segunda-feira, 27 de julho de 2015

Financiamento da China a Moçambique aumentou 160% em 2 anos

27 julho 2015, Macauhub http://www.macauhub.com.mo (China)

A China já é o maior credor de Moçambique, depois de ter aumentado em 160 por cento, desde 2012, o financiamento ao país africano, onde estão a ser preparados importantes investimentos com capital chinês.

O peso do financiamento da China a Moçambique deverá crescer quase 50 por cento, face aos valores actuais do crédito bilateral concedido, com um novo empréstimo de 400 milhões de dólares anunciado na semana passada.

O novo empréstimo destina-se à construção de uma linha de transmissão
eléctrica de 600 quilómetros entre as províncias moçambicanas de Zambézia e Nampula, segundo informações avançadas pelo governo moçambicano.

Segundo a empresa, deverá iniciar-se em breve a construção da central norte do aproveitamento hidroeléctrico de Cahora Bassa, projeto avaliado pelo governo moçambicano em 413 milhões de euros (368 milhões de euros) que conta com o interesse da China Three Gorges e da State Grid, segundo o Diário Económico.

A State Grid pretende ainda financiar e construir a central hidroelétrica de Mpanda Nkua, projetada para ser a segunda maior hidroelétrica do país e entregue a construtoras brasileiras em 2010, mas que se deparou com dificuldades.

Segundo dados compilados pelo banco português no seu último relatório sobre Moçambique, a dívida total à China estava em 886 milhões de dólares em 2014, mais 160 por cento do que em 2012, quando o principal credor de Moçambique era ainda Portugal.

A dívida à China representa já cerca de um terço do total da dívida de Moçambique, que quase duplicou desde 2010.

Para o aumento recente da dívida “contribuíram essencialmente a contratação de empréstimos bilaterais com a China, que representaram cerca de 70 por cento dos novos desembolsos em 2014”, a par de empréstimos multilaterais, refere o relatório do BPI.

O recurso ao financiamento externo tem sido uma forma de Moçambique compensar as quebras nas receitas extraordinárias e donativos, que se traduziram num aumento do défice orçamental do Estado.

O BPI prevê que a dívida pública continue, neste cenário, a aumentar para “patamares considerados elevados para um país com o nível de desenvolvimento de Moçambique”, e recomenda ação ao nível do défice público, mesmo tendo em conta que o esperado crescimento económico tenderá a “diluir os níveis de dívida”.

No ano passado, o ritmo de expansão da economia continuou “elevado”, afirma, acima dos 7 por cento pelo quarto ano consecutivo, graças aos sectores da indústria extrativa, construção e serviços financeiros.

Este ano, é possível que o crescimento “desacelere ligeiramente” em relação aos 7,5 por cento estimados pelo governo de Moçambique, mas ainda assim “as perspetivas económicas para Moçambique mantêm-se amplamente positivas, com taxas de crescimento robustas potenciadas pelos megaprojetos e taxas de inflação reduzidas”.

Alguns recentes recuos de investimentos no sector do carvão, devidos à queda da cotação desta matéria-prima, têm sido compensados por novos acordos assinados, nomeadamente, com empresas chinesas, afirma o BPI. (macauhub/MO)


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