derrota e agora já não estão. Do seu ponto de vista, o perigo é que ao elevar a aposta os seus esforços tornar-se-ão tão óbvios que o tiro sairá pela culatra devido a uma reacção nacionalista. A minha fonte estado-unidense, contudo, assegura que a administração Obama não utilizará realmente os fundos para incitar a outra tentativa de golpe militar contra Correa. Isso aparentemente foi descartado. Assange a ser expulso para os braços da CIA por uma ditadura militar recém instalada pode ser difícil de vender mesmo para os nossos pavorosos media de referência.
22/Outubro/2012
(1) William Hague, ministro dos Negócios
Estrangeiros da Grã-Bretanha. *Ex-embaixador britânico e activista de direitos humanos.
O original encontra-se em http://www.craigmurray.org.uk/archives/2012/10/cia-look-to-swamp-correa/
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