quarta-feira, 15 de julho de 2015

Moçambique/PROCLAMA CONSELHO NACIONAL DA OMM: Interesses da nação acima das diferenças

Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)


Revitalizar as bases, envolver mais mulheres e colocar os interesses da nação acima das diferenças de cada um constitui parte das lições tiradas pelos membros da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), reunidos semana finda na cidade de Xai-Xai, província de Gaza, em III Sessão Ordinária do Conselho Nacional da agremiação.

Falando no acto do encerramento da reunião, que decorreu sob o lema “Mulher Moçambicana Unida Contra a Pobreza”, Maria de Fátima Pelembe, secretária-geral da organização, fez saber que o encontro constitui momento importante para os participantes intensificarem a cultura de unidade, melhorando deste modo o conhecimento mútuo e reforçando os laços que lhes permitam caminhar de forma coesa rumo ao progresso e alcance dos objectivos da agremiação.

Durante a sessão os participantes tiveram momentos de debate de vários assuntos da actualidade e que tocam de uma ou de outra maneira os interesses nacional e da organização, entre os quais a intriga, o fardo do HIV/SIDA, mulher empreendedora,
a Comissão do Estatuto da Mulher (Beijing+20) e a xenofobia.

“O calor que em algum momento “invadiu” os debates foi, sem sombra de dúvidas, um sinal inequívoco da vontade de melhorar a nossa actuação, os nossos métodos de planificação, programação e implementação das nossas actividades, o que significa que estamos a crescer”, sublinhou Pelembe, exaltando a importância do diálogo, respeito, consideração e amizade para o fortalecimento da OMM.

Para a SG da OMM, os interesses da nação devem estar acima das diferenças de cada moçambicano e torna-se importante olhar para a mulher (que representa mais de 50 por cento da população no país) como quem tem responsabilidades acrescidas de garantir o futuro de Moçambique.

“A mulher por natureza é uma geradora da riqueza dos recursos humanos com habilidades para desenvolver o país e o continente”, frisou, sublinhando o papel da mulher como educadora da família e da sociedade, em especial a rapariga.

“Desta forma criaremos condições para que as nossas bibliotecas vivas possam, paulatinamente, passar o testemunho. Esta será a garantia de que a OMM nunca morrerá”, disse a secretária-geral da OMM.

Fátima Pelembe fez saber ainda que uma das prioridades da organização é melhorar e multiplicar as acções em prol do empoderamento da mulher, seguindo o princípio da União Africana (UA), que definiu este ano como sendo da década do empoderamento da mulher.

No momento os participantes reafirmaram o compromisso de continuar a lutar contra os casamentos prematuros e contribuir para a melhoria, cada vez mais, das condições nas escolas para a manuntenção das meninas no sistema educativo. Assumiram ainda continuar a lutar pela melhoria da saúde, principalmente no combate ao HIV/SIDA e ao cancro do colo do útero e da mama e apoiar os esforços do Governo na humanização e na melhoria do atendimento nas unidades sanitárias.

“Esse plano só será concretizado se trabalharmos juntas e coesas, enraizadas nas nossas comunidades e melhorando a articulação com os nossos parceiros”, salientou Fátima Pelembe convidando a todas as mulheres a se engajarem na preservação da paz e da unidade nacional.
Durante o Conselho Nacional, que decorreu na presença da esposa do Presidente da República, Isaura Nyusi, a OMM recebeu uma carta de renúncia da presidente da organização, Maria da Luz Guebuza, e decidiu marcar um congresso extrardinário a decorrer de 9 a 12 de Dezembro deste ano na cidade da Matola, província de Maputo.

Conquistar mais mulheres
O Presidente do Partido Frelimo e simultaneamente Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, dirigiu a abertura da III Sessão da Organização da Mulher Moçambicana (OMM) enaltecendo o papel da mulher no desenvolvimento do país e orientou a organização a mobilizar com responsabilidade as mulheres de todo o país a aderirem a causas sociais, emancipação, promoção e defesa dos direitos das moçambicanas.

“O tamanho do sucesso da OMM depende do tamanho do seu amparo e demonnstração do seu humanismo para com outras mulheres de mentes e saberes divergentes, convidando-as para aderirem ou aceitarem os nossos princípios de patriotismo”, disse.

Filipe Nyusi explicou que o diálogo e auscultação de todas as mulheres moçambicanas, sem discriminação, é o caminho que poderá ajudar na busca de soluções conjuntas, representativas e sustentáveis.

Segundo Nyusi, juntos será possível delinear o projecto que permitirá continuar a promover o desenvolvimento humano de Moçambique, que deve privilegiar a dignidade da mulher, o seu respeito, a sua valorização e o seu reconhecimento por toda a sociedade.

“Temos vindo a citar que a batalha para que a pobreza em Moçambique deixe de ter o rosto feminino é de todos nós e a OMM deve assumir essa dianteira”, disse Filipe Nyusi, acrescentando, contudo, que “a Direcção do Partido Frelimo, a vossa direcção, não quer que a OMM se assemelhe ao mosquito que transporta e transfere o parasita da malária para infectar o seu militante ou ao seu povo”.

