No que ultimamente se repete um pouco por todos os lugares visitados pelo Presidente da República, a população começa a reclamar benefícios directos dos diversos projectos socioeconómicos que nascem e se desenvolvem à sua volta. O exemplo vivo e mais recente disso veio dos habitantes da localidade de Pande, no distrito de Govuro, província de Inhambane, que ontem queixaram-se ao Chefe do Estado, Armando Guebuza, pelo facto de a exploração dos jazigos de gás natural que se processa no seu próprio distrito não ter ainda resultado em nada para as suas vidas.
4 agosto 2010/Notícias
Por isso pediram ao Presidente para que mandasse electrificar a sede da localidade e outros povoados circunvizinhos, numa atitude implícita de que isso é que deveria ser feito pelos donos dos grandes projectos implantados no seu distrito.
No início da sua visita de trabalho de cinco dias a Inhambane, o Presidente recebeu igualmente como queixas a necessidade de ampliação do centro de saúde local, a expansão do ensino secundário-geral do primeiro ciclo, como forma de evitar a deslocação das crianças para Nova Mambone, sede do distrito.
A base das reclamações, que preencheram largo tempo do comício, é sustentada fundamentalmente por se considerar que até aqui não há sinais visíveis de apoio social às comunidades que resultariam da exploração de gás natural de Pande. Tal sentimento de exclusão é ainda agravado pela demanda na região de numerosos exploradores de recursos florestais que igualmente pouco ou nada canalizam a favor das comunidades.
“Pande foi a primeira localidade a tirar o gás natural para a produção de energia eléctrica e é aqui onde foi construído o primeiro gasoduto para Vilankulo, mas nós continuamos às escuras, a energia eléctrica beneficia Inhassoro, Vilankulo, Nova Mambone, Bazaruto e outras ilhas. Quando teremos a nossa energia eléctrica”, questionaram os residentes de Pande.
Para a população de Pande, o apoio social da SASOL, empresa Petroquímica sul-africana que explora o gás natural na região norte de Inhambane, é quase nulo.
Outros obstáculos ao desenvolvimento de Govuro apresentados ao Chefe do Estado apontam para a falta de um posto policial condigno para enfrentar a criminalidade, a ausência de cobertura da rede de telefonia móvel, entre outros problemas que condenam o distrito ao atraso.
Depois de ouvidas as preocupações, o Presidente Guebuza reconheceu que as infra-estruturas económicas sociais existentes não são ainda suficientes para conferir o bem-estar das pessoas, sendo por isso necessário, segundo disse, o engajamento de todos ao trabalho, para reduzir a pobreza.
“Tal como o professor que acredita que os seus alunos vão passar de classe, como o enfermeiro que acredita no comprimido ou na injecção como curativos das doenças, também temos que acreditar que trabalhando vamos vencer a pobreza”, disse Guebuza, acrescentando que “só teremos vergonha da pobreza quando todas as acções que estamos a desencadear redundarem no fracasso”.
Guebuza disse também ser importante tirar vantagens comparativas do Fundo Distrital de Investimento para combater a fome. Para o efeito, o Chefe do Estado orientou os conselhos consultivos distritais e de localidade para acompanharem todo o processo, desde a identificação dos projectos, desembolsos dos fundos e implementação, até à fase de reembolso. (Victorino Xavier)
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