Macau, China, 12 julho2010 - África está a ganhar peso na economia global e os executivos e investidores devem reforçar a presença das suas empresas nos países africanos com melhores perspectivas, entre eles Angola e Moçambique, afirma a consultora McKinsey.
No boletim trimestral, intitulado “O Que Está a Mover o Crescimento de África”, a consultora sublinha que em 2040 um em cada cinco jovens de todo o mundo serão africanos e a mão-de-obra será superior até à da China.
“Se as recentes tendências continuarem, África vai ter um papel cada vez mais importante na economia global”, afirma a McKinsey.
O continente tem 60 por cento das terras aráveis incultas a nível mundial e uma grande percentagem dos recursos minerais.
Mas também a sua classe consumidora está a crescer a um ritmo duas a três vezes superior ao dos países da OCDE.
Ao nível do investimento estrangeiro, a taxa de retorno é maior do que em qualquer outra região em desenvolvimento.
“Os executivos e investidores globais não podem ignorar isto. Uma estratégia para África deve ser parte do seu planeamento a longo prazo. A altura para as empresas agirem de acordo com esses planos é agora”, refere o relatório.
“As empresas que já têm negócios em África devem considerar expandir-se. Para outras que ainda estão à margem, entrar cedo nestas economias emergentes dá a oportunidade de criar mercados, estabelecer marcas, moldar estruturas industriais, influenciar as preferências dos consumidores e estabelecer relações a longo prazo”, adianta.
O PIB real do continente cresceu em média 4,9 por cento ao ano entre 2000 e 2008, o dobro do ritmo dos anos 1980 e 1990.
O rendimento colectivo das economias - 1,6 biliões de dólares em 2008 - equivale ao de países como o Brasil ou a Rússia, apesar de os desafios a nível social serem ainda muitos e graves, incluindo pobreza e doenças.
Os sectores mais dinâmicos são as telecomunicações, banca e retalho, mas também a construção sofreu uma expansão e o investimento privado tem vindo a acelerar.
Os dados da McKinsey indicam que os recursos naturais representaram apenas um terço do crescimento do PIB e que o resto se deveu a mudanças estruturais internas, que permitiram o desenvolvimento de outros sectores, como o comércio, transportes, telecomunicações e indústria.
“As principais razões por detrás deste surto de crescimento incluíram acções dos governos para acabar com conflitos armados e melhoria das condições macroeconómicas e levar a cabo reformas microeconómicas para criar um melhor clima de investimento”, refere o estudo.
As relações “sul-sul” são cada vez mais importantes para os países africanos, muitos dos quais fazem vários acordos a longo prazo ao mesmo tempo, como os que a China tem feito trocando recursos por infra-estruturas.
Mas também Brasil, Índia e Médio Oriente estão a criar novas parcerias de investimento com vários países africanos.
A consultora agrupa as principais economias do continente em “diversificadas”, como África do Sul, ou em “pré-transição”, caso da Etiópia.
Angola surge no grupo dos exportadores de petróleo, os que têm os maiores PIB per capita, mas cuja economia é menos diversificada.
Têm “fortes perspetivas de crescimento”, mas devem investir as suas receitas petrolíferas em infra-estruturas e educação, além de introduzir reformas que estimulem o sector privado.
Moçambique é considerado uma economia em transição, cujas perspectivas dependerão da expansão das trocas entre os países africanos.
“Se estes países melhorarem as suas infra-estruturas e sistemas de regulação, poderiam também competir globalmente com outras economias emergentes de baixos custos”, adianta a consultora.
“As empresas podem ajudar a construir a África do futuro. E trabalhando juntos, empresas, governos e sociedade civil podem confrontar os muitos desafios continente e elevar o nível de vida da sua população”, sublinha. (macauhub)
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