14 julho 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz
(Moçambique)
Revitalizar as bases, envolver mais
mulheres e colocar os interesses da nação acima das diferenças de cada um
constitui parte das lições tiradas pelos membros da Organização da Mulher
Moçambicana (OMM), reunidos semana finda na cidade de Xai-Xai, província de
Gaza, em III Sessão Ordinária do Conselho Nacional da agremiação.
Falando no acto do encerramento da
reunião, que decorreu sob o lema “Mulher Moçambicana Unida Contra a Pobreza”,
Maria de Fátima Pelembe, secretária-geral da organização, fez saber que o
encontro constitui momento importante para os participantes intensificarem a
cultura de unidade, melhorando deste modo o conhecimento mútuo e reforçando os
laços que lhes permitam caminhar de forma coesa rumo ao progresso e alcance dos
objectivos da agremiação.
Durante a sessão os participantes tiveram
momentos de debate de vários assuntos da actualidade e que tocam de uma ou de
outra maneira os interesses nacional e da organização, entre os quais a
intriga, o fardo do HIV/SIDA, mulher empreendedora,
“O calor que em algum momento “invadiu” os
debates foi, sem sombra de dúvidas, um sinal inequívoco da vontade de melhorar
a nossa actuação, os nossos métodos de planificação, programação e
implementação das nossas actividades, o que significa que estamos a crescer”,
sublinhou Pelembe, exaltando a importância do diálogo, respeito, consideração e
amizade para o fortalecimento da OMM.
Para a SG da OMM, os interesses da nação
devem estar acima das diferenças de cada moçambicano e torna-se importante
olhar para a mulher (que representa mais de 50 por cento da população no país)
como quem tem responsabilidades acrescidas de garantir o futuro de Moçambique.
“A mulher por natureza é uma geradora da
riqueza dos recursos humanos com habilidades para desenvolver o país e o
continente”, frisou, sublinhando o papel da mulher como educadora da família e
da sociedade, em especial a rapariga.
“Desta forma criaremos condições para que
as nossas bibliotecas vivas possam, paulatinamente, passar o testemunho. Esta
será a garantia de que a OMM nunca morrerá”, disse a secretária-geral da OMM.
Fátima Pelembe fez saber ainda que uma das
prioridades da organização é melhorar e multiplicar as acções em prol do
empoderamento da mulher, seguindo o princípio da União Africana (UA), que
definiu este ano como sendo da década do empoderamento da mulher.
No momento os participantes reafirmaram o
compromisso de continuar a lutar contra os casamentos prematuros e contribuir
para a melhoria, cada vez mais, das condições nas escolas para a manuntenção
das meninas no sistema educativo. Assumiram ainda continuar a lutar pela
melhoria da saúde, principalmente no combate ao HIV/SIDA e ao cancro do colo do
útero e da mama e apoiar os esforços do Governo na humanização e na melhoria do
atendimento nas unidades sanitárias.
“Esse plano só será concretizado se
trabalharmos juntas e coesas, enraizadas nas nossas comunidades e melhorando a
articulação com os nossos parceiros”, salientou Fátima Pelembe convidando a todas
as mulheres a se engajarem na preservação da paz e da unidade nacional.
Durante o Conselho Nacional, que decorreu
na presença da esposa do Presidente da República, Isaura Nyusi, a OMM recebeu
uma carta de renúncia da presidente da organização, Maria da Luz Guebuza, e
decidiu marcar um congresso extrardinário a decorrer de 9 a 12 de Dezembro
deste ano na cidade da Matola, província de Maputo.
Conquistar mais mulheres
O Presidente do Partido Frelimo e
simultaneamente Chefe do Estado moçambicano, Filipe Nyusi, dirigiu a abertura
da III Sessão da Organização da Mulher Moçambicana (OMM) enaltecendo o papel da
mulher no desenvolvimento do país e orientou a organização a mobilizar com
responsabilidade as mulheres de todo o país a aderirem a causas sociais, emancipação,
promoção e defesa dos direitos das moçambicanas.
“O tamanho do sucesso da OMM depende do
tamanho do seu amparo e demonnstração do seu humanismo para com outras mulheres
de mentes e saberes divergentes, convidando-as para aderirem ou aceitarem os nossos
princípios de patriotismo”, disse.
Filipe Nyusi explicou que o diálogo e
auscultação de todas as mulheres moçambicanas, sem discriminação, é o caminho
que poderá ajudar na busca de soluções conjuntas, representativas e
sustentáveis.
Segundo Nyusi, juntos será possível
delinear o projecto que permitirá continuar a promover o desenvolvimento humano
de Moçambique, que deve privilegiar a dignidade da mulher, o seu respeito, a
sua valorização e o seu reconhecimento por toda a sociedade.
“Temos vindo a citar que a batalha para
que a pobreza em Moçambique deixe de ter o rosto feminino é de todos nós e a
OMM deve assumir essa dianteira”, disse Filipe Nyusi, acrescentando, contudo,
que “a Direcção do Partido Frelimo, a vossa direcção, não quer que a OMM se assemelhe
ao mosquito que transporta e transfere o parasita da malária para infectar o
seu militante ou ao seu povo”.
