14 julho 2015, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br
(Brasil)
Líder negro Patrice Lumumba, responsável pela independência do
Congo, nasceu em 2 de julho 1925 e foi assassinado a mando do imperialismo.
República do Congo -- PCO - "Temos sofrido ironias, insultos e
golpes dia após dia simplesmente porque somos negros"
Patrice Émery Lumumba nasceu em 02 de julho de 1925 e foi
assassinado pelo imperialismo em 1961, em 17 de janeiro. Lumumba é considerado
um dos maiores expoentes africanos na luta pela independência de seu país, o
Congo, e teve sob sua liderança milhares de operários e camponeses no processo
de libertação do país do colonialismo belga.
Lumumba, quando preso, teve seu primeiro contato com movimentos
pela independência que culminariam na formação do Movimento Nacional Congolês
(MNC) em 1958, primeiro partido político nacional pela independência, que dois
anos mais tarde levaria seu líder fundador ao poder.
Obviamente, todos os processos políticos no mundo, inclusive na
África, são vigiados atentamente pelas forças de repressão dos Estados Unidos,
como pode ser visto na totalidade das ditaduras na América Latina, todas
planejadas sob a batuta do governo americano.
Lumumba logo se constituiu um alvo da repressão imperialista, isso
em virtude da forte pressão revolucionária que existia no país, o que forçou o
rei belga, Balduino I ir pessoalmente a Leopoldville proclamar a independência
do Congo,
reconhecida oficialmente em 30 de junho de 1960.
A pressão pela independência do Congo partiu também da própria
burguesia do país, que se viu pressionada pelo imperialismo mundial e buscou se
libertar. Trata-se de um processo comum nas independências dos países africanos
e dos países menos desenvolvidos, considerados historicamente como resultado do
chamado nacionalismo burguês.
"Durante os 80 anos de governo colonial sofremos tanto que
ainda não podemos afastar as feridas da memória. Nos obrigaram a trabalhar como
escravos por salários que nem sequer nos permitem comer o suficiente para
espantar a fome, ou se vestir, ou encontrar moradia, ou criar nossos filhos
como seres queridos que são. Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após
dia simplesmente porque somos negros. As leis de um sistema judicial que só
reconhece a lei do mais forte nos tiraram as terras. Não há igualdade; as leis
são brandas com os brancos mas cruéis com os negros. Os condenados por opiniões
políticas ou crenças religiosas sofreram horrivelmente; exilados em seus próprio
país, a vida tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos puderam ter
magníficas casas e os negros capengos barracos; os brancos não nos permitiam
entrar no cinema, nos restaurantes ou nas lojas para europeus; fomos obrigados
a viajar dentro das cargas ou aos pés dos brancos sentados em cabines de luxo.
Quem poderá se esquecer dos massacres de tantos dos nossos irmãos ou das celas
em que eram metidos os que não se submetiam à opressão e a exploração? Irmãos,
assim tem sido a nossa vida”, disse Lumumba em seu discurso de posse como
primeiro-ministro.
Quer dizer, mesmo após a independência formal do país, quem ainda
mandava era o imperialismo: os militares belgas continuavam controlando o
exército e a polícia, as empresas estrangeiras continuavam a controlar as minas
e a CIA atuava conjuntamente com a inteligência belga para manter o país sob
seu controle. Daí em diante, no país seguiu-se golpes atrás de golpes.
Executado pelo imperialismo
Lumumba foi assassinado sob ordens expressas da CIA e do presidente
norte-americano Dwight Eisenhower em uma operação conjunta com a Bélgica.
Documentos revelados em 2013 mostraram a ação.
Posteriormente, a Comissão Church, presidida pelo senador Frank
Church, revelou que Foster Dulles, na época diretor da CIA, entrou em contato
com seus agentes instalados em Leopoldville e ordenou a “remoção” de Patrice
Lumumba do poder.
As investigações desta comissão provaram que em menos de dois meses
após a independência do Congo, Eisenhower assinou em uma reunião secreta na Casa
Branca uma ordem para assassiná-lo. Um dos agentes encarregados foi Frank
Carlucci, futuro secretário de Defesa no governo de Ronald Reagan.
Para apagar provas e ocultar o envolvimento da CIA, o corpo de
Lumumba foi desenterrado e dissolvido com ácido.
Fizeram essas atrocidades por considerar Lumumba, um dos líderes
negros na história mundial, uma pessoa de última categoria, a quem se pode
cometer qualquer barbaridade.
As ações imperialistas na África mostram que os conflitos que lá
existem não são frutos de um continente “amaldiçoado”, ou “barbarizado”, mas de
um continente sob o completo domínio do imperialismo, que tira e coloca
governos ao sabor de seus interesses.
A independência do Congo do imperialismo belga foi a expressão de
uma situação revolucionária em todo o mundo com os movimentos de libertação
nacional e a desintegração do regime colonialista na Ásia e na África após a
Segunda Guerra Mundial, processo que continua até os dias de hoje.
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