Segundo Jacinto Nyusi, a OMM não quer que a mulher, “nossa companheira em todas as batalhas, seja usada para atiçar a divisão no nosso seio, promover a exclusão social ou a adubar a exclusão política. É missão da OMM promover a unidade nacional e a coesão interna dentro do Partido Frelimo”.

Na ocasião fez saber que a igualdade de género será uma realidade na sociedade moçambicana, onde homens e mulheres terão igualdade de oportunidades.

“Estamos a caminhar para uma sociedade onde não será notícia a mulher estar ou não estar a laborar num determinado departamento... não será novidade a mulher dirigir ou não o seu sector produtivo. Chegará um tempo em que ela não se socorrerá da sua condição de mulher para justificar determinados fracassos, tempo em que na verdade nada nos separará em função da diferença entre homens e mulheres”, sublinhou Filipe Nyusi.

Revitalizar as bases
Entreos convidados do Partido Frelimo para III Sessão do Conselho Nacional da Organização da Mulher Moçambicana estava Carlos Moreira Vasco, secretário do Comité Central da Frelimo para as Organizações Sociais, que destacou a importância da marcação do IV Congresso na revitalização das bases.

“Esta sessão teve o condão de convocar o IV Congresso da OMM. Para garantir o sucesso urge desencadear desde já no seio da organização um trabalho de revitalização das bases que observa o princípio de renovação na continuidade”, frisou.

Carlos Moreira Vasco explicou que o revitalizar das bases da OMM passa pelo envolvimento de cada um dos membros no processo pois, no seu entender, a OMM tem a obrigação histórica por ser a pioneira e aglutinadora de todos os extractos da sociedade de reunir cada vez mais em seu torno a mulher empreendedora, a operária, a camponesa e a funcionária pública com vista a enriquecê-la e colocá-la à altura dos desafios, crescimento e desenvolvimento do país.

“O sucesso do congresso dependerá em grande medida da coesão interna do combate à intriga e observância dos princípios orientadores do Partido Frelimo. Em vista disso lançamos um apelo para que cerremos fileiras para tudo que é nefasto e capaz de criar divisão no nosso seio”, apelou Carlos Moreira Vasco.

Contudo, lembrou aos presentes da importância da manutenção da unidade nacional como condição fundamental para um desenvolvimento célere do país nos domínios político, económico e social e cultural.

“O combate prevalece camaradas. Cada mulher moçambicana, principalmente a da OMM, não deve permitir, em momento algum, que Moçambique seja retalhado. Não. Este país é uno e indivisível”, disse, encorajando a mulher a encerrar com determinação e a se plantar cada vez mais nos desafios que se lhe colocam em todos os domínos.

Falando da III Sessão, Moreira Vasco elegiou a maturidade dos debates e entende que tal resulta do crescimento da organização, pois já existe há 42 anos.

“A maturidade dos debates verificada ao longo desta sessão determina o quão a mulher moçambicana eleva-se aos patamares granjeando cada vez mais respeito dentro da sociedade moçambicana e além-fronteiras”, frisou.

A renúncia de da Luz Guebuza
Mariada Luz Guebuza renunciou, através de uma carta, ao cargo de presidente da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), segundo anunciou sexta-feira Fátima Pelembe no final da III Sessão do Conselho Nacional.

Até ao momento a OMM não tem presidente. A nova presidente, que será a terceira a conduzir os destinos da organização, será proclamada num congresso extraordinário a ter lugar de 9 a 12 de Dezembro deste ano na cidade da Matola, província de Maputo.
“Ela (Maria da Luz Guebuza) endereçou uma carta para a organização e junto com o partido analisámos e aceitámo-la. É uma boa atitude e é um bom ensinamento que ela deu à organização”, entende Pelembe.

Na carta, que chegou à organização durante o Conselho Nacional, Maria da Luz Guebuza mostrou a sua disponibilidade em continuar a dar a sua contribuição para a elevação dos níveis de mobilização, organização e enquadramento da mulher moçambicana nas fileiras da OMM e da Frelimo, segundo disse Fátima Pelembe.

Questionada se a próxima presidente da organização será a Primeira-Dama de Moçambique, Isaura Nyusi, Fátima Pelembe respondeu: “O congresso é que vai deliberar. A presidente pode ser outra pessoa, pode não ser a primeira-dama, isso depende. A presidente para a organização não é eleita é proclamada”, sustentou.

Durante a reunião, que decorreu sob o lema: “Mulher Moçambicana Unida Contra a Pobreza”, o Conselho Nacional da OMM apreciou e aprovou o relatório de actividades do Secretariado Nacional da OMM de Agosto de 2014 a Junho de 2015 assim como do plano e orçamento para 2015.

Evelina Muchanga


Nenhum comentário: