quinta-feira, 26 de junho de 2008

Moçambique/Xenofobia na RAS : Investigação tem de produzir resultados – ministro sul-africano da Defesa

Maputo, 26 junho 2008 (Notícias) - O governo sul-africano não descansará enquanto os resultados da investigação sobre os actos de xenofobia na RAS não determinarem quais as motivações e quem são os promotores das manifestações contra estrangeiros negros ali residentes, e que já provocaram a morte de pelo menos 62 pessoas, 18 das quais de nacionalidade moçambicana.

Falando a jornalistas momentos após ter sido recebido, ontem em Maputo, pelo Presidente Armando Guebuza, o Ministro da Defesa sul-africano, Mouisua Patrick Lekota, disse ainda que o Executivo de Thabo Mbeki está a trabalhar para devolver a paz e tranquilidade para todos aqueles que se encontram a viver no país, sejam eles nacionais ou estrangeiros.

Explicou, na ocasião, que o povo e o Governo sul-africanos nutrem grande admiração, simpatia, respeito e, sobretudo, um grande sentimento de gratidão para com os povos e países da região, com destaque para Moçambique, Botswana, Zimbabwe, Malawi, Zâmbia e outros que, num passado recente, os ajudaram na sua luta contra o “apartheid”.

“Foram estes países e povos que acolheram os sul-africanos quando lutaram contra o sistema de segregação racial, mais conhecido por “apartheid”. Não nos podemos esquecer que dirigentes da resistência sul-africana foram acolhidos nesses países e cidadãos destes países viveram e alguns morreram ao lado dos nossos compatriotas, quando os agentes do “apartheid” invadiam e bombardeavam lugares em que viviam membros do ANC”, recordou.

Sobre a história de amizade e solidariedade entre os povos da África Austral, Patrick Lekota recordou o facto de nacionalistas sul-africanos terem tido a oportunidade de estudar, trabalhar e conviver com nacionalistas de outros países, como são os casos de Eduardo Mondlane e Samora Machel, de Moçambique, Robert Mugabe e Joshua Mkomo, do Zimbabwe, Julius Nyerere, da Tanzania e Keneth Kaunda, da Zâmbia.

“Hoje, o povo sul-africano, livre do “apartheid”, tem um novo papel a cumprir. Deve saber acolher os nossos irmãos da África Austral no nosso país e retribuir o que eles fizeram por nós”, sublinhou, para depois acrescentar que a amizade e cooperação que estes povos e países nutrem entre si não poderá estar em causa devido a estes trágicos acontecimentos que, a cada dia que passa, vão sendo controlados.

Sobre uma possível indemnização às vítimas desta violência, o ministro da Defesa da África do Sul referiu que até ao momento nada ficou definido, muito embora seja uma questão que não se põe de lado.

Patrick Lekota encontra-se desde a última terça-feira no nosso país para discutir com o seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, aspectos da cooperação bilateral, com destaque para questões relacionadas com segurança nas fronteiras comuns e ao logo da costa marítima moçambicana, sobretudo na prevenção da pesca ilegal, para além de acerto de detalhes quanto aos treinos conjuntos dos vários ramos das duas Forças Armadas.

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