1 junho 2011, Rádio Moçambique O nosso país poderá passar a produzir a sua própria gasolina, a partir do gás natural, em 2016. O projecto foi apresentado oficialmente esta segunda-feira, em Munique, na Alemanha, ao Primeiro-Ministro moçambicano, Aires Ali, pelos proponentes do mesmo, designadamente o Grupo moçambicano Insitec, os alemães do GigaMennthannol e o governo moçambicano, este último na qualidade de facilitador. À luz do memorando assinado, o Grupo Insitec e os alemães propõem-se a construir uma unidade industrial petroquímica, vulgo refinaria, em Inhambane, onde existem gás natural em Temane e Pande. Esta refinaria transformará o gás natural em 3.5 milhões de toneladas de metanol. Desta quantidade, cerca de 2.5 milhões irão para exportação, 500 mil toneladas para produção de gasolina e outros tantos para matérias-primas como cola, adesivos, solventes, indústria farmacêutica e plásticos. A construção da refinaria está avaliada em 3.5 biliões dólares americanos, a serem mobilizados no sistema financeiro internacional. De acordo com os proponentes, a gasolina resultante deste processo é mais limpa e amiga do ambiente e, mais importante que tudo, é mais barata que a actual gasolina. O projecto prevê gerar cerca de 40 mil postos de trabalho directos e poupar uma factura considerável de divisas. A escolha de Inhambane tem a ver com a proximidade das fontes de gás de Temane e Pande. Actualmente, a gasolina representa 40% dos cerca de 600 milhões de dólares da factura anual do Estado moçambicano e um factor determinante na inflação. Os estudos preliminares deste projecto já custaram 10 milhões de Euros ao consórcio Insitec/GigaMenthanol. O Primeiro-Ministro diz que o Governo vai fazer a sua parte para que este projecto seja uma realidade. Celso Correia, PCA do Insitec, diz que este projecto é estruturante para Moçambique e reforça a posição geo-estratégica do país na região e no mundo. O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um composto químico com fórmula química CH3OH. Em condições de pressão e temperatura normais, apresenta-se sob a forma líquida, é inflamável e possui chama invisível. O metanol, ou ainda o álcool da madeira, pode ser preparado através da destilação seca de madeiras, o seu processo mais antigo de obtenção, e de onde inicialmente era obtido. Actualmente, é obtido pela reacção do gás de síntese (produzido a partir de origens fósseis, como o gás natural), uma mistura de H2 com CO, passando sobre um catalisador metálico a altas temperaturas e pressões. Esta reacção é uma redução catalítica do monóxido de carbono, e processa-se a temperaturas de cerca de 300°C e pressões de 200 a 300 atm. É utilizado como catalisador, uma mistura de óxidos metálicos como óxido de cromo (III) (Cr2O3) e óxido de zinco (ZnO). O metanol é, principalmente, um solvente industrial, pois ele dissolve alguns sais melhor do que o etanol. É utilizado na indústria de plásticos, na extracção de produtos animais e vegetais, e como solvente em reacções de importância farmacológica, como no preparo de colesterol, vitaminas, hormonas e outros. É matéria-prima na produção de formaldeído, propileno e ácido acéptico. Estes produtos, obtidos a partir do metanol, são, por sua vez, a base para inúmeras outras indústrias, tais como: aglomerados de madeira e mobiliário, têxtil, colas e adesivos, solventes, plásticos e embalagens, farmacêutica, etc. O metanol pode ser transformado em diferentes combustíveis, nomeadamente, gasolina e DME, este último, um substituto do GPL. O metanol pode também ser directamente usado como combustível, puro ou misturado com ouros combustíveis. O metanol é também utilizado no processo de transesterificação da gordura, para produzir biodiesel. A tecnologia MTG processa o metanol obtido a partir do gás natural e converte-o em gasolina de baixo teor de enxofre, ou seja, uma gasolina muito pura, que pode ser usada directamente ou misturada com a gasolina proveniente de refinarias convencionais. A chave do sucesso da tecnologia MTG é a utilização na estrutura molecular pioneira na conversão do metanol para a gasolina. Esta tecnologia permite gerar o conteúdo principal de gasolina destilada para produzir combustível para motores de alto teor de octana com hidrocarbonetos aromáticos ricos. A Gigamethanol é um consórcio constituído pela Insitec e pela Gigamethanol BV, entidade de origem alemã. Desde 2008 que o consórcio estuda a possibilidade de instalar, em Moçambique, uma unidade industrial Petroquímica para a produção de Methanol e Amónia a partir do gás natural. Este consórcio investiu, até agora, um valor que excede os 15 milhões de dólares americanos para permitir que Moçambique tenha uma unidade de indústria Petroquímica das mais avançadas do mundo. Esta unidade, para além da tecnologia GigaMethanol, para produção de metanol a partir de gás natural, contará também com a tecnologia MTG (Methanol to Gasoline) que permitirá a Moçambique passar a ser um país produtor de gasolina a partir de 2016. A Transformação do gás natural em metanol, em Moçambique, garantirá um acréscimo de valor ao gás natural enquanto matéria-prima que até agora este não tinha, uma vez que era apenas um bem exportável enquanto tal. Este projecto afigura-se como uma revolução industrial em Moçambique, pois não só introduz o país na curta lista de países com indústria petroquímica, como representará a independência energética do combustível importado que nos custa uma grossa fatia do orçamento geral do Estado. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário