Macau, China, 9 agosto 2010 – A economia moçambicana vai continuar a acelerar, com um ritmo de crescimento “surpreendente”, enquanto o clima de negócios dá sinais de melhoria, afirmam os economistas do banco BPI.
“Num ano de recessão mundial (2009), Moçambique surpreende com um crescimento económico de 6,4 por cento, excedendo as previsões dos observadores”, refere a última análise do BPI sobre a economia moçambicana, divulgada no final de Julho.
A “boa performance” continuou no primeiro trimestre de 2010, prevendo o governo um crescimento de 6,2 por cento.
“As reduzidas ligações ao sistema financeiro internacional, a estabilidade dos donativos internacionais, as acções das autoridades de combate ao enfraquecimento económico e o bom ano agrícola justificam esta evolução favorável”, referem os economistas do banco português.
Para o próximo ano espera-se uma “aceleração expressiva” do crescimento económico, para cerca de 7,5 por cento segundo OCDE e FMI, graças à entrada em funcionamento de megaprojectos de extracção de carvão, em Moatize e Benga.
Também os trabalhos de prospecção de hidrocarbonetos na bacia de Rovuma (norte) registam desenvolvimentos positivos, confirmando-se a existência de reservas de gás natural (cerca de 42,5 mil milhões de metros cúbicos) e a possibilidade de existência de reservas de crude.
No sul, a exploração de gás natural de Pande e Temane terá um reforço de capacidade na ordem dos 36 por cento, a partir de 2012.
Para os próximos meses espera-se a concessão de outro grande projecto, há muito aguardado, o da barragem de Mphanda Nkuwa.
“O aumento da capacidade de produção de energia elétrica deverá desempenhar um papel importante no desenvolvimento do país”, afirma o BPI.
“Por um lado, espera-se que o crescimento económico regional mantenha um ritmo robusto durante os próximos anos, o que irá levar a um aumento das necessidades energéticas. Por outro, as necessidades energéticas domésticas não se encontram satisfeitas”, adianta.
A curto e médio prazo, as autoridades enfrentam o desafio de manter o contexto macroeconómico favorável e também de tornar o crescimento mais inclusivo, por forma diminuir a pobreza.
“O reforço do investimento público, a melhoria do ambiente de negócios, o desenvolvimento de sectores económicos chave, a melhoria da integração com países fronteiriços e a exploração das vantagens comparativas do país são os principais vectores de actuação apontados pela generalidade dos observadores para alcançar este objetctivo”, afirma o BPI.
Paralelamente, o clima de negócios tem vindo a melhorar no país, segundo os indicadores do Banco Mundial.
Moçambique ganhou 5 posições no índice Doing Business 2010, para a 135ª posição, entre 183 países.
“Os progressos alcançados na facilidade de abertura de negócio, designadamente o menor número de procedimentos e tempo necessário, a eliminação de capital mínimo para a abertura de uma empresa e regras de contratação mais flexíveis justificam esta melhoria”, escreve o BPI.
Depois de uma quebra acentuada em 2009, para 3,3 por cento, a taxa de inflação está de novo em trajectória ascendente, devendo atingir os dois dígitos este ano.
“O fim da política de subsídio dos combustíveis, no passado mês de Março, e o regresso dos preços do petróleo a um patamar elevado justificam esta tendência, reforçada também pela evolução cambial”, refere a análise.(macauhub)
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