Segundo Jacinto Nyusi, a OMM não quer que
a mulher, “nossa companheira em todas as batalhas, seja usada para atiçar a
divisão no nosso seio, promover a exclusão social ou a adubar a exclusão
política. É missão da OMM promover a unidade nacional e a coesão interna dentro
do Partido Frelimo”.
Na ocasião fez saber que a igualdade de
género será uma realidade na sociedade moçambicana, onde homens e mulheres
terão igualdade de oportunidades.
“Estamos a caminhar para uma sociedade
onde não será notícia a mulher estar ou não estar a laborar num determinado
departamento... não será novidade a mulher dirigir ou não o seu sector
produtivo. Chegará um tempo em que ela não se socorrerá da sua condição de
mulher para justificar determinados fracassos, tempo em que na verdade nada nos
separará em função da diferença entre homens e mulheres”, sublinhou Filipe
Nyusi.
Revitalizar as bases
Entreos convidados do Partido Frelimo para
III Sessão do Conselho Nacional da Organização da Mulher Moçambicana estava
Carlos Moreira Vasco, secretário do Comité Central da Frelimo para as
Organizações Sociais, que destacou a importância da marcação do IV Congresso na
revitalização das bases.
“Esta sessão teve o condão de convocar o
IV Congresso da OMM. Para garantir o sucesso urge desencadear desde já no seio
da organização um trabalho de revitalização das bases que observa o princípio
de renovação na continuidade”, frisou.
Carlos Moreira Vasco explicou que o
revitalizar das bases da OMM passa pelo envolvimento de cada um dos membros no
processo pois, no seu entender, a OMM tem a obrigação histórica por ser a
pioneira e aglutinadora de todos os extractos da sociedade de reunir cada vez
mais em seu torno a mulher empreendedora, a operária, a camponesa e a
funcionária pública com vista a enriquecê-la e colocá-la à altura dos desafios,
crescimento e desenvolvimento do país.
“O sucesso do congresso dependerá em
grande medida da coesão interna do combate à intriga e observância dos
princípios orientadores do Partido Frelimo. Em vista disso lançamos um apelo
para que cerremos fileiras para tudo que é nefasto e capaz de criar divisão no
nosso seio”, apelou Carlos Moreira Vasco.
Contudo, lembrou aos presentes da
importância da manutenção da unidade nacional como condição fundamental para um
desenvolvimento célere do país nos domínios político, económico e social e
cultural.
“O combate prevalece camaradas. Cada
mulher moçambicana, principalmente a da OMM, não deve permitir, em momento
algum, que Moçambique seja retalhado. Não. Este país é uno e indivisível”,
disse, encorajando a mulher a encerrar com determinação e a se plantar cada vez
mais nos desafios que se lhe colocam em todos os domínos.
Falando da III Sessão, Moreira Vasco
elegiou a maturidade dos debates e entende que tal resulta do crescimento da
organização, pois já existe há 42 anos.
“A maturidade dos debates verificada ao
longo desta sessão determina o quão a mulher moçambicana eleva-se aos patamares
granjeando cada vez mais respeito dentro da sociedade moçambicana e
além-fronteiras”, frisou.
A renúncia de da Luz Guebuza
Mariada Luz Guebuza renunciou, através de
uma carta, ao cargo de presidente da Organização da Mulher Moçambicana (OMM),
segundo anunciou sexta-feira Fátima Pelembe no final da III Sessão do Conselho
Nacional.
Até ao momento a OMM não tem presidente. A
nova presidente, que será a terceira a conduzir os destinos da organização,
será proclamada num congresso extraordinário a ter lugar de 9 a 12 de Dezembro
deste ano na cidade da Matola, província de Maputo.
“Ela (Maria da Luz Guebuza) endereçou uma
carta para a organização e junto com o partido analisámos e aceitámo-la. É uma
boa atitude e é um bom ensinamento que ela deu à organização”, entende Pelembe.
Na carta, que chegou à organização durante
o Conselho Nacional, Maria da Luz Guebuza mostrou a sua disponibilidade em
continuar a dar a sua contribuição para a elevação dos níveis de mobilização,
organização e enquadramento da mulher moçambicana nas fileiras da OMM e da
Frelimo, segundo disse Fátima Pelembe.
Questionada se a próxima presidente da
organização será a Primeira-Dama de Moçambique, Isaura Nyusi, Fátima Pelembe
respondeu: “O congresso é que vai deliberar. A presidente pode ser outra
pessoa, pode não ser a primeira-dama, isso depende. A presidente para a
organização não é eleita é proclamada”, sustentou.
Durante a reunião, que decorreu sob o
lema: “Mulher Moçambicana Unida Contra a Pobreza”, o Conselho Nacional da OMM
apreciou e aprovou o relatório de actividades do Secretariado Nacional da OMM
de Agosto de 2014 a Junho de 2015 assim como do plano e orçamento para 2015.
Evelina Muchanga
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