terça-feira, 13 de novembro de 2012

Silenciar ou desacreditar: a situação da educação em Cuba

12 novembro 2012/Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

Grandes jornais divulgaram, recentemente, que segundo a Unesco “poucos países da América Latina estão a caminho para conseguir (as metas de) educação para Todos em 2015”. Com muito cuidado de não mencionar que Cuba é, entre os poucos países, o mais destacado.

Cuba ocupa o 16º lugar entre 120 Estados do mundo no que se refere ao chamado índice de Desenvolvimento da Educação para Todos (IDET), de acordo com um relatório recente da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) apresentado em outubro (2). Este índice combina com a taxa de escolarização primária, a taxa de alfabetização de adultos, paridade e igualdade de gênero na educação, e a taxa de frequência da escola até a quinta série.

Nesta classificação, Cuba é a primeira nação da América Latina e Caribe, e supera países ricos como Estados Unidos, Dinamarca, Austrália, Bélgica, Alemanha e Israel.

O relatório também avalia o investimento material na educação realizado Cuba: 9,3% do seu Produto Nacional Bruto, em comparação com 4,1% em média da região (3).

Estes resultados foram endossados por Herman van Hooff, diretor do Escritório de Educação da UNESCO para a América Latina e no Caribe, que elogiou a “qualidade da educação” em Cuba e o “comprometimento das autoridades com os programas nesse setor”(4) (5).

Na apresentação do relatório, realizada na capital do Chile, Martín Hopenhayn, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), disse que "se a medida fosse feita por indicadores clássicos, Cuba seria o país mais avançado e quem mais investe na educação" (6).

Mas os poucos meios internacionais que fizeram qualquer menção ao relatório da Unesco, ignoraram completamente as referências a Cuba mencionadas por altos funcionários das Nações Unidas.

Um fato inexistente
O jornal espanhol ABC, em sua edição web, estampou que, segundo a Unesco, "Poucos países da America Latina alcançarão a Educação para Todos até 2015" (7). Fez um breve relato dos graves problemas da região, mas nenhuma menção aos avanços de Cuba.

O jornal também espanhol El País se concentrou nos problemas da Espanha e a continuação afirmava que “o panorama em América Latina não é muito melhor (8). (...) Muitos países da região estão muito atrasados. Poucos estão "em bom caminho", lamenta a Unesco”. Mas esses "poucos países no caminho" não são mencionados. A razão é óbvia: seria muito difícil para a redação do El País reconhecer que Cuba - usual alvo dos seus ataques - esteja entre eles.

Outros veículos, como o portal argentino Infobae, seguiram o mesmo padrão informativo, citando os problemas globais da região, citando a existência de poucos países (que) estão no caminho certo "e ignorando absolutamente Cuba (9).

O citado Informe de Seguimento da Educação Para Todos no Mundo 2012, da Unesco, levantou questões também entre os "dissidentes" em Cuba. Poucas horas depois de sua apresentação, a famosa blogueira Yoani Sanchez publicou constantes tweets para desqualificar a Unesco (10). Segundo a atual correspondente não credenciada do jornal El País em Havana, a educação em Cuba - que é avaliada como de "qualidade" por essa instituição das Nações Unidas — é só "doutrinação ideológica".

É que, evidentemente, a educação em Cuba, desde a escola primária à universidade, é imbuída de ideias e valores hegemônicos. São os da Fraternidade, da igualdade social, da participação, do antirracismo, da solidariedade, do internacionalismo e da rebeldia anti-imperialista. Exatamente ao contrário dos outros, como competência, ou individualismo ou o culto ao êxito, eixo e centro do sistema de valores culturais e educacionais das "democracias de mercado".

Fonte: Cuba Información
Tradução: Léo Ramirez

(1)
http://www.cubainformacion.tv/index.php/la-columna/223-vincenzo-basile/46188-la-unesco-cuba-y-el-silencio-de-los-medios
(2)
http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002180/218083s.pdf
(3)
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=157972
(4)
http://www.diariodecuba.com/cuba/13546-la-unesco-dice-que-cuba-supera-ee-uu-en-el-indice-de-educacion-para-todos?page=1
(5)
http://www.correodelorinoco.gob.ve/multipolaridad/unesco-destaca-compromiso-cuba-programas-educacionales/
(6)
http://www.que.es/ultimas-noticias/internacionales/201210162016-america-latina-avanza-cobertura-pero-efe.html
(7)
http://www.abc.es/agencias/noticia.asp?noticia=1272342
(8)
http://sociedad.elpais.com/sociedad/2012/10/16/actualidad/1350362017_969349.html
(9)
http://america.infobae.com/notas/59809-America-Latina-falla-en-su-Educacion-para-Todos.html
(10)
http://www.cubainformacion.tv/index.php/la-columna/223-vincenzo-basile/46188-la-unesco-cuba-y-el-silencio-de-los-medios

 
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Cuba denuncia impactos do bloqueio dos EUA na educação superior
9 novembro 2012/
Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

O bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba limita o acesso a equipamentos e recursos para universidades do país e encarece sua compra, denunciou em Havana a vice-ministra de Educação Superior Miriam Alpizar.

 

De acordo com a vice-ministra, as sanções e proibições vigentes por mais de meio século têm particular impacto em carreiras relacionadas à ciência e ao estudo de línguas estrangeiras, a partir das necessidades tecnológicas como laboratórios e equipamento.

Além disso, o bloqueio de Washington afeta os trabalhos investigativos nos centros cubanos de Educação Superior, onde são frequentes as dificuldades para obter reagentes e insumos.

Em declarações à televisão, Alpizar mencionou o obstáculo que o bloqueio representa para a aquisição de microscópios eletrônicos de varredura, instrumento com aplicações docentes na biotecnologia e biofarmácia.

Só pudemos comprar um equipamento da China, se não existisse o bloqueio, teríamos acesso ao mesmo nos Estados Unidos ou em alguma fábrica da região ligada a empresas norte-americanas, o que reduziria o custo e com isso a possibilidade de obter mais microscópios, apontou.

O bloqueio mantido por sucessivas administrações estadunidenses impede o comércio com Cuba ou a aquisição de meios com tecnologia ou componentes da nação nortista.

Outro impacto visível na Educação Superior está ligado ao ensino das línguas estrangeiras, sobretudo na instalação de laboratórios especializados, explicou a vice-ministra do setor.

Segundo Alpizar, devido ao cerco imposto pela Casa Branca foram adquiridos só sete desses laboratórios.

Priorizamos os módulos para as universidades que ensinam idiomas, sem as sanções de Washington poderíamos ter comprado uma maior quantidade com o mesmo financiamento, explocou.

A vice-ministra mencionou também gerenciamentos realizados para adquirir importantes equipamentos para as carreiras de economia.

Acessamos com esse propósito o site de uma empresa estadunidense, portal no qual está publicada a lei federal que proíbe o comércio com Cuba, disse.

Na próxima terça-feira, a Assembleia Geral da ONU debaterá a Resolução 66/6 sobre a necessidade de pôr fim ao bloqueio.

Desde 1992, a comunidade internacional tem demandado nesse fórum o fim do cerco, que, segundo o governo cubano, já provocou danos no valor de 1 trilhão e 66 bilhões de dólares, considerando a depreciação da divisa estadunidense com relação ao ouro.

Fonte: Prensa Latina

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