terça-feira, 17 de junho de 2008

CONTINENTE AFRICANO COM MAIS MULHERES INFECTADAS PELO HIV/SIDA

Comunicadode imprensa

REPRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE –OMS, EM MOÇAMBIQUE

Maputo, 17 de Junho 2008

O Continente Africano é a única Região mundial com mais mulheres infectadas pelo HIV do que os homens”, disse Sexta–feira, em Maputo, o Dr. El Hadi Benzerroug, Aos participantes à primeira Conferencia Nacional da Sociedade sobre HIV/ SIDA.

A Conferência de quatro dias, que contou com mais de 600 participantes, teve como objectivo principal fortalecer os mecanismos de intervenção da Sociedade Civil e a sua coordenação com o Governo e Parceiros para o acesso Universal aos serviços de HIV e Sida em Moçambique.

A Conferência foi aberta pela Primeira Ministra da Republica de Moçambique, Dra Luisa Diogo, que na ocasião congratulou - se pelos esforços da sociedade civil na luta contra o HIV e SIDA. Ela insurgiu-se contra a femininização desta doença, afirmando que “todos os actores sociais são chamados a assumir a sua responsabilidade e jogar um papel mais efectivo na nova abordagem que se propõe tenha no distrito um dos palcos principais de intervenção”.

O Representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Moçambique falando num painel denominado “O HIV e SIDA e Direitos Humanos: Género, Estigma e Discriminação” frisou que por cada grupo de 23 pessoas, 13 mulheres seropositivas”. Ele acrescentou que as raparigas e as mulheres estão a ser desproporcionalmente afectadas, e “elas constituem dois terços de todos os novos infectados entre os 15 e 24 anos de idade”, rematou.

O Dr. Benzerroug mostrou que a discriminação das mulheres na grande parte das sociedades, os níveis preocupantes de abuso sexual, violência e exploração, assim como a vulnerabilidade das mulheres à infecção pelo HIV/SIDA, todos concorrem para a “feminização” desta epidemia.

Ele disse esta feminização tem como origem os factores económicos, sociais e culturais. De entre os vários económicos, citou como o mais importante. Ele frisou que “ a pobreza aumenta o risco de infecção pelo HIV/SIDA e por outro a HIV/SIDA exacerba a pobreza e a fome”. Disse igualmente que na maior parte das vezes “em África os serviços educativos não chegam aos mais pobres e aos mais isolados. Contudo a investigação revela que se todas as crianças receberem uma educação primária completa, poderão evitar-se cerca de 7 milhões de novas infecções, no espaço de uma década”, enfatizou.

Segundo ele em África de entre os factores sociais mais importantes que

estão a acelerar a pandemia destacam-se “o baixo estatuto da mulher e a elevada taxa de infecção nas crianças e nos jovens entre os 15 e os 24 anos de idade. Ele acrescentou que “o estigma e a discriminação são potentes impulsionadores da propagação do HIV/SIDA”.

Em relação aos factores culturais, o Dr. Benzerroug disse existirem “certos rituais e procedimentos culturais, nomeadamente a circuncisão, a mutilação genital e feminina e outras práticas que envolvem escarificação, que contribuem para a infecção” . Citou igualmente o casamento precoce, bem como as tradições culturais que obrigam a viúva a ser automaticamente esposa do irmão do esposo falecido.

O Representante da OMS disse que para se atingir o objectivo mundial de Acesso Universal à prevenção, cuidados e tratamento até 2010 é necessário que esforços estejam orientados para os grupos alvos mais vulneráveis, tais como mulheres, jovens do sexo feminino marginalizadas, profissionais de sexo e pessoas com profissões de frequente mobilidade”.

Disse ser necessário “identificar as melhores estratégias e serem adaptadas a cada situação; ultrapassar as barreiras colocadas à prevenção do HIV/SIDA; melhorar a disponibilidade e a qualidade dos cuidados de Saúde; e aumentar os recursos disponíveis para as actividades de prevenção”.

De acordo com a actual Ronda Epidemiologia, divulgada em Dezembro de 2007, a taxa de prevalência de HIV/SIDA é de 21 % na Região Sul, 18% na Região Centro e 7 % no Norte, fazendo com que o País tenha uma média nacional de 16%.

Em Moçambique a tendência da epidemia parece entrar numa fase de estabilização, uma vez que o número de novas infecções tende a igualar – se ao número de óbitos em pessoas infectadas.

Porém, o País continua a registar grandes diferenças regionais na prevalência com o sul a registar um incremento na taxa de prevalência. FIM/

Para informações adicionais, por favor, queira contactar : Telefone : 258- 21492733 ou moreirag@mz.afro.mz.org

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