6 junho 2011/Vermelho http://www.vermelho.org.br
A primeira visita do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, à presidente Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (6), marca a retomada das relações comerciais entre os dois países, com a assinatura de acordos bilaterias. Em declaração à imprensa, os dois presidentes fizeram discurso político, em que destacaram o esforço dos dois países pela integração da América Latina e criação de uma “zona de paz e de respeito aos direitos humanos”, disse Dilma. Chávez acrescentou: “E (zona) livre da miséria”.
Dilma falou primeiro e fez um discurso curto. Ela destacou que “os principais pontos da nossa agenda mostram como são produtivos e amplos os nossos interesses comuns. E mostram também o tamanho do esforço para explorá-los”. Disse ainda que “os tempos que vivemos colocam desafios fortes e em todas as áreas – economia, política cooperação internacional, e sobretudo, no plano social.”
E afirmou ainda que “nós queremos promover as condições de vida dos nossos países e eu tenho certeza que a Venezuela, pela sua política interna, e o Brasil sem Miséria, vão ser capazes de cumprir esse compromisso com as suas populações”.
Dirigindo-se ao presidente venezuelano como “Meu querido presidente Chávez”, Dilma destacou também o esforço comum de “fazer do continente sul-americano uma zona de paz e de respeito aos direitos humanos”. E disse que a luta pela integração dos nossos países, de harmoniosa cooperação, é sobretudo “por um mundo que passa por imensas transformações a partir do momento em que os povos passam a usufruir do partilhamento dessas riquezas”.
Zona sem miséria
O presidente Chávez prometeu ser breve. E repetiu, durante o discurso, o propósito de falar pouco ao mesmo tempo que declarava o desejo de falar mais. Dirigindo-se à presidente Dilma como “minha querida amiga”, disse que ela já falara sobre “nossa estratégia econômica, política e humana, muito humana”, enfatizou.
E refez o mesmo discurso da presidente brasileira com suas palavras, dizendo que “a situação atual do mundo não é época de mudança, é uma mudança de época”, destacando “a crise econômica global galopante que não sabemos quando vai terminar”. Disse ainda que “nós sonhamos começar o século 21 em paz, mas infelizmente parece que vai continuar sendo o século 20, de guerras”.
E, confirmando as palavras da presidente Dilma, disse que “temos que consolidar nossa América Latina, nossa América do Sul, como zona de paz. Não queremos bombardeios, nem golpes de estado. Nós somos unidos, conscientes e integrando-nos cada vez mais”. Destacando ainda que a América Latina deve ser também uma “futura zona sem miséria”.
Sem atraso
Pontuando sua fala com tiradas jocosas, Chávez disse que não ia atrasar o almoço, a exemplo do que fizera uma vez o presidente cubano, Fidel Castro. Ele contou que em um encontro entre os dois, propôs um brinde e falou um minuto, enquanto Fidel falou três horas, atrasando o jantar, que foi servido à meia-noite. Após a declaração à imprensa, às 13 horas, foi oferecido almoço em homenagem a Chávez, no Itamaraty.
Ao contrário do que ocorre normalmente, o presidente venezuelano chegou de elevador, e com uma bengala, em função de problemas nos joelhos. Essa visita estava marcada anteriormente para o dia 10 de maio, mas devido aos problemas de saúde do presidente Chávez, a visita foi remarcada para esta segunda-feira (6).
Após a recepção no Salão Nobre do Palácio do Planalto, os dois presidentes acompanharam, na rampa do Palácio, a cerimônia de execução dos dois hinos nacionais. A visita prosseguiu com reunião na Sala de Audiências; cerimônia de assinatura de atos, no Salão Leste, e declaração à imprensa.
Momento de recuperação
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) divulgou nota à imprensa afirmando que o encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente Hugo Chávez será a oportunidade para lançar novas iniciativas de cooperação bilateral, com atenção especial para a integração fronteiriça. Foram assinados acordos no setor de energia e nas áreas de mineração e construção civil.
A Venezuela e a região Norte do Brasil têm economias complementares, com benefícios para as populações dos dois países. Já se encontram em operação a extensão da rede de fibra ótica venezuelana ao território brasileiro, que tem permitido acesso a conexões de alta velocidade em Roraima e no Amazonas, e a linha de transmissão proveniente da hidrelétrica de Gúri, que fornece quase 90% da eletricidade consumida em Roraima.
O encontro presidencial ocorre em momento de recuperação do comércio bilateral, que começou em 2005 e tem se intensificado com a assinatura de acordos bilaterais – após a retração, em 2009, em consequência da crise econômica mundial. Nos quatro primeiros meses de 2011, a corrente de comércio já superou US$ 1,5 bilhão, dos quais mais de US$ 1 bilhão correspondem a exportações do Brasil.
Em 2010, o comércio bilateral totalizou US$ 4,6 bilhões (aumento de 11,8% em relação a 2009). As exportações brasileiras alcançaram US$ 3,8 bilhões(aumento de 6,7%), ao passo que as importações provenientes da Venezuela somaram US$ 832 milhões (incremento de 43,2%), com superávit de US$3 bilhões em favor do Brasil. (De Brasília, Márcia Xavier)
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