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Mais de 50
organizações e atores sociais assinaram e estão divulgando por meio da internet
e das redes sociais um manifesto contrário ao uso excessivo de agrotóxicos e
contra a criminalização de Frei Gilvander Luís Moreira, padre da Ordem dos
Carmelitas e militante dos direitos humanos no estado brasileiro de Minas
Gerais.
O manifesto
denuncia que Frei Gilvander teve a prisão preventiva decretada após denunciar,
por meio de vídeopostado no youtube e em http://gilvander.org.br, a grande quantidade de agrotóxico
presente em feijão produzido no município de Unaí, no noroeste do estado. No
vídeo, intitulado "O feijão de Unaí está envenenado?”,são apresentadas
informações passadas por usuários da marca, que afirmaram que o produto
apresentava mau cheiro típico de agrotóxicos.
O vídeo
relata o caso do feijão que foi enviado para a merenda escolar de uma escola.
Ao iniciar o preparo do alimento, as cozinheiras não suportaram o odor que
exalava e algumas chegaram até a passar mal. Elas identificaram a presença de
agrotóxico no feijão e o jogaram no lixo. O produto era da marca "Unaí”.
Há ainda outros depoimentos de consumidores do produto relatando o mau cheiro.
Mesmo
esclarecendo que não há uma narrativa de cunho difamatório, a empresa
responsável pelo feijão processou Frei Gilvander e os responsáveis do Google e
Youtube, assim como decretou a prisão preventiva do religioso caso o vídeo não
seja retirado da internet em cinco dias.
"O
Estado democrático de direito em que vivemos nos garante o direito de livre
expressão e de informação, assim como o sagrado direito à saúde. Um vídeo como
este que pretende alertar as pessoas para o cuidado com o veneno nos alimentos,
chegou ao cúmulo de se transformar em um processo no qual a empresa alega ter
sofrido ‘danos materiais’ e ‘danos morais’, de haver sido vítima de
‘difamação’”,aponta o manifesto.
Apesar da
ameaça, seguro de que o vídeo não é ilícito, mas se trata apenas de uma reportagem,
com informações e depoimentos, Frei Gilvander decidiu mantê-lo na internet. A
mesma postura será seguida pelo site de vídeos Youtube.
Câncer
A
recorrência do uso indiscriminado de veneno nos gêneros alimentícios produzidos
em Minas Gerais está relacionado aos casos de câncer no estado. O manifesto
cita um relatório da Câmara dos Deputados que afirma que "a incidência de
câncer em regiões produtoras de Minas Gerais que usam intensamente agrotóxicos
em patamares bem acima das médias nacional e mundial, sugere uma relação
estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico”. Não por acaso, em
Unaí está sendo construído um Hospital do Câncer.
Informações
apresentadas na Ausculta Pública realizada em Unaí pela Comissão Parlamentar e
presentes no documento da Câmara Federal, apontam que já foram registrados
cerca de 1.260 casos de câncer/ano/100.000 por habitantes na região, enquanto a
média mundial não passa de 400 casos/ano/100.000 pessoas.
"Conclamamos
apoio e ampla divulgação desse Manifesto, considerando que tal processo e
decisão judicial é uma ofensa ao Estado democrático de direito, uma violação do
direito fundamental de livre manifestação e de informação, assim como uma
ameaça à saúde pública visto que o vídeo é um importante alerta não só para as
pessoas que vivem na região de Unaí, MG, mas para toda a população brasileira”,
conclama o manifesto.
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