sexta-feira, 24 de abril de 2009

Portugal está entre os que menos ajuda países pobres

Lisboa, 24 abril 2009 (Lusa) - Portugal destinou no ano passado 470 milhões de euros para ajuda aos países em desenvolvimento, um crescimento de 21,1% em relação a 2007. Contudo, a quantia foi insuficiente para retirar o país dos últimos lugares da lista de doadores.

Em 2008, Portugal destinou 0,27% do seu Rendimento Nacional Bruto (RNB) - riqueza criada que fica no país - à Ajuda Pública ao Desenvolvimento(APD), segundo os dados mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No ano passado, o Rendimento Nacional Bruto português ascendeu a 159 bilhões de euros.

A porcentagem coloca o país como o quinto pior doador entre 22 Estados que integram o Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, a seguir à Grécia, Itália, Japão e Estados Unidos (que ocupa o último lugar em termos de porcentagem, mas é o país que mais recursos concede).

A lista dos países que maior porcentagem do seu RNB destinaram à ajuda ao desenvolvimento é liderada pela Suécia (0,98%), que com o Luxemburgo (0,92%), Noruega (0,88%), Dinamarca (0,82%) e Holanda (0,8%) ultrapassaram já a meta coletiva de 0,7% - estabelecida pelas Nações Unidas para 2015.

A porcentagem da ajuda portuguesa continua longe das metas de 0,33% definida pela União Europeia para cada estado em 2006 e de 0,51% para 2010.

Portugal está também entre os três países que menos dinheiro destinou à ajuda pública ao desenvolvimento, juntamente com Luxemburgo e Nova Zelândia.

Em montantes, os principais doadores foram os Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Japão, enquanto o maior crescimento das verbas destinadas a APD se verificou nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Japão e Canadá.

A OCDE considera ainda "notáveis" os aumentos registrado por Portugal, Austrália, Bélgica, Grécia e Nova Zelândia.

África
Segundo a OCDE, o aumento de 21,1% em termos reais de Portugal deveu-se "ao aumento da ajuda bilateral, designadamente na África".

Dados do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) revelam que a ajuda bilateral representou, em média, 61% do total entre 2002 e 2007, com a cooperação técnica. Os setores da educação e formação foram os que mais receberam recursos, com uma média anual acima dos 50%.

Projetos de investimento, reorganização e perdão de dívidas e o apoio ao orçamento dos países são outras modalidades.

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor Leste são os maiores beneficiários da ajuda bilateral, enquanto a multilateral é destinada à União Europeia, Nações Unidas (em média 8,7 milhões de euros entre 2002 e 2007) e Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio (uma média de cerca de 10,7 milhões de euros, no mesmo período).

Em 2007, Cabo Verde (39 milhões de euros) encabeçava o Top 10 dos maiores beneficiados da APD portuguesa, que integrava ainda Timor Leste (32 milhões de euros), Moçambique (16 milhões), Angola (15 milhões), Guiné-Bissau (11 milhões), Servia (10 milhões), São Tomé e Príncipe (9 milhões) Bósnia Herzegovina (6,8 milhões), Afeganistão (6,1 milhões) e Líbano (4,5 milhões).

A ajuda pública ao desenvolvimento (APD) da OCDE cresceu 10,2% em 2008 em comparação ao valor de 2007, atingindo os 90 mil milhões de euros.

O continente africano foi o destinatário da maior parte da ajuda, com 26 bilhões de euros, sobretudo a África subsaariana, que recebeu 22,5 bilhões de euros.

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