terça-feira, 6 de novembro de 2012

Portugal/E-2013, A AGENDA OCULTA E A SAÍDA DA CRISE

5 novembro 2012/Resistir.info http://www.resistir.info (Portugal)

A aprovação do orçamento do desastre pela maioria PSD-CDS da Assembleia da República, dia 31 de Outubro, marca um ponto de inflexão na crise portuguesa. Dizer que se trata de um orçamento recessivo é pouco. É um orçamento que, se cumprido, significará a destruição generalizada do que resta das forças produtivas portuguesas.

Há uma agenda oculta por trás deste Orçamento de Estado 2013. Aqueles que o elaboraram – V. Gaspar & troika – têm perfeita consciência de que a sua aplicação conduzirá a um fracasso clamoroso, mas fizeram-no precisamente com a intenção de que o previsível fracasso conduza a medidas ainda mais gravosas contra o povo português.
A classe dominante quer ajustar contas com a Revolução de Abril, inclusive com a Constituição dela saída.(*)

O problema que hoje assola o mundo capitalista não é uma crise. É, sim, uma depressão . Ela teve início em 2008, mas esta palavra jamais é utilizada pelos analistas que pontificam nos media que se dizem "referência". Uma crise é um fenómeno episódico, conjuntural, pontual.


Ela faz parte dos ciclos de negócios normais do modo de produção de capitalista. Uma depressão, em contra-partida, é um fenómeno prolongado no tempo. Considerar uma depressão como uma crise é um erro de diagnóstico que só pode conduzir a terapias erradas. Mas o capital financeiro tem interesse em aplicar as terapias erradas. No bojo da depressão pretende reforçar o seu poder e chegar ao domínio absoluto. O parasitismo do capital financeiro pretende vencer a sua guerra.

No âmbito português, há duas condições necessárias para a saída da crise: 1ª) Recuperar a soberania monetária – não é possível qualquer solução válida para Portugal enquanto se mantiver na zona euro; 2ª) Adoptar uma moeda de emissão estatal, ou seja, eliminar o poder exorbitante dos banqueiros privados de criar meios de pagamentos a partir do nada. O governo deve exercer o seu poder soberano de emitir moeda. Esta segunda medida contribuiria poderosamente para o desendividamento do Estado – grande parte das despesas do orçamento consiste de encargos com a dívida pública.

Estas são as duas mais importantes questões a discutir em Portugal, na Grécia, na Irlanda e nos demais países ameaçados pela UE. Ambos os pontos teriam de ser mais desenvolvidos, o que ultrapassa o espaço desta breve nota. Mas pode-se afirmar desde já que implorar negociações com credores mantendo um país no euro e o poder de emissão com os banqueiros privados é um caminnho ínvio e gerador de ilusões entre os povos.


(*) Ênfase de Mercosul & CPLP

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