Luanda, Angola, 2 agosto 2010 – O crescimento da classe média angolana, com capacidade para adquirir casa própria, está a abrir perspectivas de investimento fora do segmento mais alto do imobiliário de Angola, segundo um estudo da consultora Deloitte a que o Macauhub teve acesso.
O estudo “Research: 10 Factores de Competitividade para o Sector Imobiliário Angolano”, foi elaborado pela consultora para a ESCOM Imobiliária e para a Mota-Engil Real Estate, concluindo que a oferta é ainda insuficiente para as necessidades do mercado, e concentrada nos segmentos mais altos e na capital, Luanda.
Contudo, sublinham os autores, os indicadores demográficos dão conta da emergência de uma classe média jovem.
Com nível de educação superior à média, estes quadros trabalham muitas vezes para multinacionais instaladas em Angola, na função pública ou no sector financeiro, refere o estudo.
Beneficiam de uma estabilização dos vínculos laborais aos seus empregadores, frequentemente através de contrato de trabalho, e têm capacidade financeira para aquisição de casa própria.
Paralelamente, a compra de habitação para arrendamento revela-se uma opção de investimento interessante, face ao crescente número de quadros expatriados a trabalhar em Angola.
O número médio de pessoas por agregado tem vindo a diminuir nos últimos anos, e cada vez mais jovens casais procuram casa própria, pelo que as tipologias mais pequenas (T1 a T3) são as que têm registado maiores aumentos.
O estudo sublinha também que a chegada dos expatriados deu origem a um mercado de arrendamento de habitações em segunda mão, frequentemente sem as melhores condições.
O trabalho da Deloitte abrangeu todo o território angolano, mas a análise centrou-se nas cidades com maior potencial de desenvolvimento, casos de Luanda, Benguela, Lobito, Huambo, Lubango e Soyo.
Os dados foram recolhidos através de questionários a residentes e pesquisa junto do mercado comercial, de escritórios e industrial.
Nas maiores cidades, e sobretudo em Luanda, o facto de os terrenos disponíveis para construção nas zonas “nobres” serem escassas faz disparar o preço das transações, o que só por si orienta os promotores para a gama mais alta do mercado, que revela também ser a mais saturada.
Também o factor da construção onera os custos dos imóveis, dado que a capacidade de produção de matérias-primas em Angola é ainda insuficiente, obrigando a importação, e o seu transporte difícil.
O actual estado de desenvolvimento do emergente mercado imobiliário angolano é considerado incipiente pela Deloitte.
Os produtos de financiamento imobiliário estruturados são raros, estando o crédito à habitação inibido pela ineficácia dos registos prediais.
Outra condicionante apontada no estudo é a de legislação sobre propriedade horizontal, tal como a burocracia, custos de aquisição de terrenos, aprovação de projectos e desbloqueamento de licenças.(macauhub)
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