Luanda 23 abril 2009 (Lusa) - A ministra angolana do Planejamento, Ana Dias Lourenço, disse nesta quinta-feira que o setor da indústria transformadora foi o que mais cresceu em Angola nos últimos anos, mas com “um elevado índice de concentração”.
A ministra, que falava na abertura de uma conferência sobre a indústria transformadora no país, revelou que em 2007 este setor cresceu 32,6% e só as indústrias de bebidas e alimentação representaram 75% de toda a atividade do ramo.
“Por isso, constitui um desafio a diversificação da produção nacional, no sentido da obtenção de uma malha de inter-relações industriais forte, alicerçada na elevada produtividade dos fatores, eficiência na aplicação dos recursos e na gestão dos processos de fabricos”, disse a ministra.
O discurso de Lourenço foi feito 24 horas após o economista chefe do Banco Mundial em Angola, Ricardo Gazel, ter defendido que a ausência de diversidade na economia do país, muito dependente do petróleo, ser a primeira razão para as grandes dificuldades que Angola vai sentir ao longo de 2009.
Gazel apontou ainda como incipientes os progressos em áreas onde Angola tem vantagens comparativas, como a agricultura e a indústria, tendo ainda o economista do BM destacado que o país tem crescido nestas áreas, mas de forma a não evitar o forte impacto da queda do petróleo na sua economia.
Degradação
Por outro lado, Lourenço disse ainda que durante anos consecutivos a participação da indústria transformadora no país “não passou dos 4% e a criação de emprego apresentou uma dinâmica pouco desejável para os objetivos sociais sobre a criação de postos de trabalho e consequente redução da pobreza”.
“A indústria transformadora no nosso país esteve sujeita a um processo de degradação econômica devido ao conflito militar e o seu arrastamento por mais de 20 anos”, disse a governante, destacando que “durante este lapso de tempo a manufatura nacional foi reduzindo paulatinamente a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB)”.
De acordo com ela, desde 2002, o governo angolano passou a considerar a indústria nacional como um dos setores de desenvolvimento estratégico do país, pelo que decidiu aprovar, há cerca de dois meses, o programa executivo para a indústria para o período entre 2009 e 2012.
“O governo, ao definir e aprovar o programa executivo da indústria transformadora, teve em vista vários propósitos: amenizar as ameaças que pairam sobre a indústria nacional, solucionar os seus principais problemas, tais como a degradação do parque industrial, a insuficiência do crédito bancário, os custos elevados de estrutura e transformar a manufatura num setor de referência para a competitividade global da economia nacional”, afirmou.
Posição estratégica
A posição geopolítica estratégica em que Angola se encontra foi realçada pela ministra como um dos indicadores de que a indústria transformadora local possa ter um crescimento notável na região da África Central e Austral.
“A partir de Angola, as atividades produtivas podem atingir a CEAC (Comunidade Económica dos Países da África Central) e a SADC (Comunidade Econômica dos Países da África Austral), havendo que garantir a sua competitividade pelo prestígio internacional do país e pela internacionalização de algumas empresas angolanas, com a nova dinâmica do crescimento que tem sido intenso nestes últimos anos”, disse.
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