quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Moçambique/Disponíveis em Cabo Delgado: cerca de um bilião de toneladas de grafite

9 dezembro 2015, Jornal Notícias http://www.jornalnoticias.co.mz (Moçambique)

A Província de Cabo Delgado dispõe de cerca de 1 bilião de toneladas de grafite/vanádio, um mineral largamente usado na indústria para fabrico de cátodo de baterias alcalinas, aditivo na re-carburação do ferro e do aço, entre outros fins.

Trata-se de mais uma informação relevante apresentada aos investidores e outros participantes, no decurso da 1.ª conferência internacional de cadeias de valores das indústrias de gás, grafite e agrária (que decorre desde 2.ª feira na cidade de Pemba). Esta informação foi revelada durante a apresentação do painel sobre “Importância de infra-estruturas para o desenvolvimento da província de Cabo Delgado”, especificamente no capítulo relativo às potencialidades daquela região do país em matéria de recursos minerais.

Para além da ocorrência de grafite, gás, rubi, mármore, água mineral, a província possui igualmente jazigos ainda inexplorados de metais básicos
(chumbo, zinco, cobre e ouro).

Falando especificamente sobre grafite, cuja proposta de industrialização foi tema de debate ontem, os oradores chamaram atenção à necessidade de o país melhorar a qualidade de energia eléctrica, as academias e outras instituições começarem a “investir” sério na formação do capital humano e tecnologias, com vista a tornar real o sonho de processamento deste minério ao nível micro.

O minério de grafite é extraído em minas de céu aberto ou subterrâneas. Depois é submetido a sucessivas moagens e a um processo de separação mecânica das impurezas presentes na grafite conhecido como flotação (concentração mecânica) e ao processo de remoção das impurezas remanescentes na grafite previamente concentrada mecanicamente (concentração química) com vista a atingir-se teores de 99,8 % de grafite.

É exactamente este segundo processo, tido como o mais caro e exigente em termos tecnológicos, recursos humanos, entre outros, que a província de Cabo Delgado, ou seja, o país pretende capitalizar à luz do projecto de processamento micro do minério (para produção de lápis, cátodos de baterias e pilhas).
Em Cabo Delgado, a grafite ocorre nos distritos de Balama e Ancuabe. Ainda neste ano a empresa mineira australiana “Syrah Resources” anunciou a revisão em alta para 117 milhões de toneladas as quantidades de grafite existentes no projecto de exploração mineira de Balama.

É pretensão da “Syrah Resources” fazer com que Balama seja o maior produtor mundial de grafite a um preço baixo, ultrapassando a China, colocando num mercado em expansão um produto de elevada qualidade.

Alguns participantes à conferência, que falaram sobre “Proposta de indústrias para o processamento de grafite até ao nível micro”, como foi o caso de Francisco Carilho, disseram que nada é impossível.

“O importante, acima de tudo, é sabermos planificar, se sabemos que esta indústria vai exigir uma mão-de-obra qualificada, tal é o caso dos que a indústria de hidrocarbonetos vai necessitar (3 mil soldadores profissionais), temos de começar a formá-los agora, antes que seja tarde e venham os outros tomar conta de tudo” – sugeriu Carilho.

António Pinto de Abreu, vice-governador do Banco de Moçambique, chamou atenção para o facto de as empresas extractivas, que por natureza trabalham em áreas rurais onde vivem e trabalham camponeses do sector familiar e operadores comerciais do sector informal, começarem a pensar numa plataforma de transformação destes dois sectores em produtores comerciais e comerciantes formais, respectivamente.


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