Maputo, Moçambique, 1 março 2010 – A economia de Moçambique está a crescer muito acima da média regional, dado que os investidores internacionais continuaram a apostar no país, mas Moçambique tem de melhorar mais o ambiente de negócios, de acordo com o gabinete de estudos do português Banco BPI.
“O principal catalisador para o desempenho de Moçambique foi a sua capacidade de manter os investimentos no país, apesar do contexto adverso global, o que mostra a confiança dos investidores estrangeiros no futuro desenvolvimento do país”, afirma o Banco BPI no seu mais recente relatório sobre a economia moçambicana.
De acordo com as últimas projecções, a economia terá crescido 4,5 por cento em 2009, abrandando em relação a 2008 (6,8 por cento) e à média dos últimos 3 anos (7,5 por cento).
Mas o desempenho ficou muito acima da média da África subsaariana do ano passado (1,3 por cento) e o mesmo deverá acontecer este ano (previsão de 4,1 por cento).
Apesar do nível de investimento, alguns projectos ligados à exploração de recursos minerais foram travados e o sector metalúrgico foi penalizado com o encerramento de uma fábrica e a suspensão da construção de outra por parte da ArcelorMittal.
Mas, “em contraste, foi inaugurada na mesma zona uma metalúrgica que exigiu um investimento de 50 milhões de dólares, cujos investidores são sul-africanos e chineses”, com 40 por cento cada, cabendo o resto a moçambicanos.
Esta unidade, adianta, tem uma capacidade de produção anual de 200 mil toneladas e destina-se aos mercados da África do Sul, China e Turquia.
O Centro de Promoção de Investimentos (CPI) de Moçambique aprovou, em 2009, projectos avaliados em 5,8 mil milhões de dólares, que criaram 125 mil postos de trabalho nos diversos sectores, nomeadamente agroflorestal, hotelaria e turismo.
O director do CPI, Mahomed Rafique, apontou recentemente Portugal, Índia, Ilhas Maurícias e Noruega como alguns dos países que investiram na área agroflorestal, especialmente em plantações para a produção de pasta de papel.
O sector mineiro e de hidrocarbonetos deverá receber este ano investimentos de mais de 1300 milhões de dólares, segundo previsões avançadas em Fevereiro pela ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias.
Moçambique melhorou classificação na mais recente lista Doing Business, do Banco Mundial, sobretudo graças à maior facilidade de começar negócios, “sendo importante para captação de investidores a manutenção de uma trajectória ascendente”.
Contudo, a posição “ainda é baixa” (135º), “o que reflecte um elevado nível de burocracia”, defende o gabinete de estudos do Banco BPI.
Apesar da crise económica e financeira internacional de 2008 e 2009, o sistema bancário do país mostrou-se resistente.
“Os indicadores de solidez financeira mostram que o sistema financeiro apresenta-se de boa saúde, embora o Fundo Monetário Internacional tenha vindo a alertar para a necessidade de ser criado um plano de contingência para o sector, para reforçar a capacidade de as autoridades lidarem com bancos com problemas financeiros”, refere o relatório.
Para o “ritmo de crescimento forte” da economia moçambicana contribuiu a manutenção dos projectos de investimento por investidores estrangeiros, mas também “o suporte dado pela política fiscal e o dinamismo da procura interna”, adianta.
Quanto a sectores, o principal contributo foi dado pela produção agrícola, graças “aos esforços envidados pelas autoridades no desenvolvimento do sector e a condições climatéricas favoráveis”.
Além disso, refere, “o facto de a economia moçambicana ainda se encontrar numa fase inicial de o desenvolvimento e a existência de diversos mega-projectos no país também aumenta a necessidade de assistência técnica e de prestação de serviços às empresas devido à escassez de pessoal especializado, o que contribui para o elevado dinamismo da balança de serviços”.
Previsões para a economia moçambicana apontam para aceleração em 2010 (5,5 por cento) e em 2011 (6 por cento). (macauhub)
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