4 março 2010/Vermelho http://www.vermelho.org.br
Democratiza-se a linguagem entre os chefes de Estado e muito se deve ao nosso presidente Lula que merecidamente foi homenageado, por “gregos e troianos”, como o “Estadista Mundial”. Felizmente, o critério hoje adotado é o de um operário que se tornou presidente do Brasil sem mudar de personalidade para parecer “de elite”.
Muitos criticam a falta do habitual “verniz” elitista, que Lula dispensa. Mas, a grande maioria das populações fica deliciada ao compreender tudo o que o Presidente do Brasil diz, não só as palavras, mas também a lógica e o bom senso de onde emanam. Tradicionalmente os políticos adotam termos rebuscados e floreios que parecem ser de “boa educação” que deixam a informação vaga e fluida sem que o povo perceba se vai para a frente ou não. Lula revela sempre um grande respeito, verdadeiro e não formal, pelos dirigentes a quem se dirige, o que não impede a sua firmeza ao afirmar que “viajará para onde quiser sem ter que dar satisfações a não ser ao povo brasileiro, assim como qualquer presidente vai ao país que quiser”. Esta foi a resposta educada, cordial e digna, que deu a um recado que teria vindo do governo dos Estados Unidos para que “fosse evitada a inconveniência de visitar o Irã”. Tão correta foi a sua resposta que Obama se apressou em dizer que não mandara qualquer recado. Houve engano na transmissão de informações por assessores... Ainda bem, pois seria uma tremenda falta de educação se Obama pretendesse determinar os programas de viagem do presidente Lula.
Na campanha de Obama para presidente e durante vários meses depois de eleito, pareceu-nos que a sua afinidade com a linguagem democrática era semelhante a de Lula. Foi um momento de esperança, para os milhões de democratas de todo o mundo, de que até os Estados Unidos adotavam o bom senso universal tornando possível o diálogo entre todos os povos. O discurso feito pela entrega do prêmio da Paz a Obama foi um banho de água fria, um verdadeiro tsunami antidemocrático. Mas isto não altera a cordialidade de Lula que continuará a tratar educada e fraternalmente o Presidente norte-americano, apesar da sua mudança da Paz para a Guerra Justa. A diplomacia democrática continua transparente e verdadeira na afirmação da dignidade independentemente do comportamento político do visitante. As pessoas não precisam revelar no aperto de mão a sua filosofia de vida, serão ou não amigos quando houver real afinidade entre elas, contestarão ou não o que for dito. Assim é a diplomacia democrática, sem disfarces de floreios nem rosnados disfarçados com mesuras.
Por ser dotado desta limpidez de comportamento é que Lula não tem dificuldade em tratar fraternalmente o presidente Ahmadinejad, do Irã. Ele apóia se necessário, critica se considerar alguma discrepância no relacionamento, sem medo porque nada deve, com a boa educação de um povo que sobrevive dignamente às pressões de todo o tipo. É a maneira de um Estadista Mundial poder servir de mediador quando houver dificuldades de entendimento com outros dirigentes menos tranqüilos. E que este modelo se perpetue para dar maior maturidade à humanidade cansada de guerras e competições entre elites. Será sempre uma referência de grandeza para inspirar os que ainda não se sentem inteiramente à vontade no caminho democrático.
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